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justsmile

01
Fev24

Ser mãe e pai nos tempos modernos

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        Um das frases que mais ouvimos enquanto pais, de outras pessoas mais velhas, é "no meu tempo não era assim", "eu já eduquei os meus filhos e isso é assim", "no meu tempo é que era difícil". Como se a parentalidade fosse medida e quantificada em níveis de dificuldade com o passar dos anos. Como se a parentalidade fosse ficando mais fácil com o desenvolvimento da sociedade. Como se as estratégias que foram usadas há 20 ou 30 anos fossem perfeitamente aplicadas nos dias de hoje. Olhando à minha volta, à minha realidade e à de tantos outros pais, ouvir estes comentários só me parece absurdo. Apenas penso que quem os diz está completamente alienado da realidade.

       O desenvolvimento da sociedade, se trouxe muitos ensinamentos novos para a parentalidade, veio também trazer muita coisa negativa pelas quais os nossos pais não tiveram de passar. A redução do tamanho da família veio trazer o diminuído contacto com crianças entre gerações, veio aumentar as expectativas que os pais depositam nos filhos, já para não falar das redes sociais. Essas vieram trazer um nível de comparação constante, o contacto insano com informações contraditórias de como devemos ser pais, de como devemos tratar os nossos filhos, o que fazemos de errado e outras tantas questões que pouco ajudam os pais de hoje. As informações vieram deixar-nos confusos, receosos e com o constante pensamento de "mas estou a fazer bem", algo que outras gerações nem tinham em que pensar. Isto, sem esquecer das mães perfeitas, empreendedoras, donas de casa e com vidas super giras que conseguem fazer tudo.

        Ser mãe e pai nos tempos modernos é uma tarefa árdua. A sociedade coloca-nos pressão em todos os campos da nossa vida, ter de ser bom profissional, bom companheiro, cuidar de nós, ser bom filho, amigo e principalmente bom pai e mãe. Como se fosse tudo bastante fácil de atingir e se não o conseguimos é porque não o queremos ou porque não nos esforçamos o suficiente. Ser mãe e pai hoje em dia é uma realidade que só eles próprios conhecem e a verdade é que nenhuma geração anterior viveu com tanta informação, tanta pressão profissional e com tanto trabalho pós-laboral (e nisto não estou a incluir as tarefas da rotina diária). Os "antigos" esquecem-se que os seus trabalhos eram das 9h às 17h e que chegavam a casa e tinham apenas as tarefas domésticas e os filhos para cuidar, hoje? Quantos não são os pais que têm o mesmo horários, as tarefas domésticas, os filhos e depois de ainda os deitar têm de trabalhar no computador? Quantos não são os pais que têm mais que um trabalho para conseguirem suportar as despesas dos dias que correm? Coisas com que os "antigos" não sofriam tanto. Se tinham menos? Tinham. Se ganhavam menos? Também, mas a vida também era mais barata, com menos acessibilidade e com menos coisas. Hoje temos tudo, mas não temos tempo.

       Ser pai e mãe nos tempos modernos é também aprender a lidar com uma culpa (in)consciente de que o tempo corre e de que podemos não dedicar o tempo suficiente aos nossos filhos. Que exigimos demasiado de nós e dos nossos filhos. Que deveriamos saber mais, quando na verdade sabemos o suficiente. Que deveriamos ser mais, quando para eles somos tudo. Mas também há coisas boas em ser pai e mãe nos tempos modernos. A dedicação que sabemos que temos de dar aos nossos filhos, o tempo que lhes dedicamos quando estamos verdadeiramente presentes, o saber que temos de brincar para que cresçam saudáveis. A ideia de que a criança pode e deve fazer parte das nossas rotinas e não apenas se isolar no seu brincar, que explorar, experimentar e sujar são coisas saudáveis. Algo que os "antigos" não sabiam, não nos impedia de desenvolver de forma saudável, mas hoje, enquanto pais, podemos ser mais conscientes. Mais conscientes das palavras que usamos e do que não queremos ser enquanto pais. 

          Ser pai e mãe é uma tarefa árdua nos tempos modernos, mas também acho que não há melhor altura para ser pai e mãe do que o agora. E a vida antes não era fácil? Sei que não, mas acreditem ou não, penso que a coisa não melhorou, só piorou. Ainda assim, somos capazes de ver as coisas com outros olhos. Ser pai e ser mãe hoje é uma verdadeira aventura.

18
Out23

"Estás mais magra!"

 

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       É a frase que mais tenho ouvido nos últimos tempos. 

      Sempre tive problemas em ganhar peso, sempre fui magra e não foi propriamente por não comer. No entanto, antes de engravidar tinha encontrado o meu peso ideal, estava na minha melhor forma física. Na altura fazia exercício de forma regular e tinha conseguido ganhar massa muscular e estava a conseguir mantê-la. Com a gravidez as coisas começaram a sair dos eixos, mas apenas o que era esperado, aumento de peso, inchaço generalizado (não tivesse eu apanhado um verão extremamente quente) e exercício apenas composto por alongamentos. A obrigação de diminuir o ritmo aos 6 meses de gravidez também fez com que o exercício se torna-se praticamente nulo. Verdade seja dita, nessa altura este aspeto não me preocupava, até porque o que sempre ouvi dizer é que após se ser mãe o nosso corpo não volta a ser como era e que provavelmente ficaria com uma estrutura mais alargada, o que na minha perspetiva não era mau de todo.

         No entanto, após as mudanças de casa (3 meses depois de ter sido mãe) a barriguinha extra que tinha desapareceu totalmente e desde aí que o meu peso tem vindo a diminuir gradualmente. Olho ao espelho e não gosto do que vejo, estou magra, mais do que gostaria e até já procurei ajuda médica para me certificar que não existiria aqui algum problema de saúde. Não há. Tenho noção que em alturas de maior stress (o que aconteceu de forma regular no último meio ano) acabo por perder o apetite e comer o estritamente necessário, mas a verdade é que mesmo fora dessas alturas o meu peso continua a dissipar-se. Acredito que grande parte do meu peso tenha diminuido devido à diminuição de exercício físico, a minha massa muscular desapareceu e ainda não consegui reestabelecer a prática de exercício na minha vida desde que fui mãe. 

         Começa a ser desconfortável comentarem sempre o facto de estar mais magra, sei que é preocupação e que se querem certificar de que me encontro bem de saúde, mas estou cansada de ouvir algo com o qual não me sinto confortável. Não gosto de ser magra, nunca gostei, mas a verdade é que não tenho conseguido melhorar esta minha tendência. Nem sempre o excesso de gordura ou de peso é um problema após se ser mãe, o meu problema é exatamente o oposto. Existirão conselhos por aí?

30
Jan23

O regresso ao trabalho depois de ser mãe

         

(Imagem retirada daqui)

      Depois de ter sido mãe pensar em voltar ao trabalho parecia-me algo irreal, algo que não seria capaz de fazer. Durante quatro meses não quis pensar em regressar ao trabalho, era impensável deixar o meu filho ao cuidado de outra pessoa e acabava por sofrer por antecipação com esses pensamentos. Defendia, e ainda defendo, que a mãe deveria estar o primeiro ano com a criança ou pelo menos seis meses, até porque se a Organização Mundial de Saúde defende a amamentação exclusiva até aos seis meses de idade, porque raio temos de ir trabalhar mais cedo? Durante mais de metade da minha licença achava impossível deixar o meu filho, de forma confortável com outra pessoa, mesmo que fosse o pai (em quem confio a 100% para cuidar dele). Contudo, entre o quarto e o quinto mês algo mudou. O stress provocado pelas mudanças para a nova casa, a ansiedade em deixar a casa organizada, a chuva que não me permitia sair com o pequeno e o facto de não conseguir extrair leite para preparar o meu regresso começou a deitar-me a baixo. Não conseguia relaxar e comecei a sentir-me presa, como até ao momento não tinha sentido. Sentia o peso do mundo nos meus ombros, sentia-me abafada e de cada vez que saía a ansiedade dominava-me. Bati no fundo, senti-me desesperar e nunca, nunca foi por causa do meu filho, foi toda a envolvente e o facto de me sentir dependente de alguém para fazer as minhas coisas (desde o mais básico banho a conseguir arrumar a casa). Sei que não é bonito de se dizer, mas senti-me sufocar. De repente, voltar ao trabalho era o meu maior desejo, precisava de ser algo mais do que mãe, precisava de sair de casa (onde tem sempre coisas para arrumar) e precisava de ter um momento meu, nem que fosse nas viagens de carro para o trabalho. 

          Admito que soou estranho a muita gente o facto de um momento para o outro o meu maior desejo ser regressar ao trabalho, muitos me olharam de lado como se isso fizesse de mim má mãe, e acreditem que até eu própria o cheguei a questionar. Já não bastava não ter conseguido amamentar em exclusivo o meu filho até aos seis meses, como sempre tinha desejado, ainda tinha vontade de o deixar? Mas hoje, na minha terceira semana de trabalho, compreendo que foi o melhor que me aconteceu, pois consigo ser uma melhor mãe para o meu filho. Estranho? Talvez nem tanto, sinto que ao sair de casa, ao ter um outro objectivo que não manter a casa arrumada e cuidar do meu filho, recuperei parte da minha paciência, da minha atenção e da minha leveza. Claro que quero sempre regressar o mais rápido possível a casa, claro que quero receber mensagens do meu marido a dizer que o pequenino está bem, mas a verdade é que este meu regresso era mais do que necessário para a minha saúde mental. 

         Ser mãe é realmente das melhores coisas que me aconteceram na vida, aliás, efectivamente a melhor, mas também das mais desgastante e as condicionantes externas não me ajudaram em nada nos últimos meses. O meu regresso era a minha maior necessidade e sei que o meu filho está bem com o pai, que partilhou a licença comigo. Se o pequeno sentiu a minha ausência? Sem dúvida, durante este tempo todo fui a principal cuidadora e custou-me imenso saber que não pegava no biberão, que não fazia a sesta de manhã porque sentia a minha falta, mas a verdade é que acabou por se habituar e compreender que a mãe regressa sempre. E regressa com um enorme sorriso, com muitos beijinhos para dar e com a capacidade de o colocar acima de todas as tarefas domésticas, que as atrasa até à hora de ele dormir apenas para lhe poder dar toda a atenção que merece.

        Ainda me sinto um ser muito estranho quando me questionam: "Deve-te estar a custar muito o regresso ao trabalho.", mas a verdade é que não. Talvez me vá custar quando não for deixar só com o pai, talvez mais tarde me vá custar mais quando o deixar na creche ou quando ele perceber que estou ausente e chorar, mas agora? Agora agradeço o meu regresso, precisava mesmo disto, de ser Terapeuta da Fala.

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