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justsmile

30
Jan23

O regresso ao trabalho depois de ser mãe

         

(Imagem retirada daqui)

      Depois de ter sido mãe pensar em voltar ao trabalho parecia-me algo irreal, algo que não seria capaz de fazer. Durante quatro meses não quis pensar em regressar ao trabalho, era impensável deixar o meu filho ao cuidado de outra pessoa e acabava por sofrer por antecipação com esses pensamentos. Defendia, e ainda defendo, que a mãe deveria estar o primeiro ano com a criança ou pelo menos seis meses, até porque se a Organização Mundial de Saúde defende a amamentação exclusiva até aos seis meses de idade, porque raio temos de ir trabalhar mais cedo? Durante mais de metade da minha licença achava impossível deixar o meu filho, de forma confortável com outra pessoa, mesmo que fosse o pai (em quem confio a 100% para cuidar dele). Contudo, entre o quarto e o quinto mês algo mudou. O stress provocado pelas mudanças para a nova casa, a ansiedade em deixar a casa organizada, a chuva que não me permitia sair com o pequeno e o facto de não conseguir extrair leite para preparar o meu regresso começou a deitar-me a baixo. Não conseguia relaxar e comecei a sentir-me presa, como até ao momento não tinha sentido. Sentia o peso do mundo nos meus ombros, sentia-me abafada e de cada vez que saía a ansiedade dominava-me. Bati no fundo, senti-me desesperar e nunca, nunca foi por causa do meu filho, foi toda a envolvente e o facto de me sentir dependente de alguém para fazer as minhas coisas (desde o mais básico banho a conseguir arrumar a casa). Sei que não é bonito de se dizer, mas senti-me sufocar. De repente, voltar ao trabalho era o meu maior desejo, precisava de ser algo mais do que mãe, precisava de sair de casa (onde tem sempre coisas para arrumar) e precisava de ter um momento meu, nem que fosse nas viagens de carro para o trabalho. 

          Admito que soou estranho a muita gente o facto de um momento para o outro o meu maior desejo ser regressar ao trabalho, muitos me olharam de lado como se isso fizesse de mim má mãe, e acreditem que até eu própria o cheguei a questionar. Já não bastava não ter conseguido amamentar em exclusivo o meu filho até aos seis meses, como sempre tinha desejado, ainda tinha vontade de o deixar? Mas hoje, na minha terceira semana de trabalho, compreendo que foi o melhor que me aconteceu, pois consigo ser uma melhor mãe para o meu filho. Estranho? Talvez nem tanto, sinto que ao sair de casa, ao ter um outro objectivo que não manter a casa arrumada e cuidar do meu filho, recuperei parte da minha paciência, da minha atenção e da minha leveza. Claro que quero sempre regressar o mais rápido possível a casa, claro que quero receber mensagens do meu marido a dizer que o pequenino está bem, mas a verdade é que este meu regresso era mais do que necessário para a minha saúde mental. 

         Ser mãe é realmente das melhores coisas que me aconteceram na vida, aliás, efectivamente a melhor, mas também das mais desgastante e as condicionantes externas não me ajudaram em nada nos últimos meses. O meu regresso era a minha maior necessidade e sei que o meu filho está bem com o pai, que partilhou a licença comigo. Se o pequeno sentiu a minha ausência? Sem dúvida, durante este tempo todo fui a principal cuidadora e custou-me imenso saber que não pegava no biberão, que não fazia a sesta de manhã porque sentia a minha falta, mas a verdade é que acabou por se habituar e compreender que a mãe regressa sempre. E regressa com um enorme sorriso, com muitos beijinhos para dar e com a capacidade de o colocar acima de todas as tarefas domésticas, que as atrasa até à hora de ele dormir apenas para lhe poder dar toda a atenção que merece.

        Ainda me sinto um ser muito estranho quando me questionam: "Deve-te estar a custar muito o regresso ao trabalho.", mas a verdade é que não. Talvez me vá custar quando não for deixar só com o pai, talvez mais tarde me vá custar mais quando o deixar na creche ou quando ele perceber que estou ausente e chorar, mas agora? Agora agradeço o meu regresso, precisava mesmo disto, de ser Terapeuta da Fala.

07
Jul21

I'm alive!

(Imagem retirada daqui)

       Estou viva e mais do que viva. Estou com o tempo contado, estou com os dias totalmente preenchidos de trabalho e de tarefas para concretizar. Tenho em mim o desejo, talvez ilusório, de umas férias de sol e descanso. Tenho uma casa que começa a crescer e planos traçados que aguardam respostas. Tenho relatórios, planos de sessão para fazer e reuniões para assistir. E tenho de regressar à regularidade da prática de yoga o mais depressa possível. Assim, tem andado a minha vida, com horários de loucos, com mais de 50 horas de trabalho efectivo por semana, para não falar de todo o extra que tem de ser feito em casa e nem estou a incluir as tarefas domésticas que essas têm sempre a sua obrigatoriedade. Já não me recordava de ter um horário tão preenchido, mas ao contrário do que imaginava, estou a aguentar-me bem e até a sentir-me concretizada, talvez como nunca me tinha sentido antes.

       A nível profissional estou a trabalhar que nem louca, acumulei mais dois trabalhos extra que ocupam o final das minhas tardes, o que faz com que não tenha propriamente vida pessoal, mas sinto-me tão feliz com o meu trabalho neste momento que acabo por nem dar pelo tempo passar. Aliás, o tempo tem corrido! Sinto-me concretizada nas escolas, como já aqui falei, são o meu verdadeiro aquário, e nas clínicas tenho conseguido encontrar casos que me desafiam, que são fora da minha área de conforto e que exigem que volte a estudar, a pesquisar e a trabalhar ainda mais a minha criatividade. Tenho sentido que o meu trabalho é reconhecido em todas as vertentes e isso preenche-me o coração. Tenho tido verdadeiros desafios, tenho lidado com pessoas fantásticas e isso faz com que ande com um sorriso no rosto, ande por onde andar. Sinto-me verdadeiramente concretizada com esta minha independência no trabalho, com esta minha dinâmica e com esta minha vontade de ser mais e melhor. Espero e rezo para que no próximo ano lectivo continue a poder trabalhar em escolas, torço para que consiga voltar a ingressar no contexto escolar para continuar a aprender com tantas crianças. Neste momento esse é o meu maior desejo, daqui a dois meses voltar a dizer que continuo onde estou, onde me querem e que tenha oportunidade de mostrar ainda mais do que posso fazer.

        A casa também tem dado ar da sua graça, de uma forma mais lentificada que a inicial, mas começa a ter paredes, a ganhar forma e a dar-nos uma verdadeira perspectiva do que ainda vem aí. O aumento do preço dos materiais tem-nos assustado, tem-nos obrigado a correr atrás do prejuízo e a trabalhar ainda mais para conseguirmos assumir todas as despesas sem termos de pedir mais dinheiro ao banco e, neste momento, essa é a parte mais assustadora. Os aumentos têm sido semanais e os nossos ordenados não foram aumentados, e temos andado com o coração nas mãos por causa disso. Na semana passada atribuímos a caixilharia a uma empresa e agora andamos a correr para entregar a carpintaria, se era preciso ser já? Não, acreditamos que nem este ano consigam entrar em obra, mas os preços têm subido de forma tão drástica que andamos a tentar garantir os preços mais baixos. Ridículo, eu sei, mas quem está a construir ou a fazer obras percebe este nosso drama. A parte boa? Começo a ver a minha casa crescer e em mim começa a crescer a ansiedade de ter o nosso espaço (principalmente de arrumação!)

         Com isto tudo o blog esteve parado mais de um mês, algo que não me lembro de ter acontecido anteriormente. Não tenho tido tempo nem paciência para ler, ainda não consegui encaixar a yoga nesta rotina louca e as séries de 40 minutos são capazes de ser divididas em três partes, mas sabem? Sinto-me feliz, não é tudo cor-de-rosa, o cansaço sente-se na mesma, mas vejo a minha vida a correr como sempre desejei. Tenho os meus contratempos, uma multa acabadinha de chegar, um rádio que ardeu em plena estrada e que me deixou com o coração nas mãos e dias em que os miúdos parecem não dar nada. A minha vida está longe de ser perfeita, mas sinto-me cheia de gratidão pelo que faço, pelo que tenho na minha vida e pelo que tenho tentando conquistar. É nestes momentos que sei quem são os meus amigos, que sei quem quer festejar o meu sucesso comigo e quem tem sempre uma palavra amiga a perguntar como estou. Se tenho tempo para fazer tudo o que quero? Não, nem de longe nem de perto, mas aos poucos vou conseguindo encaixar nestes dias de loucos um bocadinho da minha tranquilidade.

          Que venha tudo o que é bom e que em breve volte a passar neste cantinho tão meu!

10
Mai21

Mudanças trazem sempre consigo receios

(Imagem retirada daqui)

        As mudanças são algo necessário e constante nas nossas vidas. Às vezes são coisas mínimas que acabam por nos passar ao lado, outras vezes são gigantes. São pequenas ou grandes coisas, são desejos ou obrigatórias, podem ter uma fundamentação positiva ou negativa, mas serão sempre mudanças e por muito que as desejemos trazem sempre algo consigo: o receio.

        Recentemente recebi uma proposta para me envolver em mais um projecto, uma proposta praticamente irrecusável, daquelas que sabemos que vai dar mais trabalho, mas que é bastante aliciante. Poderá auxiliar-me no crescimento profissional, a aprender novas áreas da Terapia da Fala e até a conhecer novas metodologias de trabalho. Imediatamente disse que sim, com autorização da minha entidade patronal, aceitei o desafio que me colocaram e irei iniciá-lo em breve, no entanto estas mudanças implicam sempre receios que normalmente estão escondidos no meu subconsciente. Quando encontro um novo emprego ou um novo projecto acabo sempre por questionar as minhas capacidades e levantar bastantes 'ses' no que toca às minhas competências. Estas mudanças na vida, estes novos acréscimos profissionais e até pessoais fazem-se sempre ponderar se serei capaz de dar resposta aos novos desafios, se estarei verdadeiramente à altura do desafio. Acabo, no meu inconsciente, por criar um momento de receio de falhar. De falhar comigo pessoalmente, de falhar nas minhas competências, de não conseguir dar resposta ao que esperam de mim ou simplesmente de não estar ao nível do ambiente novo que enfrento.

       No meu íntimo, sei que sou uma boa profissional que tento dar resposta a todas as necessidades, minhas, da família, do utente e da entidade patronal, mas... Mas fica sempre este 'mas', fica sempre esta questão nos momentos de mudança. Serei capaz? Conseguirei aguentar mais um desafio? Terei capacidade de trabalhar tantas horas? Será que vou conseguir dar resposta? Será que o meu currículo corresponde realmente às expectativas? Inevitavelmente, no meu cérebro, surgem mil e quinhentas questões que fazem duvidar de mim própria e não gosto dessa sensação. Não gosto desta insegurança, não gosto desta falta de confiança em mim mesma, mas a verdade é que surge sempre que me apresento a um novo desafio. Apesar disso, aqui vou eu para mais um desafio, para fora da minha zona de conforto e para mais uma oportunidade de crescer!

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