Vida de desempregada #16
(Imagem retirada daqui)
Tempo de desemprego: 210 dias.
Número de anúncios na área: 27 (talvez menos?).
Número de anúncios respondidos fora da área: perdi-lhes a conta.
Número de entrevistas: 1+4 (1 fora da área e 4 na área).
Número de currículos entregues em mão e via online: recuso-me a contar, a última vez eram 302.
Respostas: 32.
Há quase 7 meses desempregada começo a sentir-me mais serena com a situação. Mais calma. Mais conformada. Existe a frustração de não obter respostas, existe a tristeza de ver a conta descer sem lhe ver um único aumento e ainda o controlo constante de comprar seja o que for. Mas sinto-me mais serena. Continuo a achar-me uma incompreendida pelas pessoas que estão ao meu lado pelo simples facto de as suas experiências de desemprego terem tido sempre alguma entrada de dinheiro (pelo subsídio de desemprego) e eu não, o que faz aumentar a minha necessidade de encontrar um emprego e não um trabalho de escrava. Contudo, se calhar, ando mais serena porque tenho andado mais ocupada, entre sobrinhos e Leis, limpezas e porta-chaves para montar. Sim, esta é a novidade recente, tenho conseguido ajudar a minha mãe com o trabalho da fábrica (para a qual já trabalhei aos meus 17 anos) e sentadinha do meu sofá montado porta-chaves. Tenho andado mais distraída e por isso não tenha pensado tanto no assunto.
Cada vez que surge um anúncio na área penso logo nas condições ridículas que lhe devem dizer respeito, no entanto, respondo e se necessário lá vou eu a mais uma entrevista para dizer 'não, obrigada!'. Quando surgem fora da área, por muito adaptado que o meu currículo esteja, lá vem outro pensamento do género 'não tenho experiência, mandam-me para canto'. Contudo, a presença de um plano B na minha mente tem-me deixado um tanto ou quanto serena (nunca totalmente, mas acho que é normal) e a necessidade de tentar safar-me dignamente no euromilhões dos concursos públicos tem-me ocupado o tempo restante. O sol? Esse? Cada vez que aparece ajuda-me a recuperar as energias e o sorriso e talvez por isso este último mês de desempregada não me esteja a custar tanto.
É claro que a tempestade ainda anda cá dentro, todos os sentimentos negativos que advêm de um desemprego prolongado não desaparecem só porque estamos ocupados, mas têm sido atenuados e camuflados por tantas outras coisas.Tenho tentado afastar os pensamentos negativos, tenho tentado pensar que isto não pode ser eterno e se não tenho cunhas tenho de lutar como todos os outros. Posso não conseguir a vaga de sonho na função pública, mas se conseguir no balcão de qualquer loja já me dou por satisfeita. Pelo menos durante uns tempos.
Apesar do desemprego, volto a sentir-me eu, um bem haja à Primavera (que apesar de bipolar me tem ajudado)!