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justsmile

25
Out23

Perder-me na rotina do dia-a-dia

(Imagem retirada daqui      

            Os dias são corridos. Dou por mim, vezes a mais, a comentar que o tempo voa. As noites passam demasiado rápido a dias, os dias a semanas e as semanas em meses. Quando dou conta já se passaram anos. E a vida não pára, não só a minha, mas a de todos à minha volta. E por vezes esqueço-me disso, que não é só o tempo que passa demasiado rápido para mim, mas para todos os que fazem parte da minha vida (e até para os que não fazem)

       É fácil perdermo-nos na rotina do dia-a-dia e não darmos pelo tempo passar, os dias são corridos, os fins-de-semana são para relaxar um bocadinho, mas os dias contêm em toda a sua essência uma rotina que parece não ser quebrada. Gosto dessa rotina, gosto de ter as coisas planeadas e organizadas, principalmente depois de ter sido mãe, mas a verdade é que desta forma sinto sempre que o tempo me escapa. Sei o que vem a seguir, o que vem amanhã e depois, e parece que isso leva consigo o tempo e só reparo em pequenos fragmentos do tempo de longe a longe. 

        Numa dessas manhãs rotineiras, enquanto dava o pequeno-almoço ao pequeno, sentada no sofá da sala, com o sol ainda a nascer por entre as montanhas, dei por mim a compreender o quão saborosos são estes momentos. Estas pequenas rotinas. Consegui, seriamente, estar presente naquele momento, sem sentir que os minutos me escapavam das mãos. Ali, na nossa sala, com ele no meu colo, apercebi-me da sorte que tenho, daquilo que conquistei nos últimos anos. Entretanto o feitiço foi quebrado por uma qualquer epifania de que estava na hora de o enviar para a creche, mas aquele momento ficou na minha memória. Ainda ontem tive uma outra sensação gigante de gratidão, de conquista, de sonho realizado. Esperávamos em casa pela chegada do pai, por entre a chuva e o vento que observávamos lá fora, ele brincava com os carrinhos e eu acabava de preparar o jantar, como banda sonora tínhamos o Miguel Araújo a cantar "Dança de um dia normal". Aquele momento, aquela fotografia mental que gravei na minha memória, a letra daquela música fizeram-me todo o sentido. O coração encheu-se de amor e, mais uma vez, compreendi a sorte que tenho, por ter construido a minha casa, a minha família e por todas estas conquistas terem sido alcançadas.

           Por vezes, talvez até demasiadas, tenho a sensação de que não páro para refletir na sorte que tenho, na gratidão que devo trazer sempre no peito. Tenho, demasiadas vezes, a sensação de que vivemos numa espécie de "piloto automático", em que os dias correm e somos levados pela corrente, esquecendo-nos de que a vida não é só feita de rotinas, mas de momentos que podemos saborear e guardar na memória, mesmo que sejam pequenos momentos como estes. A rotina é necessária na minha vida, agradeço-a, mas é também na rotina que me perco facilmente nos dias, por isso é nela que tenho de encontrar a minha "gratidão", os meus momentos de reflexão e de "raios, a sorte que tenho!".

11
Out23

10 meses de Lar

       IMG_20231011_155146.jpg

(Imagem de Just Smile)

        Quem me acompanha há muito tempo sabe que construimos a nossa casa. Quem por cá passa há muito tempo sabe que a saga de construir casa (teve direito a uma própria hashtag #construircasa) remonta ao ano de 2019 e foi uma verdadeira saga construir de raiz a nossa casa. A verdade é que a vida continuou ao longo do caminho desta saga, mudei de emprego mais que uma vez, ingressei no mestrado, engravidei, tive um filho e só depois disso tudo é que a casa ficou terminada. Hoje festejam-se 10 meses desde que nos mudamos para a nossa casa. 

      A mudança ocorreu toda num dia. Com um bebé de 3 meses, e com a família e os amigos (que tanto nos valeram nessa altura), conseguimos num único dia empacotar a nossa vida, desmontar os nossos móveis e mudarmo-nos para a nossa casa. Tudo num dia ficou montado, arrumado é que levou uns quantos meses, mas agora as coisas estão finalmente orientadas (apesar de às vezes ainda me questionar sobre coisas que desapareceram durante as mudanças). A mudança foi boa, era também necessária e como sempre tínhamos idealizado conseguirmos passar o nosso primeiro Natal, enquanto família de três, na nossa casa a coisa tinha mesmo de acontecer. Mas admito, foram tempos difíceis. Subestimei o facto de ter um bebé de 3 meses e o facto das mudanças serem simplesmente para a rua de cima. Subestimei a necessidade de compras que as mudanças me iriam obrigar, desde as coisas mais básicas às mais urgentes, como saboneteiras, toalheiros, espelhos e outros tantos afins que na altura das mudanças nunca me tinham ocorrido. Subestimei o facto de estar de licença de maternidade, considerando que isso me iria dar um avanço e permitir arrumar todas as caixas das mudanças. Fui ingénua, achando que as coisas iriam ser mais fáceis. Mas não foram, na altura o Xavier tinha cólicas, o pequeno estranhou imenso a casa acabando por nos dar dias e noites difíceis, as coisas encaixotadas e por arrumar criaram um stress enorme porque nunca sabia onde estavam coisas de que precisava e a tudo isto começou-se a juntar a aproximação do meu regresso ao trabalho. Assim que regressei, Ele partiu um pé. Ou seja, tudo o que ainda faltava fazer na casa, tudo o que ainda faltava arrumar, juntamente com uma mudança drástica de rotina, criou um verdadeiro caos em mim. Foram efectivamente tempos difíceis e talvez por isso tenha demorado a sentir este espaço como a minha verdadeira casa.

       Hoje sei que fizemos a coisa certa, 10 meses depois sinto que esta casa foi pensada por nós, para nós e para dar resposta às nossas necessidades. Ainda há dias comentava que quanto mais cá vivo, mais certezas tenho de que todas as decisões que tomamos foram as acertadas (vá, quase todas!), cometemos os nossos próprios erros, mas é sem dúvida a nossa casa. Aos poucos vai-se recompondo, o Xavier já tem o seu quarto mobilado, a nossa sala já tem móvel e televisão nova (não tivesse a outra tido um AVC) e o hall de entrada também já está ao nosso gosto. Faltam ainda imensos pormenores, mas agora é no exterior que queremos focar a nossa atenção. Mas hoje sei que a nossa casa é realmente a nossa cara e é sem dúvida o nosso lar. Se teria feito as coisas de outra forma? Não, apenas gostava que o processo tivesse sido menos longo e prolongado no tempo, mas hoje olho e sei que esta é a minha casa e em nada voltaria atrás nessa decisão. É a casa onde quero ver o meu filho crescer e onde quero envelhecer. 10 meses depois tenho um dos meus sonhos de vida realizado.

06
Out23

Será um regresso?

        Nos últimos tempos tenho dado por mim a pensar neste espaço, nas saudades que tenho em escrever, nas saudades que tenho de conseguir exteriorizar os meus pensamentos, as minhas emoções. Na sequência para o regresso entra na equação o tempo, a mente, o espaço e até a capacidade para voltar a conseguir escrever.

        O tempo continua escasso, com um mestrado em mãos, um bebé em casa e um trabalho a tempo inteiro (entre escola e clínica) esse teimoso continua a tentar escapar, entra numa espiral que não pára e parece que nunca consigo arranjar o tempo para conseguir escrever seja o que for (para além de relatórios, emails e coisas da tese). Montes de tarefas acabam por se sobrepor e os momentos livres tento desligar o cérebro e deixar o corpo vegetar um bocadinho.

       A mente tem também divagado mais facilmente, ser mãe diminuiu a minha capacidade de atenção e concentração (apesar de estar melhor desde que comecei a trabalhar), mas pareço ter uma constante lista de coisas a fazer a pairar sobre os meus ombros, impedindo-me de avançar de forma efectiva. A mente está também cansada e pede imensas vezes o "turn off", acabando por deixar coisas que gosto de fazer para trás, como ler, escrever e ver filmes.

      O espaço é também uma velha questão, quando me lembro de escrever ou até parece que tenho algo para dizer, estou sentada no sofá e não quero ir buscar o computador. Sou da velha guarda e não consigo escrever longos textos no telemóvel, será uma questão de espaço ou de vontade? Agora fiquei na dúvida, se calhar a mente aqui também é metida ao barulho e acaba por ter um maior peso na decisão do que propriamente o espaço.

       E por último, a capacidade de voltar a escrever. Sinto que as palavras me fugiram, que os temas que me pairam pela cabeça não têm interesse, que a maioria são coisas corriqueiras do dia-a-dia ou desta minha nova vida de ser mãe. Sinto que a minha capacidade para escrever, para ser eloquente tem desaparecido gradualmente e que faço um esforço enorme para me conseguir exprimir da forma correta ou adequada. Não sei se foi o cérebro que "encolheu", se foi o cansaço ou o facto de ainda não conseguir fazer tudo aquilo que quero incluir na minha rotina.

        Isto tudo para dizer que tenho tido vontade de regressar a este espaço, de voltar a escrever mais do que o mero banal para a vida profissional. Não sei se hoje será o primeiro passo para o meu regresso ou não, mas aqui fica o meu registo de como desejo cá voltar.

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