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justsmile

13
Dez18

Nada mais tenho a comentar...

       Após esta notícia compreendo que o Governo Português defende a existência dos Portugueses de 1ª e de 2ª categoria, claro que quem está no privado são os de 2ª categoria. Sobre este assunto nada mais tenho a comentar. A ideia do Governo está vincada e apesar da minha ignorância em compreender tais razões, apenas consigo assimilar a prevalência de um país em que a igualdade não é um direito (nunca o foi).

22
Nov18

A Presidente do Conselho Nacional de Educação

(Notícia lida aqui)

      Não sei se estão a par do ensino em Portugal, eu vou estando, principalmente nesta fase da vida em que trabalho em contexto escolar com alunos que tenham dificuldades ao nível da Leitura e Escrita, assim como de Fonologia. A realidade que vejo no 1º ciclo é que muitos são os miúdos que passam para o 2º ano sem saberem ainda associar o som à letra. A realidade que vejo no terreno é que os alunos chegam ao 4º ano sem saberem escrever um texto com sentido. A realidade é que no 1º ciclo a dificuldade em reprovar um aluno é enorme, aliás, é impossível pois alunos do 1º ano não podem reprovar e os restantes evita-se ao máximo por causa da idade, por causa de estatísticas ou até do conselho directivo. Reprovar é cada vez mais uma ilusão, por muito que um aluno não adquira conhecimentos não reprova e temos miúdos que transitam para o 5º ano sem saber ler e escrever minimamente em condições. Com jeitinho, chegarão ao 12º ano sem saberem conjugar verbos, sem saberem escrever palavras que não fazem parte do seu quotidiano ou até sem saberem interpretar um texto. Esta é a minha realidade, o meu dia-a-dia e a culpa não é sempre (só mesmo às vezes) dos professores. Nota-se o desespero deles quando os miúdos não conseguem aprender, nota-se as dificuldades que têm ao tentar proporcionar-lhes os devidos apoios, ao tentarem fazer-lhes chegar a aprendizagem. E as reprovações? Como podemos passar os alunos senão sabem ler nem escrever? Como se pode validar a passagem de um aluno que não adquire conhecimentos? Muitas vezes nada tem a haver com problemas de saúde ou psicológicos, mas sim com a falta de trabalho, de maturidade, de regras e de motivação. A escola é cada vez mais desvalorizada em alguns meios e com todo o facilitismo que tem existido cada vez menos as crianças vão compreender que os seus actos têm consequências, cada vez menos vão ter de lidar com a frustração e de compreender que a vida não é sempre como querem.

         Não estou a falar só da minha opinião, estou a argumentar com a minha experiência no campo, com aquilo que vejo todos os dias nos locais por onde trabalho. Assusta-me a forma como o ensino está a ser desvalorizado, assusta-me a forma como estamos a ensinar uma sociedade que não se precisa de esforçar para alcançar qualquer tipo de objectivos realistas (lamento, mas todos os meus miúdos do sexo masculino não poderão ser futebolistas). Esta é a realidade que vejo lá fora. Se o ensino fosse diferente? Talvez realmente as reprovações não fossem a melhor opção, talvez cada aluno deveria ter um currículo diferente, de acordo com as suas capacidades depois de ter aprendido o Ensino Básico, talvez o ideal era conseguirmos ter um ensino autónomo e com base na experiência. No entanto, o ensino nacional, não sendo o melhor e estando longe disso, é como é e deteorá-lo, facilitá-lo só irá impedir de formarmos uma sociedade com responsabilidade, com bom senso e com o mínimo de Educação. Se queremos mudar o ensino, algo que estou a favor, temos de começar pela base e não saltar degraus em busca dos números e do famoso "sucesso escolar" que não passa de estatísticas ilusórias. 

19
Jan18

A Sociedade do Puritanismo

(Imagem retirada daqui)

 

       Já aqui partilhei algumas vezes que cada vez menos vejo televisão e notícias. Pouca coisa me têm trazido de bom e de desconforto costumam trazer imenso, no entanto, é impossível ficar longe das notícias visto viver em sociedade. Se não é um colega a contar a notícia é porque me deparei com ela em algum site ou simplesmente foi um comentário num almoço familiar. Vivendo em sociedade é impossível ficarmos completamente afastados das notícias que são mais comentadas no dia-a-dia. Quando uma notícia ou comentário de tal se sucede dias e dias seguidos, a curiosidade acaba por vencer e lá vou investigar o que realmente se passa e é quando mais me sinto desconfortável da sociedade a que pertenço. São notícias como esta sobre assédio sexual, esta sobre as janeiras de uma escola e esta sobre a Supernanny que me questiono sobre a sociedade me que vivo. No fundo cada vez mais acredito que estou rodeada de um puritanismo hipócrita que não passa de palavras indignadas e em que nada ajudam as verdadeiras causas e os verdadeiros problemas.

       O assédio sexual no meio televisivo e cinematográfico, descrimina de tal forma as verdadeiras vitimas de assédio sexual que se torna vergonhoso. Quantos não são os casos de actrizes que aceitaram fazer coisas pouco éticas para conseguirem um papel? De certeza que a palavra 'não' não pertencia aos seus vocabulários ou simplesmente preferiram o papel principal e agora, depois do sucesso alcançado, vitimizam-se. É de tal forma ridícula a situação que as verdadeiras vitimas de assédio sexual, aquelas que têm de aguentar continuadamente insinuações, aquelas que têm de fazer coisas impensáveis para sobreviver, acabam por serem esquecidas e simplesmente parecem vítimas de segunda categoria, quando na verdade elas são as verdadeiras vítimas. Defendo muito as mulheres, sou um tanto ou quanto feminista, mas também acredito que somos nós que muitas vezes nos colocamos em situações perigosas e fazer favores a realizadores e produtores para conseguir um papel é simplesmente uma questão de princípios para atingir um objectivo, não só de assédio, mas de valores próprios. (Ok, venham daí as chibatas!).

       Pais que ficam indignados pelos filhos cantarem as janeiras e as boas novas ao presidente de uma câmara ainda torna tudo mais ridículo. Mas os pais sabem sequer o conceito das músicas das janeiras? É normal dar o bom ano a seja quem for, por muito que não se goste, faz parte da tradição da música. Com tamanha indignação as crianças nem deveriam poder cantar 'atirei o pau ao gato' por ser crueldade contra os animais! Ok, isto está realmente a tornar-se ridículo. Não existem coisas mais importantes com que nos preocuparmos? Será que há realmente a necessidade de nos incomodarmos com cada pormenor do dia-a-dia? Ou simplesmente são pessoas que não sabem viver na pacatez e tranquilidade da vida. São coisas que não consigo compreender, esta onda de indignação por algo tão simples, tão normal e banal como uma música de janeiras.

       Já para não falar que quase que aposto que os pais do ponto anterior são os pais que pedem ajuda à Supernanny para educarem os filhos. Crianças que não sabem ouvir um 'não', crianças que não têm noção do limite e, pura e simplesmente, não têm educação. Eu ao contrário de 90% da população não vejo drama nenhum no programa (venham lá mais umas quantas chibatas!), quantos são os pais que não se deparam com o mesmo problema? Quantas não são as crianças que vemos nos shoppings e em lugares públicos e que com tenra idade são pequenos tiranos? Eu admiro a coragem daquela mãe em pedir ajuda, conheço muitos casos (profissionais e não profissionais) de pais que não têm coragem para pedir ajuda, por vergonha, por incapacidade, por falta de admitir que algo está errado, o que não aconteceu com esta mãe. A criança? A criança irá crescer e este episódio será esquecido, talvez até ajude no seu comportamento (ou não, não faço ideia, não sou psicóloga), no entanto, da mesma forma que este programa passa lá fora sem ser tão criticado, eu própria não vejo problema. O único senão? Não consegui ver o programa todo por não aguentar tamanha falta de educação, apenas porque não tenho paciência para isso. Não tenho mesmo, nem com os meus miúdos aguento falta de educação, quanto mais na televisão! As crianças precisam de aprender o 'não' para mais tarde não se tornarem adultos assustadores que perdem o controlo da vida ao primeiro 'não'.

       Estamos num país de puro puritanismo. Um país em que não é possível admitir-se os erros sem sermos criticados em praça pública, sem ouvir-se aquilo que se deve e não se deve ouvir. Estamos num país que cada vez mais perdemos a liberdade para termos uma opinião diferente dos outros. Num país em que cada pormenor, que parece insignificante, é transformado numa tempestade. Num país de perfeição, de puritanismo em que quem critica não tem telhados de vidro e que adora apontar os erros aos outros. Não consigo reconhecer este país, não consigo reconhecer e muito menos identificar-me com esta sociedade, de exageros, de tão pouco equilíbrio entre o racionalismo e a verbalidade. Não consigo perceber como chegamos a este ponto, se o problema foram as redes sociais que fomentaram este puritanismo e esta onda de criticar a torto e a direito, ou se simplesmente era o caminho natural do nosso crescimento enquanto sociedade. É uma sociedade de extremos e tão pouco de equilíbrio. Tenho medo, tenho muito medo do futuro da nossa sociedade.

 

P.S.: Texto simples e puramente opinativo!

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