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justsmile

19
Fev21

A Ressaca dos 30

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(Imagem de Just Smile)

          A entrada na casa dos 'intas' não foi como tinha imagino. Sempre tinha imaginado que no meu aniversário dos 30 anos estaria a viajar por algum lugar desse mundo. Imaginei-me de mochila às costas, como realmente gosto de andar pela vida, de estar a conhecer algo novo e a criar novas memórias, algo de que tenho realmente saudades. Imaginava-me ainda a fazer uma grande jantarada com os amigos, para brincar, rir e até dançar na minha entrada dos 30, mas tudo isso ficou apenas no imaginário. Qualquer tipo de festejo no meu aniversário, que me obrigasse a sair de casa, foi completamente anulado. Não pude ir ver o mar, não pude ir caminhar por um parque e nem sequer receber os abraços todos que gostaria de ter recebido. Mas nada disto impediu de que a minha entrada na casa dos 30 não tenha sido memorável.

         É verdade que tive de trabalhar porque a folga do Carvanal nos foi, devidamente, retirada, mas ainda assim tive um dia muito bom, um dia que me encheu o coração e que me fez aperceber de que estou rodeada de pessoas que gostam de mim e de quem eu adoro. Recebi chamadas de amigos do coração, recebi músicas e até uma serenata à varanda das minhas primas mais novas (uma adaptação aos novos dias da música do Marco Paulo), recebi mensagens que me aconchegaram o coração que tem sofrido com a saudade. Recebi tanto amor neste dia que agora vejo que não o poderia ter passado de melhor forma, nestes dias que correm. Mais do que fazer anos senti-me tão grata pelas pessoas que tenho na minha vida, pelas pessoas que fui conhecendo ao longo do caminho que se torna difícil de traduzir isso em palavras. 

          O dia começou com o pequeno-almoço preparado por Ele, e sem eu saber bem, meteu um dia de férias para poder estar comigo no meu aniversário, pois caso contrário só nos cruzaríamos às 21h00 para jantar. Deu-me o livro do Záfon e a garrafa de vinho do Porto do meu ano de nascimento, tal como lhe ofereci no ano em que fez os seus 30 anos, achei isso tão querido e dedicado! Depois trabalhei, entre chamadas, mil e quinhentas mensagens e terminei o meu dia de aniversário com uma chamada de vídeo com os os meus irmãos, sobrinhos e pais e ainda uma chamada de vídeo surpresa com a minha #dreamteam, os melhores colegas de trabalho com quem alguma vez me cruzei na vida. Digo-vos, no meio da correria dos dias, no meio de tanto trabalho, no meio deste mundo louco, sentir que algumas pessoas tão especiais tiraram um bocadinho do seu dia para 'estarem comigo' fez-me sentir a mulher mais sortuda à face da terra.

        Este dia pode não ter sido nada daquilo que imaginei para mim, mas foi muito mais do que poderia ter imaginado para entrar nestes 30! Sou uma sortuda e entro nesta nova década de vida cheia de gente boa ao meu lado. Um obrigada a todos, àqueles que fazem parte da minha vida, a Ele que me faz sentir grata todos os dias por merecer o seu amor e a vocês que já me acompanham há mais de uma década. Agora? Agora vou ressacar desta entrada nos 30, não pelo champanhe, mas por me ter sentido embriagada de tanto amor e carinho

21
Jan21

Uma apatia que mal consigo expressar...

(Imagem retirada daqui)

       É o que sinto neste momento.

       Estamos a breves momentos de vermos, novamente, o encerramento de todas as escolas e só me passa pela cabeça "o que vai ser destes miúdos?". Eu sei que é um mal necessário, que neste momento precisamos de controlar esta força invisível que tem consequências catastróficas na saúde e na nossa sociedade, mas não consigo tirar da minha cabeça estes pensamentos. Comecei a trabalhar em Novembro numa realidade diferente da que trabalhei nos últimos dois anos, deparei-me com uma pobreza maior, com um absentismo na escola enorme, com a falta de motivação para o contexto escolar e até para novas aprendizagens. Gostei do desafio que me veio parar às mãos, queria colocar o mais rápido possível 'as mãos na massa' e começar a trabalhar com os miúdos. Na minha mente tinha um plano bem traçado, um elevado número de tarefas e actividades para realizar, mas a verdade é que só em Janeiro consegui ter esse primeiro contacto. E as coisas estavam a correr bem, consegui captar a atenção da maioria dos alunos em intervenção, logo nas primeiras sessões e estava motivada para trabalhar, mas agora tudo volta a encerrar e volto a questionar-me, "o que vai ser destes miúdos?". A maioria não tem internet, nem computador, alguns nem electricidade têm em casa, o que irão eles conseguir acompanhar? Muitas vezes nem os próprios pais demonstram interesse nesses miúdos e muito menos nas aprendizagens que eles precisam de fazer, quanto mais a intervenção de uma Terapeuta da Fala.

        Sinto uma apatia no peito, por eles e até, de um modo um tanto ou quanto egoísta, por mim. Queria demonstrar a importância da minha profissão, demonstrar que tenho muito para dar e que é possível fazer a diferença com esses miúdos, mas tenho a sensação que me tiraram o tapete dos pés. Sei que terei de encontrar alternativas, encontrar novas formas de me envolver, de demonstrar que estou aqui para trabalhar e que não me importo de fazer seja o que for, mas tenho na boca aquele sabor amargo da desilusão.

      Sei que é extremamente necessário este confinamento, sei que as escolas têm sido lentamente afectadas e que neste momento não há margem de manobra, compreendo-o e nem é isso que me revolta. O que verdadeiramente me incomoda é a falta de noção da nossa sociedade para a realidade, a falta de consideração pelo esforço que os profissionais têm feito neste (quase) último ano e continuarem a fazer uma vida normal como se não houve-se uma guerra invisível lá fora. Custa-me imenso ver pessoas a fazerem ajuntamentos de amigos e familiares em casa, a continuar a ir passear para a marginal como se fosse um domingo como todos os outros e argumentarem-me que as pessoas estão cansadas de tudo isto não me convence e sabem porquê? Porque também eu estou cansada e continuo a fazer todos os esforços para me proteger e proteger os meus. Aliás, já passei a fase do 'estar cansada', estou neste momento 'esgotada' de tudo isto, mas não sou egoísta ao ponto de colocar tudo em risco. Estou só esgotada.

           Eu sei que deveria estar mais positiva, mas hoje sinto-me assim, apática.

15
Jul20

Deixar para trás

(Imagem retirada daqui)

        Por vezes guardamos as coisas negativas da nossa vida sem nos apercebermos disso. Trazemos aos ombros ou na memória como um pequeno desconforto, não é pesado, mal damos pela sua presença, mas de volta em volta, lá se mostra mais pesado que os outros dias. Acabamos por sentir que está sempre connosco, como uma pedra no sapato. Poderá ser uma desilusão, uma pequena dor, um abandono ou até a saudade de algo que já não volta. São pequenos sentimentos negativos que nos fazem sentir presos a algo, sem saber bem o quê, mas que fica no nosso inconsciente. Que traz consigo a nostalgia num dia cinzento ou a saudade de uma conversa com alguém que já não faz parte da nossa vida.

          Hoje, tenho uma vontade enorme de deixar esses momentos negativos fora da minha inconsciência. Quero deitá-los ao lixo. Quero voltar a caminhar sem pedras nos sapatos e de ombros leves. Quero deixar as conversas desagradáveis fora das minhas memórias. Quero esquecer as traições, as desilusões e as faltas de consideração. Quero deixar para trás o que fez parte do passado e que já não faz mais. Quero esquecer a saudade de algumas pessoas que não fazem parte da minha vida. Quero esquecer a mágoa, a dor, a saudade. Não quero voltar a pensar em momentos tristes. Quero que fiquem fechados numa caixa e que desapareçam no meio da tempestade. Quero cruzar-me com algumas pessoas na rua sem ter de pensar nas mil e quinhentas histórias do passado. Quero voltar a sítios e que estejam limpos de maus momentos. Quero que fique o bom.

          Hoje quero que fiquem as memórias boas e não as razões dos afastamentos. Não quero reaver as pessoas, mas também não lhes quero guardar a mágoa. Este é o meu problema, perdoo, mas fico sempre com a memória gravada da mágoa. Quero afastar-me disso. Quero poucos, mas bons. Quero estar grata pelo que tenho e não pensar no que perdi. Quero aprender com as desilusões, mas ficar de alma leve depois de cair. Hoje quero deixar os sentimentos maus para trás.

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