Chegamos ao terceiro trimestre de gravidez
E já são 34 semanas desta barriga que tem vindo a crescer a olhos vistos. Tem sido uma caminhada e tanto, mas admito que não tem sido o mundo cor-de-rosa que ansiava (como já partilhei por aqui). Sinto uma gratidão enorme dentro do peito por ter este ser a crescer dentro de mim, mas sinto-me cansada, confusa e um sentimento de culpa que nem sei bem de onde vem. Durante algumas semanas senti-me desmotivada, e nem sei bem com o quê, cansada, saturada de tantas preocupações na cabeça. Dei por mim e as lágrimas vinham-me aos olhos mais facilmente do que poderia imaginar, e nem consegui bem perceber o seu motivo, culpei as hormonas. Culpei a vida, culpei-me a mim, e depois vieram os remorsos por achar que só deveria estar concentrada neste bebé, o que tem estado longe de acontecer. Mas essas semanas acabaram por passar e voltei a sentir um bocadinho de mim mesma, mesmo tendo ainda o ano letivo do mestrado para terminar, mesmo estando o marido a ir todos os dias para a obra da casa nova e até mesmo com tantas contas e continhas na cabeça. Foram duas semanas que mexeram com o meu psicológico e que não consegui compreender, mas que acabaram por passar. Graças a Deus estamos os dois bem de saúde, com as queixinhas lamentáveis do último trimestre, com um rapaz que adora mexer-se e um cansaço que não sei bem de onde vem, até porque desde que ele se virou que me deixou dormir. Com uma anemia um bocadinho teimosa e com dores nas ancas a dormir que nem achava possíveis de existir. Na última consulta que tive com a minha médica de família ela só de olhar para mim comentou "Não está a achar um estado de graça à gravidez, pois não?", Não. A resposta é exatamente um não.
Acho que o que mais me afetou psicologicamente foi o facto de ser uma pessoa muito ativa, sempre cheia de projetos e com horários sobrelotados, mas que me deixavam feliz, de repente ficar sem energia para nada. Tenho-me desleixado com a casa, com a faculdade, comigo e até com as coisas deste bebé que está para vir. Sinto-me cansada e com vontade de vegetar o dia todo. E tudo isto faz-me confusão, pois tinha imaginado para mim uma gravidez super ativa, com desporto, com muitas leituras, com muitas saídas e convívios e a verdade é que sabe Deus onde vou arranjar a energia para sair de casa. As expectativas são tramadas ou as ideias pré-concebidas que temos na nossa mente, mesmo sem sabermos. Não tenho sentido esta gravidez como um estado de graça, apesar de estar imensamente feliz com este bebé, chegando ao ponto de recear parecer uma ingrata quando falo destes "senãos", mas não. Esta sensação é tão estranha que acabo por evitar falar no assunto, quando me questionam digo imediatamente "sim, estamos bem de saúde". Tenho uma gratidão enorme no peito por ter dentro de mim este bebé a crescer, adoro senti-lo mexer, vê-lo nas ecografias e começa a ansiedade de o conhecer no seu pleno.
Mas nem tudo é mau, claro que não! Estamos bem de saúde, a lidar com dores nas ancas, a anemia e o cansaço, mas sabemos que não são coisas muito graves e isso deixa-me tranquila. Gosto de ir às consultas e sentir o alívio de que está tudo bem, de que ele está bem e de que tem tudo para ser um bebé saudável, que é o meu maior desejo. Começo a sentir a ansiedade de o querer conhecer, a barriga tem crescido a olhos vistos, o miúdo já está virado e encaixadinho há uns tempos e começo a sentir o desejo de o conhecer. Não receio o parto, não receio o seu nascimento, pelo contrário, anseio-o (mas deixa passar as 37 semanas filho, já falta pouco!). Sinto-me feliz de cada vez que o sinto mexer-se, mesmo agora tornando-se ligeiramente doloroso. E sinto uma gratidão enorme por ele estar prestes a chegar às nossas vidas.
É impressão minha ou esta gravidez tem passado a voar?