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justsmile

22
Ago18

Quando os nossos começam a envelhecer....

(Imagem retirada daqui)

 

        Envelhecer não é um processo fácil. Ver o nosso corpo perder capacidades é um dos processos mais complexos para o psicológico do ser humano, mas é natural. Todos sabemos que mais tarde ou mais cedo iremos começar a perder capacidades, por muito que se tenha uma boa alimentação, por muito que façamos caminhadas ou por muito que tentemos manter o nosso lado cognitivo a verdade é que o envelhecimento é inevitável. A memória já não começa a ser a mesma, a vista já não vê tão bem como há vinte anos atrás e até as pernas já não fazem tantos quilómetros. Raras são as excepções em que tais sinais não começam a demonstrar a idade, todos temos consciência disso. E com a idade o que também vêm? As doenças, aquelas coisas chatas, primeiro uma infecção aqui, depois uma queda acolá e assim vai nascendo uma bola de neve de problemas e problemazinhos que parecem aumentar em vez de diminuir. Eu tenho noção de tudo isso, aprendi, estudei, trabalhei com essas pessoas de idade. Sei bem o que é a velhice e a doença, sei o quanto custa para quem envelhece e para quem vê envelhecer, mas aprendi a lidar com a situação, afinal esse era o meu trabalho. Mas e quando é com os nossos?

         A avó que me ajudou a criar tem 87 anos. É a avó em que acordava de manhã e ia a correr dar-lhe um beijinho. É a avó que sempre me mimou e que fazia o melhor arroz de polvo do mundo. É a avó que todos os netos procuravam para fazer o leite com café com o pão integral na hora do lanche. É avó que montava o presépio na beira da janela, mesmo depois do avô ter partido. É a avó que cuidou do avô quando ele acamou. É a avó que ficou viúva há mais de quinze anos e que viveu na sua casa pelo menos mais sete. Mas também é a avó que há muitos anos que não cozinha. É a avó que há quase 10 anos vive de lamentos, que se foca nos seus problemas e que apesar do carinho, revive todos os dias os seus pequenos problemas sem pensar em mais nada e em mais ninguém. É a avó que se isola, que reza o dia inteiro e que pouco gosta de confusões. É a avó que tira a paciência a um santo, sempre com os mesmos problemas que aos nossos olhos nos parecem insignificantes. É avó que se queixa do joelho, da mão e dos gases, é a avó que vive de queixumes. É a avó que está quatro meses por ano em nossa casa, é a avó que vive com todas as filhas ao longo do ano. Mas é a minha avó. A idade transformou-a numa pessoa diferente, envelheceu-lhe a mente e a alma acabou por ir atrás. Pouco a reconheço da avó que conheci na infância, a velhice da mente transformou-a e apesar de não haver um nome para tamanha situação, sabemos que apenas a podemos atribuir à velhice. É verdade que nos tira a paciência, é verdade que é muito difícil lidar todos os dias com os queixumes de alguém que não consegue apreciar o que tem de tão bom na vida, mas nunca deixará de ser a nossa família. Nos últimos meses, desde Junho, tenho-lhe visto os sinais de envelhecimento surgirem com maior frequência e intensidade. A memória falha-lhe mais, dormita demasiado e, apesar de não ter sido em casa da minha mãe, as quedas nos últimos meses foram recorrentes, assim como a ida a hospitais de urgência. E é aqui que a alma se parte. Sabemos que a velhice é inevitável, sabemos que a idade traz dessas coisas e que a minha avó com 87 anos viveu imenso, talvez não sempre feliz (devido às nossas suspeitas de depressões), mas viveu com uma boa família. Tudo isso deveria dar-me um sorriso, mas tenho tido a alma apertada. A racionalidade não tem conseguido actuar sobre o meu coração de neta e pareço ter esquecido todas as lições que aprendi com o meu trabalho e com os meus estudos.

        Ver a minha avó cada vez mais frágil tem-me feito fraquejar. Evito-o demonstrar, evito-o verbalizar, mas admito-o perante mim que não estou a saber lidar muito bem com a situação. Talvez porque a alma da minha outra avó partiu comigo, talvez por ter tido de lidar com a morte da minha outra avó me faça agora estar mais sensível. Talvez seja tudo isso e mais alguma coisa, mas tenho tido o coração apertado e não tenho conseguido aliviá-lo. Vê-la tão longe, tão distante de quem era tem doído. Sei que pode recuperar e irá recuperar, mas o lado racional também sabe que a partir de agora vai ser sempre a piorar, a sua fragilidade irá só aumentar e irá necessitar cada vez mais de nós. Na teoria sei todo o procedimento, vi mais que um caso assim, sei quais são os próximos passos e sei que é necessário mentalizar a família para tal, mesmo com as recuperações, os males irão continuar a aparecer. Mas na prática? Na prática estou a ser apenas uma neta que vê a fragilidade da avó aumentar de dia para dia.

16
Abr18

Aprender: uma coisa de cada vez

 

       Sempre fui uma pessoa lutadora. Tudo o que tenho na vida foi às minhas custas e apenas adquirido com o meu esforço, nada me foi oferecido de mão beijada e se consegui alguma coisa foi porque me esforcei o máximo para o alcançar. Também não sou uma pessoa com a sorte do meu lado, mas batalho para criar a minha própria sorte e, umas vezes piores outras melhores, tenho conseguido alcançar tudo aquilo que desejo. No entanto, não sei se é da idade, se é a pressão de estar tão próxima dos 30, que sinto que quero tudo para agora, para já. Algo que até aqui não me tinha acontecido. Quero a casa, quero o casamento, quero voltar aos estudos, quero mudar de emprego. E custa-me pensar a longo prazo, custa-me pensar que depois dos 27 anos talvez ainda vá tirar uma outra licenciatura ou uma outra formação qualquer. Custa-me pensar que a casa ainda poderá demorar a ser construida. Custa-me pensar que Ele tem mais cinco anos em cima e que também preciso de compreender as suas necessidades e os seus objectivos. Mas custa-me ainda mais ter de, aos pouquinhos, adiar cada um dos objectivos e de reorganizar as minhas prioridades. Na minha cabeça sei que tenho de fazer uma coisa de cada vez, agora é o casamento e as obras para uma casa temporária, depois começar a construção da nossa casa para ainda conseguirmos um bom crédito no início e não no fim da casa dos 30, e só depois me poderei focar em estudar e em decidir o caminho profissional. Mas já não será essa a altura de pensar em filhos? Pelo menos é o que todos me tentam incutir, é o que todos me querem fazer lembrar, depois da casa são os filhos. Filhos que ainda nem sei dizer a 100% se terei coragem de os ter. Sei, conscientemente, que tem de ser uma coisa de cada vez, não porque não queira tudo ao mesmo tempo, não porque não tenha coragem de avançar com tudo e nem é por falta de força e vontade, é apenas pelo aspecto financeiro. Financeiramente sinto-me limitada em tudo e mais alguma coisa, sei que não sou a única, mas questiono-me muitas vezes como é que tanta gente consegue estudar, comprar casa e ainda preparar um casamento, tudo ao mesmo tempo. Eu sei que nas minhas posses não o consigo fazer, não tenho apoios financeiros que me auxiliem e tudo tem de ser adquirido com o meu trabalho, o meu suor e o meu esforço (e acreditem que faço muito). A minha batalha nos últimos meses foi mentalizar-me que preciso de fazer uma coisa de casa vez. Uma coisa de cada vez.

       Cada vez mais a idade é uma questão relativa e é isso que tenho tentado consciencializar-me. Para fazer um crédito habitação mais de 30 anos já é visto como uma grande desvantagem, no entanto para estudar é algo perfeitamente normal encontrar alguém, já depois dos 30, a fazer uma licenciatura ou a tirar um mestrado. E é isso que tenho tentado incutir na minha cabeça, que não preciso de ter tudo ao mesmo tempo, por muito que queira necessito de ter consciência das minhas fragilidades, dos pontos menos vantajosos de cada um dos meus objectivos e necessito de compreender que não estou a atrasar objectivos, estou a moldá-los, a adaptá-los à minha vida e aos tempos que correm. Não é fácil para quem tinha a vida, mentalmente, mais ou menos orientada ter de se adaptar a novas realidades, esta nova profissão que o diga, mas tenho-me adaptado e cada vez aceito melhor (sempre com uns dias melhores e outros piores) aquilo que a vida me tem dado. Uma coisa de cada vez. Tenho tentado manter o foco nos objectivos que são para agora, a casa e o casamento. O dinheiro que junto é para isso e para mais nada. As 50h de trabalho semanais são sempre feitas com estes objectivos na cabeça, dão-me força, dão me motivação para continuar e saber que daqui a alguns meses serão concretizados. Depois? Depois, mais tarde, sei que terei de fazer o mesmo com cada um dos objectivos que se seguem. Tudo tem apenas uma dependência, o aspecto financeiro (afinal nem eu, nem Ele recebemos qualquer tipo de fortuna, ou nada que se lhe pareça), mas é o dinheiro que faz o mundo girar e é também ele que nos irá permitir conquistar cada um desses objectivos, só precisamos de manter o foco. Ele já trabalha na área em que se formou e faz realmente o que gosta, nota-se quando fala do trabalho, mesmo que tantas vezes chegue a casa só a pensar nos problemas do trabalho. Sei que para mim isso ainda não acontece, mas antes de acontecer ainda tenho outros passos para dar na vida. E volto a pensar: Uma coisa de cada vez.

       Não é fácil, mas tenho tentado lidar com este pensamento da melhor maneira possível e a verdade é que tem sido cada vez mais fácil pensar assim. A idade faz-me questionar, mas basta-me tirar essa parte da equação que me vejo a alcançar tudo o que desejo. Afinal os novos 20 são os 30, certo? Uma coisa de cada vez. Este mantra tem-me ajudado a ultrapassar as minhas dúvidas existênciais no que diz respeito ao meu lado profissional e com isso tenho-me sentido mais leve. Uma coisa de cada vez e eu irei conquistar o meu mundo.

 

29
Mar17

Haverá uma idade para se casar?

(Imagem retirada daqui)

 

Quando era miúda não me imaginava a casar antes dos trinta anos. Achava que os trinta anos eram a idade ideal para se casar. Teria tido a oportunidade de viajar, de sair à noite com as amigas, de fazer voluntariado no estrangeiro, de viver sozinha, criar uma vida independente e uma estabilidade financeira. Numa espécie de mundo perfeito, imaginava que a modesta idade de trinta anos era o momento de me ligar a alguém para sempre. Até lá já teria conseguido tudo o que desejava alcançar sozinha. O que nunca imaginei foi encontrar um homem cinco anos mais velho que eu e que queria casar, assim a minha equação teve de ser ligeiramente alterada. No entanto, não acho que seja muito nova para casar, pois já alcancei muita coisa sozinha, nem que seja muito velha ao ponto de ter de acelerar o processo. Até à presente idade defini-me como pessoa, tornei-me objectiva e apesar de ter objectivos comuns com Ele, continuo a ter os meus objectivos pessoais. Nunca deixei de pensar por mim, apenas penso também por Ele e por nós.

Contudo, esta realidade de ser noiva e de contactar com outras noivas nas redes sociais tem-me ensinado que afinal os tempos não mudaram tanto como eu imaginava. Imaginava, não me perguntem bem porquê, que as mulheres dos tempos modernos estavam também focadas em si, nas suas carreiras, mesmo tendo alguém com quem partilhar uma vida e com quem quisessem casar. Pensei que as mulheres de hoje em dia queriam ser independentes, apesar de quererem partilhar as suas vidas com alguém, mas que quisessem passar pelo processo de crescer sozinhas. Antigos eram os tempos em que jovens se casavam com dezoito e vinte anos. Esses, na minha cabecinha, eram os tempos da minha mãe. Meninas, que simplesmente tinham como objectivo preparar um casamento e casar. No entanto, com este meu contacto aprendi uma nova realidade, há muitas, e muitas é sublinhado, jovens entre os dezoito e os vinte e um anos a preparar os seus casamentos para este ano ou o próximo. Pensava que os tempos tinham mudando, mas quando me apercebi que era das poucas noivas mais velhas do grupo (num grupo com mais de 1300 noivas portuguesas e lembro que tenho apenas 26 anos e caso com 27) fiquei ligeiramente assustada com a realidade. Nasci e cresci numa época em que a mulher já tem outros objectivos, para além do casamento, mas é ao ler jovens bem mais novas que eu me apercebo que os tempos estão a regredir (será regredir ou um novo avançar?). Eu tenho sim o objectivo de me casar, quero preparar o meu casamento, mas não estou a gerir a minha vida unicamente em volta desse acontecimento ao contrário do que tenho visto dos novos jovens. O objectivo é tamanho que algumas ainda não têm casamento, data ou até mesmo uma relação estável, mas têm muita coisa definida para o dia do casamento. Na minha mente, uma jovem de dezoito anos deveria estar preocupada com a sua carreira, com as saídas com as amigas, com as férias do verão, tudo menos em preparar um casamento. Acho que com estas idades ainda não estão suficiente amadurecidas para darem um passo tão grande na vida, considero que estas são as idades ideais para o auto-conhecimento e a descoberta de nós próprios (com raras excepções como é claro). Eu aos vinte e um anos apenas queria acabar o curso e sair com os amigos, começar a caminhar pela minha independência.

Não me interpretem mal, não estou a censurar quem tem estes ideais, estou apenas a partilhar a minha incompreensão para com eles, assim como acredito que existam pessoas que acham estranho eu achar que estou a casar antes da idade que tinha definida na minha cabeça. Apenas estou a apontar o estranho que é, se durante anos as mulheres lutaram por conseguirem estudar, conseguirem ser autónomas e de repente as presentes gerações quererem apenas o casamento ideal. É-me estranho, é uma realidade da qual não estava à espera de encontrar, mas claro que aceito e respeito. Aliás, com elas troco ideias para o dia do casamento assim como as aceito.No entanto, não deixo de considerar estranho casarem-se tão novas.

E depois de muita reflexão, haverá ou não então uma idade ideal para casar?

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