Porque é tão difícil dizer 'desculpa'?
(Imagem retirada daqui)
Sou uma pessoa que facilmente admite o erro. Se faço algo de errado, admito-o imediatamente. Se me engano no trabalho, assumo as minhas culpas sem qualquer tipo de problema. Errar é humano, pelo menos é o que toda a gente diz e como tal também erro. Por vezes erro na forma como digo as coisas, outras vezes erro na forma como reajo a algumas situações. Normalmente quando erro e quando isso me pesa na consciência, eu compreendo porque errei, compreendo que muitas vezes é o acumular de mais do que uma situação. Não me irrito assim facilmente, mas depois de terem esgotado a minha paciência expludo muito facilmente. Sei que é errado e admito-o em primeira mão. Por vezes até admito que errei com o meu comportamento passados nem cinco minutos. O meu problema não está em encontrar o erro, em admiti-lo, ou se quer em verificar o porquê do meu erro. O meu problema está unicamente no passo seguinte: pedir desculpa.
Não sei se é do orgulho, se é da minha personalidade, mas pedir desculpa é uma das coisas que mais me custa nas relações humanas. Não me importo de pedir desculpa quando piso alguém ou até quando me engano no trabalho, mas admito que me custa horrores pedir desculpa no que toca às relações com as pessoas. Por vezes torno-me mais bruta, tenho consciência que é a minha paciência que está esgotada com a pessoa, mas o meu comportamento torna-se errado. Fico sem filtros, saí-me tudo e mais alguma coisa e passo-me à séria. Eu sei que é errado, eu sei que tenho de manter a calma e aprender a engolir, e tento fazer um esforço por isso, mas por vezes lá se vai o filtro e o meu lado assustador surge à flor da pele. É cada vez mais raro, coisa de que me orgulho, mas que de longe a longe vem à superfície. Afinal todos temos os nossos limites, certo? No entanto, há situações em que tenho de pedir desculpa pelo meu comportamento. O da outra pessoa até pode ter sido semelhante ao meu, até pode ter sido pior, mas obrigo-me a ser superior a tudo isso e a admitir a minha cota parte de culpabilidade. Sinto em mim a culpa de um mau comportamento, de algo que não parece nada meu, e obrigo-me a pedir desculpa. Mas é aqui que sinto a palavra formar-se num nó na minha garganta. É aqui que parece que as palavras me pesam na boca, me pesam na alma. Dizer desculpa torna-se tão complicado como se fala-se noutra coisa terrível. O peso da palavra surge em mim como uma nuvem negra. Tento lutar contra essa tendência, tento lutar e obrigo-me a dizer 'desculpa', a palavra sai fraca, sai como um sussurro, mas sai. Sai como me saísse directamente do peito. Sei que depois de a proferir me sentirei mais leve, terei a minha consciência livre, mas até lá custa-me. Custa-me formar o som na boca, custa-me articulá-la, custa-me até pensar em dizê-la. Não é uma palavra que use recorrentemente, é uma palavra que evito dizer, que evito necessitar, mas de vez em quando sei que não fui a melhor pessoa e tenho de pedir desculpa, seja pelo que for. Mas dói. Dói pedir desculpa quando tentamos dar o nosso melhor e o pior saiu disparado. Custa dizer desculpa quando tentamos tornar-nos em melhores pessoas e vemos um lado nosso que não gostamos. Eu admito, eu peço desculpa, mas é sem dúvida uma das palavras que mais me custa pronunciar. Não me considero muito orgulhosa, nem altiva, nem pouco empática, mas sem dúvida alguma que quando me surgem situações destas que me questiono porquê a dificuldade de dizer simplesmente 'desculpa'.
Não é por ter estes pensamentos, esta dificuldade que não digo esta palavra. Eu digo, custe o que custar se acho que errei e que deveria ter agido de outra forma sou a primeira a pedir desculpa, apenas não compreendo este dilema, esta luta interior comigo mesma, quando sei que é a atitude mais acertada. Eu peço desculpa. Luto contra mim mesma, mas uso a palavra quando necessário, apenas gostava de facilitar um bocadinho esse momento. Será por valorizar tantos as palavras que me consciencializo demasiado sobre elas?
É apenas uma palavra porquê tamanha dificuldade?