Já vos tinha admito que inicialmente não estava muitas expectativas para a minha viagem ao México, mas as coisas foram mudando um bocadinho com o tempo. Assim que a lua-de-mel foi adquirida oficialmente, decidi começar a minha investigação dos locais que queria visitar. É claro que era a lua-de-mel, é claro que queria descansar dos meses extremamente cansativos que tinha tido nos últimos tempos, mas também queria conhecer um bocadinho da cultura. Afinal, não ia fazer nove horas e meia de viagem apenas para ficar fechada no hotel! Desta forma iniciei as minhas pesquisas pelo Pinterest e o entusiasmo com a viagem começou a crescer. As cenotes pareciam ser locais fantásticos e as ruínas pareciam ser locais com história e essência. Logo, antes ainda da nossa partida para o México já sabia os locais que queria visitar e aquilo que não poderia faltar experimentar na viagem, afinal ir ao México e não ver a Chichén Itza seria a mesma coisa que ir a Paris e não ver a Torre Eiffel.
Logo no primeiro dia no hotel decidimos marcar as excursões, já ia com a ideia dos valores que me tinham proposto em Portugal através de email e assim teria a oportunidade de compreender se as excursões do hotel seriam mais ou menos vantajosas. A verdade? As excursões no México são caríssimas, mas nós decidimos não arriscar em irmos sozinhos fosse a onde fosse, o contexto é completamente diferente do que estamos habituados e tudo o que valia a pena ver ainda ficava a algumas horas do hotel. Comparando preços, as excursões do próprio hotel ficavam ao mesmo preço do que nos tinham proposto em Portugal e decidimos optar por aquela em que o seguro que tínhamos seria válido. A primeira excursão: Chichén Itza, ruínas de Ek Balam e Cenote Las Palomitas.
A primeira excursão que fizemos ocupou-nos por um dia inteiro e começou bem cedo, ainda mal os olhos aguentavam abertos, mas foi um dia cheio de cultura e novas experiências. A primeira paragem foi em Chichén Itza, uma das sete maravilhas do mundo. A pirâmide Maia que impressiona pelo seu simbolismo, misticismo e a sua história. A sua grandeza histórica não se compara ao seu tamanho físico, trinta metros de altura são insignificantes nos dias de hoje, mas se formos a tentar contextualizar a época em que foi construida e o seu significado é de uma tamanha grandeza que apenas nos sentimos meros espectadores de um espectáculo criado por mentes sábias. O povo Maia era um povo cheio de simbolismo, nada era feito por acaso e tudo tinha a sua explicação. Os degraus não foram colocados à sorte, as serpentes não foram apenas para enfeitar e muito menos a altura da pirâmide. E é tudo isso que torna o povo Maia num povo de tanta sabedoria! O espaço em que se encontra a Chichén Itza está cheio de história e sente-se logo ao entrar, no momento em que nos vemos rodeados de ruínas. É uma sensação inexplicável estar ali, no momento em que história aconteceu. O que me passou pela cabeça? O quanto deveríamos ter aprendido com o povo Maia em vez de algures no tempo os termos considerados 'adoradores do diabo', se calhar se tivéssemos aprendido um bocadinho da sua sabedoria seriamos pessoas mais evoluídas e cultas.
De um local tão mágico fomos para outro, que apesar de mais pequeno, tinha uma beleza crescente. Apesar de não ser tão grandioso como Chichén Itza, Ek Balam pareceu-me ser mais bonito, talvez por estar mais rodeada pela floresta, talvez por simplesmente ser mais próximo ou até por ser uma das poucas pirâmides que se pode subir até ao topo. Ek Balam são ruínas Maias, em português, o Templo do Jaguar Negro. O Jaguar era para o povo Maia um Deus, tal como a Serpente e este templo é assim conhecido porque no topo da sua pirâmide, onde o Rei tinha o seu trono, o que envolve a sua entrada é a boca do Jaguar. É um templo fantástico e pela primeira vez subimos à pirâmide. Tenho vertigens, mas nunca deixei de fazer fosse o que fosse por causa disso, então subi os trinta e dois metros de altura, em escadas estreitas, escorregadias e consegui alcançar a magnífica vista do parque. Uma vista que vale a pena, uma vista rodeada de floresta e ruínas e só por isso já compensa enfrentar todos os medos e mais alguns. Adorei visitar este parque, diferente de Chichén Itza, mas com uma envolvente fantástica que não se consegue sentir noutro sítio. Fiquei extremamente surpreendida com estas ruínas e adorei cada minuto que lá passei.
A última paragem de um dia tão intenso foi na Cenote Las Palomitas, em português Cenote das Pipocas. As cenotes são uma espécie de grutas em que podemos nadar, cavidades na terra que eram consideradas sagradas pelos Maias e que serviam para alguns rituais de sacrifícios (mas o que não servia para sacrifícios para os Maias?). As cenotes eram uma das minhas maiores expectativas na ida ao México e sem dúvida que cumpriram com as mesmas. As cenotes são locais maravilhosos, lindos e cheios de encanto. Existe nelas uma natureza natural que é incomparável à mão humana, a sua profundidade, a sua água límpida e transparente cruza-se com as estalagmites e estalactites que se encontram sobre nós. A água? Apesar da sua beleza é do mais gelada que há e só entrei nela porque seria ridículo não o fazer, porque admito que a vontade de entrar numa água tão fria não era muita. Apesar de tudo, toda a envolvente tornou o cenário perfeito e valeu cada segundo que lá passei.
Ainda tivemos a oportunidade de passar por duas cidades mais tradicionais Mexicanas, sabem aquelas que vêem nos filmes e nas novelas? Precisamente aquilo que vi em Valladolid, uma cidade cheia de casinhas baixas, cheias de cor e com um pequeno mercado que dá vida à cidade. As referências católicas estão por todo o lado e as igrejas ainda do tempo da invasão dos espanhóis encontram-se ainda de pé e com pessoas por perto. Uma cidade completamente encantada e cheia daquela imagem que tanto tinha do México e dos Mexicanos.
Nesta excursão o almoço estava incluído e adorei porque tive a oportunidade de experimentar comidas mais tradicionais Mexicanas (aqui a je estava com tanta fome na altura que nem se lembrou de tirar fotografias). Provei a Sopa Tradicional de Yucatan, região onde se encontrava a Cenote, que era simplesmente maravilhosa, uma espécie de canja com pimentos e lima. Experimentei um guacamole caseiro que era mil vezes melhor que o do hotel, comi tortillas e ainda um taco típico da zona. É bom podermos sair um bocadinho do hotel e ver a realidade do país. É claro que nem tudo é perfeito, ainda se vê muita pobreza entre os Mexicanos, mas segundo nos indicou a guia, muitos deles querem viver aquele tipo de vida, pois vivem conforme os seus ideais. Muitos ainda são os Maias que vivem em casas de terra batida, com os telhados de palha, mas não são pessoas tristes, são simpáticos e com boa disposição e se é uma questão de opção e ideais, quem somos nós para o questionar?
Esta foi sem dúvida uma viagem cheia de surpresas, cheia de cultura e que valeu mais do que a pena. A primeira parte da viagem está por aqui.
P.S.1: Imagens de Just Smile e d'Ele.
P.S.2: Li há alguns anos O Orgulho Asteca e o Sangue Asteca e com esses livros fui para o México a saber mais sobre a sua história do que alguma vez poderia imaginar. Os livros dão mais conhecimento do que uma guia, mas é a experiência que nos faz interiorizar os seus conceitos.