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justsmile

03
Fev21

Sofia Tolstoi - Uma Biografia (13/12 de 2020)

(Imagem retirada daqui)

         Só agora me apercebi de que nunca cheguei a partilhar com vocês a minha última leitura de 2020 e a minha primeira leitura de uma Biografia. Há alguns anos que li alguns dos livros de Tolstoi e fiquei fascinada com o cérebro daquele homem, da sua vitalidade para a escrita e a forma subtil como fazia as suas criticas a uma sociedade ociosa e fascinada pelo convívio, festas e outras tantas coisas supérfluas. Fiquei fascinado com o romance de Anna Karenina e com a critica social de Guerra e Paz, o primeiro foi sem dúvida um dos melhores livros que li até hoje, pela sua história, pela sua complexidade e ao mesmo tempo pela sua crítica. Mas o livro que li foi sobre a esposa deste génio do século XIX, o que mudou a minha perspectiva sobre o génio e o seu feitio,

        Antes de ler este livro sabia que Sofia tinha tido um papel muito importante na vida de um dos maiores escritores do mundo, o que não sabia é que ele tinha um feitio terrível de se aguentar. Já tinha visto, há muitos anos, o filme a 'Última Estação' em que retrata os últimos anos de vida de Leo Tolstoi, mas o livro permitiu-me conhecer a visão de Sofia sobre toda a vida de Tolstoi, aliás, o livro fez-me compreender que Sofia foi a razão de Tolstoi ser quem era.

        Ler este livro permitiu-me compreender que Sofia apaixonou-se pelo génio escritor e não pelo homem depressivo que tantas vezes sobressaía. Sofia, casando-se tão nova e com uma diferença de idades tão grande entre eles, viveu toda a vida a proteger o génio do autor, assumindo as responsabilidades de tudo e mais alguma coisa, da casa, dos filhos e até, mais tarde, da edição dos livros do autor. Sofia transformou-se na maior protecção do mundo de Tolstoi, a sua vida vivia em volta de todas as necessidades do autor e foi quando ela própria começou ao demonstrar necessidades, aquando a perda de alguns filhos, que o seu casamento começou a ruir. Apesar disso Sofia, sem eu conseguir perceber como, talvez por um amor puro ou uma dependência total do génio de Tolstoi, está sempre ao lado dele, mesmo quando os seus valores começam a mudar totalmente. Admito que com este livro a minha perspectiva sobre Tolstoi mudou totalmente, e valorizei muito mais a mulher que corrigia todos os seus livros, que fazia tudo para que eles existissem, do que o próprio autor. Vi em Tolstoi um egocentrismo medonho, uma facilidade em culpabilizar Sofia pelo seu mau humor como nunca antes, uma relação tóxica que só piorou quando a hipocrisia de Tolstoi se demonstrou. Não acho que ele o tenha feito propositadamente, acho que foi influenciado pela idealização de um mundo impossível, que nem ele conseguia colocar em prática, mas foi isso que foi destruindo o seu amor aos poucos. 

          As últimas horas de Tolstoi chocaram-me, pois preferiu ser acolhido por desconhecidos que o idolatravam do que pela família, pela esposa que tanto fez por ele e que tão pouco foi reconhecida. Ao ler este livro tive pena de Sofia, não consegui compreender esse amor tóxico que a fez viver pela idealização de um dos maiores escritores da época. Não consegui compreender como aguentou e como até ao fim disse que amava Tolstoi, mesmo com todo o mal que ele lhe provocou. Não consegui compreender, mas aprendi que nem sempre as coisas são como as apresentam e a Sofia que li é totalmente diferente da que vemos nos filmes e nos documentários, aqui é uma super-mulher!

         Para primeira Biografia custou-me a encontrar um bom ritmo de leitura, mas depois foi só virar páginas e páginas e ficar surpresa com a vida desta grande mulher!

11
Ago16

Vamos desmitificar Tolstoi?

(Imagem retirada daqui)

 

Há vários anos que desejava ler os livros de Tolstoi, mais para matar a curiosidade das várias referências aos livros do autor em filme e reportagens do que outra coisa qualquer. A curiosidade aguçou-se mais um bocadinho quando vi o filme ‘A última estação’, uma espécie de biografia do autor. A gota de água foi definitivamente o filme que saiu em 2012 de Anna Karénina, o qual me fez apaixonar imediatamente pela história. Assim que tive oportunidade numa promoção comprei o livro.

A palavra ‘Tolstoi’ por si só impõe respeito, pensa-se logo em palavreado complicado, cheio de analogias e conversas filosóficas. Pelo menos era o que tal me surgia. O grande escritor Russo, reconhecido a nível mundial como um dos melhores autores de sempre com o livro ‘Guerra e Paz’, sempre me impôs um certo receio. Arrepiava-me só de pensar que um dia que pegasse no livro não o conseguisse ler e me fosse sentir a maior das ignorantes. Adiei a sua leitura, até que cai na tentação.

De modo a atenuar os receios decidi não começar pela sua maior obra, mas sim por um romance, a paixão por Anna Karénina já estava presente por isso era a leitura ideal. Li, devorei e adorei o livro. Tudo o que imaginava de complicação a ler Tolstoi desapareceu assim que me perdi nas páginas daquele romance, negro, doentio e apaixonante. A critica à sociedade, os circunlóquios filosóficos sobre um mundo ideal, estiveram sempre presentes, mas nada disso complicou a minha leitura do livro. Aliás, o maior problema foi mesmo entrar no ritmo de leitura do livro devido a tantos nomes e locais semelhantes, tirando isso o vocabulário não é demasiado complexo e é bem mais simples que o de Saramago.

Depois de perdido o receio em 2015 decidi aventurar-me na leitura de Guerra e Paz I e II. Admito que foi ligeiramente mais complicado entrar no seu ritmo, não sei se pelos nomes, ou se pelo maior número de personagens e situações familiares, mas tirando isso depois de entrar no contexto foi difícil de o largar. As críticas dos finais do século XIX eram adequadas para a época, mas nunca deixaram de ser actuais. Os seus ideais de evolução ainda estão presentes no nosso dia-a-dia, apesar de não serem os utilizados e os idealizados para uma sociedade corrupta. É claro que as críticas mantiveram-se nas suas palavras, mas surgiram também soluções que nunca foram colocadas em prática e que poderiam ter melhorado tanto a nossa qualidade de vida.

Hoje, ao saberem que li Tolstoi perguntam-me se realmente é tão difícil quanto o dizem ser e nego. Nego plenamente a afirmação, não é difícil é simplesmente necessário ter-se gosto, nada mais. Conheço muitas pessoas que não o leram pelos mesmos receios que eu tinha (comprar livros caros e ainda por cima não vir a conseguir lê-los é dose!), mas aqui estou eu a desmitificar Tolstoi e a sua complexidade de leitura. Tolstoi é de ideias complexas, avançadas para a época em que estava e de uma mente tão genial como não me lembro de ler, mas não é difícil de ler. É acessível a quem estiver disponível a entrar no seu mundo de romance, nobreza, guerra e idealismos.

Quem ficou agora curioso em ler Tolstoi?

 

04
Mar16

Guerra e Paz II (5/25)

(Imagem retirada da Internet)

 

Depois de ter lido o volume I de Guerra e Paz fui obrigada a esperar pelo II volume, perdi-me um bocado a ganhar novamente o ritmo da leitura de Tolstoi e voltei a demorar a avançar no livro. Talvez porque as partes sobre a Guerra eram demasiado intensas, descritivas e demasiado palavreado técnico sobre estratégias de que nada percebo. Talvez porque a dramatização da Natacha me tenha irritado, ou a parvoíce de Pierre se meter num campo de batalha que não lhe dizia respeito. Ou até porque o ego de Napoleão era realmente uma coisa demasiado grandiosa. Não sei, mas a verdade é que demorei a agarrar-me no livro, mas depois de agarrar foi sempre a devorar. O mais giro? Enquanto lia acompanhava na RTP1 a série Guerra e Paz da BBC.

Este é um livro muito mais intenso, se o compararmos com Anna Karénina que é do mesmo autor. Há romance, há enredo, mas há também uma maior necessidade de critica ao czar, ao imperador e a todos os 'manda-chuvas' de uma guerra orgulhosa que ninguém consegue compreender. Uma guerra que parece apenas uma discussão entre dois miúdos mimados que se acham no poder de invadir o terreno um do outro, apenas porque houve um disse que disse mal interpretado. Paz e confiança não existem até ao final do livro, em que tudo é desconfiança, em que tudo é ganância e apenas a imagem de se ser importante é que chama a atenção.

Um livro em que vemos grandes famílias começarem vitoriosas, como os Rostov, mas que ao longo do livro se vão degradando e acabam na miséria. Um livro em que, por incrível que pareça, a personagem menos bonita é amada por um grande guerreiro e bonito e que terminam unidos. Um livro em que a personagem que comecei por odiar, depois amar, morre de forma parva, quase como um suicídio em plena batalha. Um livro em que mulheres se deixaram levar por uma desgraça criada por si próprias. Um livro em que as mulheres não deixam de ser a fragilidade dos tempos, mas que no fim se vêem a agarrar a vida e a lutar por ela. Um livro cheio de momentos, criticas e mil e um enredos, bem do jeito de Tolstoi.

Se gostei do livro? Não posso dizer que não, mas gostei mais de Anna Karénina. Compreendo que são livros totalmente diferentes, com visões da sociedade diferente, mas que no fundo se acabam por complementar e criar uma imagem completa de uma sociedade baseada na futilidade e na posição social. As críticas são fortes, fortíssimas e é tão fácil ainda as vermos nos dias de hoje. Por isso gosto tanto de Tolstoi, um visionário nos seus tempos, mas também um futurista dos tempos em que vivemos. No fundo nada mudou na nossa sociedade, muito pelo contrário, continuamos futéis e preocupados pela posição social. A diferença? Há mais gente a lutar contra a maré.

Um livro para quem gosta de sociologia, de livros complexos e que nos fazem pensar. Um livro que que vale a pena ler para se saber falar da sociedade.

 

"Espalhou-se imediatamente por Petersburgo o rumor, não de que Helena pretendia divorciar-se do marido (semelhante rumor teria levantado demasiada gente contra a intenção tão ilegal), mas muito simplesmente de que a infeliz, a interessante Helena perguntava a si mesma, perplexa, com qual dos dois devia casar-se. A questão não residia em saber em que medida isso era possível, mas somente em determinar qual dos dois partidos era mais interessante e como encararia a corte o assunto."

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