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justsmile

27
Jul22

Tudo tem o seu tempo, tudo começa a ter o seu lugar

(Imagem retirada daqui)

       Tenho dado por mim a compreender que só tenho partilhado com vocês coisas da minha gravidez, eu que me tenho queixado que ultimamente esse é o único tema das minhas conversas. Tenho compreendido que me tenho afastado deste cantinho e estado mais nas redes sociais, por ser algo rápido e pouco explorado a nível de escrita. Tenho até compreendido que o mundo da blogosfera também tem andado com muita gente desaparecida, porque apesar de não escrever, este é um lugar onde passo diariamente. Tenho aprendido, a seu tempo, e com algumas dificuldades, que tudo tem o teu tempo e o seu lugar.

       Terminei o primeiro ano de mestrado, com bastante custo, devido a um défice de atenção que surgiu com a gravidez. Tive de reflectir e compreender que não estava ao nível de iniciar a minha tese, senti pela primeira vez na minha vida que desistia de algo. Incongruente, visto não prejudicar em nada o meu ano lectivo e não ter qualquer interferência com a minha passagem para o segundo ano do mestrado, mas ainda assim o meu inconsciente persistiu que era uma espécie de "desistência". Foi então que compreendi que tinha de definir prioridades e, acreditem, mudar as prioridades na nossa cabeça não é tão fácil como verbalizá-la na teoria aos sete ventos (vejo isso numa amiga que está a passar por um processo semelhante ao meu). No entanto, considero que terminei o ano lectivo com sucesso, custou, demorou, inúmeras foram as vezes que pensei "como raio me fui meter nisto", "pobre criança que trago em mim que tem que levar com isto", mas ficou feito. No dia em que recebi a última nota, depois de ter reprovado no teste e de ter ido a exame, senti-me quase invencível. Se consegui fazer o primeiro ano de mestrado, mais de metade dele a trabalhar demasiadas horas por semana, grávida e a construir uma casa, acho que a partir de agora consigo fazer tudo. Se o ideal teria sido fazê-lo noutra altura? Talvez, mas nunca saberei a resposta e a verdade é que agora que o tenho feito, ando a tentar não pensar muito em como se vai proceder o segundo ano. Na minha cabeça só surge a frase "uma coisa de cada vez".

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(Imagem de Just Smile)

        A casa espera agora a sua última especialidade, a carpintaria. O marido continua a ter a casa como a sua prioridade, acabando por nunca estar em casa. Os dias e fins-de-semana são com eles passados entre a obra e outras actividades, o que durante este processo de gravidez, por vezes, me faz sentir um bocadinho ressentida, mas também tenho de compreender a necessidade de nos mudarmos pouco tempo depois da nossa Ervilhinha nascer. Mas quanto à casa, depois de a ver pintada com o primário admito que me senti bastante feliz. Antes de pintar, a casa parecia-me escura, não me parecia acolhedora e agora sinto-a como a minha casa. Começo a ficar ansiosa para que fique terminada, para que as nossas mudanças comecem em poucos meses e que comecemos a viver na nossa "forever home". Estou ansiosa para que as madeiras comecem a entrar para começar a ver o produto final, estou ansiosa por decorar o quarto do nosso filho (que palavra ainda tão estranha na minha cabeça) e para voltar a ter as minhas coisas, visto tantas estarem neste momento encaixotadas. Tem sido um processo demorado, este da construção da casa, mas cada vez mais sinto que no final irá valer a pena.

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(Imagem de Just Smile)

        E depois ainda tenho esta Ervilhinha dentro de mim, que está prestes a chegar. Aliás, agora poderá vir quando quiser e tiver vontade de conhecer a mãe e o pai. Nos últimos tempos tenho dado por mim a pensar na mãe que quero ser. Um dos meus maiores receios, talvez por todos os dias trabalhar com crianças, é ser demasiado rígida, com demasiadas regras, simplesmente porque não quero que o meu filho seja como tantas crianças que conheço. O tipo de mãe que quero ser tem surgido muito na minha cabeça, sei que vou falhar, sei que não vou acertar à primeira, mas também sei que tenho um coração cheio de amor para lhe dar e espero que isso venha a ser suficiente. A ansiedade em o conhecer começa a crescer, não propriamente com o momento do parto, mas com tudo o que implica em ter um filho. Receio o meu pós-parto, não por ele, por mim. Receio as hormonas, receio o lidar com opiniões e situações que não aprovo, receio o cansaço, receio perder-me de mim, receio não conseguir dar conta do recado. Tento manter um espírito descontraído e talvez até me sinta assim a maior parte do tempo, mas depois surgem estes receios. Penso que seja normal (mas digam-me vocês, mães com experiência), que faça parte do caminho e nem por um segundo isso faz com que a vontade em conhecer o meu bebé diminua.

        No final disto tudo, com o tempo que tenho tido para reflectir na minha solidão, apercebo-me que tudo tem o seu tempo e o seu lugar. Poderá não ter sido o que eu planeava, desejava já estar na minha casa e que o mestrado estivesse mais avançado quando engravidasse, mas se calhar tudo aconteceu para compreender que afinal sou capaz. Se calhar tudo aconteceu assim para compreender, mais uma vez, que sou forte, que consigo. Se calhar tudo surgiu desta forma para aprender a redefinir prioridades, para compreender que a vida não é só trabalho e que há algo maior que eu, que o trabalho. Se calhar tudo teve a sua razão de acontecer, poderei saber os seus motivos ou nem tanto, mas garanto uma coisa, termino sempre o dia com uma enorme sensação de gratidão no peito. Uma gratidão enorme por tudo, pelas oportunidades que me vão surgindo, pelas conquistas, mas principalmente por estar a criar esta vida dentro de mim.

 

P.S.: É sensação minha ou este post foi uma salgalhada de coisas?

06
Out21

Às vezes...

(Imagem retirada daqui)

        Às vezes, quando estou envolvida pelo silêncio, sozinha sentada no sofá ou ainda naqueles minutos inicias do meu dia, questiono-me se não estarei a tentar abraçar o mundo todo de uma só vez. Questiono-me se terei capacidades, energia e competências para fazer tanta coisa ao mesmo tempo. Analiso as minhas escolhas dos últimos tempos e questiono-me se estarei à altura de todos os desafios a que me propus. E receio, receio falhar redondamente em todos eles ou até em prejudicar a minha saúde e a minha vida pessoal. Sei que tomei todas estas decisões em parceria com a pessoa que mais me motiva e me apoia, sei que analisei todas as possibilidades e que até tentei introduzir na minha cabeça que não é para fazer "tudo à primeira", mas no fundo, lá num canto qualquer bem escondido, questiono se serei capaz. Se serei capaz de lidar com tudo ao mesmo tempo. Se serei capaz de lidar com o meu fracasso ou até em apenas dar uma parte de mim a um dos projectos, em vez de dar o meu todo. 

       Às vezes questiono-me se não estarei a ser demasiado optimista, demasiado aventureira ou apenas louca. A verdade é que mesmo com todos os receios atiro-me de cabeça aos desafios e tenho em mim a sensação de que se não arriscasse agora, provavelmente nunca mais o faria, mas estes 'ses' acabam por invadir o pensamento nos momentos de silêncio, de tranquilidade. Tento acalmar-me, assegurar-me de que se já conquistei tudo até aqui foi por arriscar, por dar tudo o que tinha de mim. Tento assegurar-me com exemplos do passado, com a minha motivação e ambição e lembrar-me de que tenho tudo para conquistar o meu mundo.

        Mas às vezes, só às vezes, receio os próximos tempos. Receio perder-me no meio do trabalho, no meio das obras, no meio dos estudos. Receio perder-me em responsabilidades e obrigações, em prazos e em horários. Mas depois, depois lembro-me de que tudo o que é bom na vida exige sacrifício, que para alcançarmos os nossos sonhos é necessário ultrapassar batalhas e que no fim tudo valerá a pena. Agarro-me à confirmação de que todos estes sacrifícios serão apenas temporários, de que tudo terá o seu tempo e que no fim irei ter conquistado mais um bocadinho do meu mundo.

02
Ago21

Vou voltar à escola, loucura?

(Imagem retirada daqui)

         Quando terminei o curso, em 2013, sabia que queria tirar o Mestrado. Não de imediato, pois queria experimentar o mercado do trabalho, mas que algures antes dos 30 anos gostava de ter isso realizado. Na minha cabeça, antes de casar, antes de ter uma casa e até antes de ter filhos. A verdade é que os planos nem sempre saem como imaginamos, as prioridades trocaram e apesar de se ter mantido um desejo meu, o Mestrado foi ficando para segundo plano, para "um dia". O tempo foi passando e com tanta coisa a acontecer nas nossas vidas o Mestrado nunca foi uma prioridade, aliás, na minha cabeça até estava engavetado num armário qualquer, bem escondido. Durante uma das nossas noites de conversas, entre mim e o maridinho, daquelas em que falamos dos planos financeiros e que fazemos pontos de situação, apercebemo-nos que neste momento descontamos imenso para IRS e que no contexto escolar o grau de Mestrado começa a fazer-me alguma falta, nomeadamente para dar formações de forma autónoma. Foi quando Ele sugeriu para me candidatar ao Mestrado, em mim abriu-se aquela gaveta que estava fechada há tantos anos e fiquei a ponderar se não seria uma verdadeira loucura. Com uma casa em construção que acaba por nos tirar algumas horas de sono, com trabalho extra até dizer chega para conseguir dar resposta a todas as contas que a casa nos apresenta e ainda com uma vida doméstica, onde iria eu conseguir encaixar horas para estudar e para assistir a aulas? Se era algo que queria muito? Sim, sem dúvida. Algo que me faria crescer a nível profissional? Nem sequer o posso questionar. Então porque não? Porque aqueles receios do desconhecido, que há tempos aqui falei, voltam sempre.

           Inicialmente, Ele sugeriu que era a altura ideal, que se haveria alguém capaz de o fazer era eu, Ele simplesmente deu-me a força e a coragem que precisava para dizer que sim, talvez até fosse possível. Talvez não da forma que tinha idealizado, até porque trabalhar continua a ser uma prioridade e neste momento até uma necessidade, mas que haveria de conseguir, se não em dois anos, talvez em três ou quatro, mas que iria conseguir. Ele conseguiu acreditar em mim como eu não o tinha feito, apesar depois se ter questionado, como questionei a mim própria, se iria aguentar com tudo. E foi quando dei o salto de olhos fechados, vamos a isso! Preparei tudinho e lá me atirei do penhasco, para ver se havia rede no fundo. Não sabia se entraria, havia a grande possibilidade de tal acontecer, mas nada estava dado como certo e foi então que vi COLOCADO. E aonde? Questionam-se vocês. No mesmo sítio onde tirei a minha licenciatura, àquele sítio que um dia disse que não queria voltar, que não queria reviver. E foi aqui que a parte racional de mim teve de trabalhar, para conseguir combinar a área de estudo que queria, com o meu emprego, as minhas horas extras, a minha vida familiar e ainda um Mestrado, a localização era realmente essencial e por isso, mesmo não tendo sido a minha primeira escolha emocional, tive de escolher a opção racional e optar por voltar à casa onde nasci como Terapeuta da Fala.

          Voltar à casa onde conheci algumas das minhas melhores amigas, é agridoce, mas as memórias que acabam por me assaltar a mente são as menos positivas. Não fui uma pessoa que viveu o 'espírito do ensino superior' da melhor maneira, demasiado focada em acabar e em desejar terminar o curso, eram realmente essas as minhas prioridades e pelo caminho senti-me muitas vezes injustiçada, incompreendida, por outro lado sei que foram todas as adversidades que lá vivi que me fizeram ser a pessoa que sou hoje. E hoje irei regressar uma pessoa totalmente diferente, mais confiante de si mesma, com um auto-conhecimento de quem sou e do que quero muito mais consistente, uma profissional com experiência e já conhecimento, mas... Mas lembro-me daquela miúda que passou o 3º ano do curso a fazer-se de dura e a chorar às escondidas, que no dia em que 'queimou as fitas' chorou de alívio por ter terminado um percurso tão duro e que saiu de lá com a necessidade de se encontrar. Não era o meu sonho um dia lá voltar, mas hoje matriculei-me e espero que tudo seja diferente e que o sonho seja igualmente concretizado. A seu tempo, sem pressões, sem enlouquecer, mas com a vontade e o desejo de um dia vir a ser mestre.

           Desejem-me sorte, porque tenho a certeza de que vou precisar e muita!

 

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