Vou voltar à escola, loucura?
(Imagem retirada daqui)
Quando terminei o curso, em 2013, sabia que queria tirar o Mestrado. Não de imediato, pois queria experimentar o mercado do trabalho, mas que algures antes dos 30 anos gostava de ter isso realizado. Na minha cabeça, antes de casar, antes de ter uma casa e até antes de ter filhos. A verdade é que os planos nem sempre saem como imaginamos, as prioridades trocaram e apesar de se ter mantido um desejo meu, o Mestrado foi ficando para segundo plano, para "um dia". O tempo foi passando e com tanta coisa a acontecer nas nossas vidas o Mestrado nunca foi uma prioridade, aliás, na minha cabeça até estava engavetado num armário qualquer, bem escondido. Durante uma das nossas noites de conversas, entre mim e o maridinho, daquelas em que falamos dos planos financeiros e que fazemos pontos de situação, apercebemo-nos que neste momento descontamos imenso para IRS e que no contexto escolar o grau de Mestrado começa a fazer-me alguma falta, nomeadamente para dar formações de forma autónoma. Foi quando Ele sugeriu para me candidatar ao Mestrado, em mim abriu-se aquela gaveta que estava fechada há tantos anos e fiquei a ponderar se não seria uma verdadeira loucura. Com uma casa em construção que acaba por nos tirar algumas horas de sono, com trabalho extra até dizer chega para conseguir dar resposta a todas as contas que a casa nos apresenta e ainda com uma vida doméstica, onde iria eu conseguir encaixar horas para estudar e para assistir a aulas? Se era algo que queria muito? Sim, sem dúvida. Algo que me faria crescer a nível profissional? Nem sequer o posso questionar. Então porque não? Porque aqueles receios do desconhecido, que há tempos aqui falei, voltam sempre.
Inicialmente, Ele sugeriu que era a altura ideal, que se haveria alguém capaz de o fazer era eu, Ele simplesmente deu-me a força e a coragem que precisava para dizer que sim, talvez até fosse possível. Talvez não da forma que tinha idealizado, até porque trabalhar continua a ser uma prioridade e neste momento até uma necessidade, mas que haveria de conseguir, se não em dois anos, talvez em três ou quatro, mas que iria conseguir. Ele conseguiu acreditar em mim como eu não o tinha feito, apesar depois se ter questionado, como questionei a mim própria, se iria aguentar com tudo. E foi quando dei o salto de olhos fechados, vamos a isso! Preparei tudinho e lá me atirei do penhasco, para ver se havia rede no fundo. Não sabia se entraria, havia a grande possibilidade de tal acontecer, mas nada estava dado como certo e foi então que vi COLOCADO. E aonde? Questionam-se vocês. No mesmo sítio onde tirei a minha licenciatura, àquele sítio que um dia disse que não queria voltar, que não queria reviver. E foi aqui que a parte racional de mim teve de trabalhar, para conseguir combinar a área de estudo que queria, com o meu emprego, as minhas horas extras, a minha vida familiar e ainda um Mestrado, a localização era realmente essencial e por isso, mesmo não tendo sido a minha primeira escolha emocional, tive de escolher a opção racional e optar por voltar à casa onde nasci como Terapeuta da Fala.
Voltar à casa onde conheci algumas das minhas melhores amigas, é agridoce, mas as memórias que acabam por me assaltar a mente são as menos positivas. Não fui uma pessoa que viveu o 'espírito do ensino superior' da melhor maneira, demasiado focada em acabar e em desejar terminar o curso, eram realmente essas as minhas prioridades e pelo caminho senti-me muitas vezes injustiçada, incompreendida, por outro lado sei que foram todas as adversidades que lá vivi que me fizeram ser a pessoa que sou hoje. E hoje irei regressar uma pessoa totalmente diferente, mais confiante de si mesma, com um auto-conhecimento de quem sou e do que quero muito mais consistente, uma profissional com experiência e já conhecimento, mas... Mas lembro-me daquela miúda que passou o 3º ano do curso a fazer-se de dura e a chorar às escondidas, que no dia em que 'queimou as fitas' chorou de alívio por ter terminado um percurso tão duro e que saiu de lá com a necessidade de se encontrar. Não era o meu sonho um dia lá voltar, mas hoje matriculei-me e espero que tudo seja diferente e que o sonho seja igualmente concretizado. A seu tempo, sem pressões, sem enlouquecer, mas com a vontade e o desejo de um dia vir a ser mestre.
Desejem-me sorte, porque tenho a certeza de que vou precisar e muita!