(Imagem retirada daqui)
Eu e Ele sempre tivemos a noção, desde a primeira fotografia, que nem um nem outro tinham jeito para a coisa. Quando tentamos tirar uma selfie ou até uma fotografia normal, Ele acha sempre que ficou mal e eu chego ao ponto de dizer que está excelente apenas para não ter de tirar outra. Ora, uma pessoa perfeccionista e a outra sem paciência, juntas dá uma junção de pouquíssimas fotografias juntos. Aliás, no geral, aproveitamos tão bem o tempo que estamos juntos, seja em viagens ou até numa simples saída a dois, que nunca nos lembramos de tirar fotografias. É algo rotineiro dizer 'raios, queria fazer um post no blog para falar sobre este restaurante, mas agora já comemos tudo', ou (ainda pior), 'oh, devíamos ter tirado uma fotografia naquele sítio que era tão giro'. Além de não nos considerarmos as pessoas mais fotogénicas à face da terra, ainda temos a falta do gene de tirar fotografias.
Assim, procurar fotógrafo foi um dos processos mais complicados na preparação do casamento até agora. Tínhamos receio das poses, de não ficarmos bem, de não termos paciência para a coisa e até do jeito da própria equipa que nos acompanharia no próprio dia. Até que ao fim de muita discussão entre um e outro, de muita argumentação, de muitos orçamentos e depois de termos visto imeeeeensos casamentos decidimos por um que nos enchia as medidas (lembram-se disto?). Queríamos algo divertido, tipo fotoreportagem e sem as habituais poses e, principalmente, bonito e de bom gosto que não nos levasse a carteira e a conta bancária (ainda assim nunca pensei dar tanto por um fotógrafo, agora imaginem que foi dos mais baratos que gostamos...). Quando finalmente tomámos a decisão fomos então tratar do pack e optamos por um que incluía a sessão de solteiros, algo que até ao momento de ficar noiva não sabia que existia. Na altura achei estranho, porque raio haveria eu de querer fazer uma sessão de solteiros se não gosto sequer de tirar fotografias? E é aqui que se iniciou a nossa argumentação, a sessão de solteiros serviria para:
- Conhecer melhor os fotógrafos e sentirmo-nos mais à vontade com eles para o dia do casamento;
- Para nos habituarmos a ter alguém a tirar-nos fotografias;
- Para compreendermos o que realmente é tirar fotografias.
Lá nos consciencializamos de que o ideal seria mesmo fazer uma sessão fotográfica de solteiros, apenas para nos adaptarmos a essa coisa chamada 'fotografia'. No entanto, não sendo a Just e Ele pessoas propriamente normais, decidimos que mais que uma sessão de solteiros, queríamos também fazer algo com alguns amigos e família, no fundo uma espécie de brincadeira para dinamizar um bocadinho a coisa. Por proposta do fotógrafo, de manhã tiraríamos apenas eu e Ele fotografias juntos e de tarde juntar-nos-íamos aos amigos. E assim foi, no dia 1 de Maio de manhã eu e Ele fomos para a Marina da Afurada (apesar do fotógrafo achar que aquilo se chamava Freixo e andarmos desencontrados por uma quantidade estranha de quilómetros) e tirámos umas quantas fotografias. Admito que inicialmente foi bastante estranho, eu e Ele não percebíamos bem o que estávamos ali a fazer, nem como nos deveríamos comportar e posicionar, no entanto o fotógrafo deu-nos uma ou outra dica, principalmente 'brinquem um com o outro, divirtam-se e nós só fotografámos', o que acabou por acontecer. Começamos a brincar um com o outro, basicamente a dizer parvoíces uma atrás da outra (tão típico nosso!) e só assim começamos a sentir-nos à vontade. Não foi tão difícil como tinha imaginado e apesar de ter sido um nadinha constrangedor no início, a verdade é que esse sentimento passou e facilmente nos divertimos com a situação e aproveitamos o momento. Parámos ainda um bocadinho no Cais de Gaia para mais algumas fotografias com a minha cidade e digirmo-nos para uma tarde divertida no Parque da Cidade do Porto.
A tarde com os amigos e com a família foi super divertida e correu melhor do que alguma vez poderia ter imaginado. Divertimo-nos um com os outros, brincamos e ficamos com imagens fantásticas. Éramos mesmo nós naquelas fotografias? Admito que este pensamento percorreu imensas vezes a minha cabeça, cada vez que o fotógrafo nos mostrava algumas imagens parecia que estava a ver outras pessoas, alguém habituado a câmaras, habituado a flashes e que faziam sessões fotográficas diariamente. Foi nesse momento, no final desse dia de família, amigos e muito amor que me apercebi que fazer a sessão de solteiros foi uma das melhores decisões que tomamos. Não só ficamos a conhecer melhor os fotógrafos, como eles a nós, como ficamos de tal forma à vontade que as fotografias tiveram a capacidade de captar a nossa essência, aquilo que realmente somos, e não pretendíamos mais que isso. Percebemos que os fotógrafos eram tão loucos como nós e eles perceberam que os nossos amigos ainda conseguem ser mais.
No final deste longo dia, mas realmente memorável, já deitados no sofá comentamos um com o outro "Hoje demos mais beijos em público do que alguma vez tínhamos dado em tantos anos de namoro, hoje demonstramos aquele romantismo que até nós desconfiávamos ter". Rimos um com o outro, mas ambos de coração cheio e orgulhosos, não só das nossas escolhas, mas das pessoas que temos na nossa vida.