Envolve-te
(Imagem retirada daqui)
É fácil falarmos que na nossa terra nunca acontece nada. É fácil dizer que os jovens nunca querem fazer nada e que já não se fazem convívios como antigamente. É ainda mais fácil criticar o estado de que as pessoas são pobres e que passam fome. É tudo muito fácil de se dizer quando falamos, mas fazer? Fazer é outra coisa. Quantos de vocês não criticam ou criticaram o facto de "não se fazer nada", fosse a sociedade, fosse o município ou até o vizinho? Quantas vezes já não ouvi que "na terrinha nunca há festas, nunca há nada para as crianças, nem uma equipa de futebol!". Quantas não foram as vezes que ouvi dizer, da boca de quem nunca o fez, que se deveria fazer voluntariado para ajudar os outros. Já ouvi tudo isso e muito mais de pessoas que nunca deram nada à sua comunidade. Pessoas que encontram o mal e os erros em tudo o que é feito, mas que nunca deram um único passo para fazer melhor ou simplesmente fazer.
Desde pequena que me lembro de estar envolvida na minha comunidade próxima, desde o tempo do ciclo. Talvez não muito pelos meus pais, porque a verdade é que nunca foram muito pro-activos. Talvez nem tenha sido muito pelos meus irmãos, apesar de a minha irmã ter estado um bocadinho mais ligada à comunidade que o meu irmão. Talvez até tenha sido pelos meus primos e padrinhos que sempre os vi mais dinâmicos na terrinha. Mas a verdade é que desde os tempos da escola que me lembro de estar em todos os clubes e mais alguns, torneios, festas e organizações de fosse o que fosse. Lembro-me de o meu maior sonho ser fazer voluntariado internacional e ainda hoje tenho orgulho de desde cedo ter começado a ajudar tudo e todos no que fosse necessário (talvez por isso também esteja na profissão que estou). O que não me lembro, tirando a época da faculdade, é de não ter estado envolvida em rigorosamente nada. A vida nem sempre o permitiu e não fui mais longe no voluntariado, mas nunca deixei de ser voluntária em causas da minha terra. Ajudar numa organização aqui, ajudar numa festa ali e até numa recolha acolá. Ao contrário de muitos, eu não só falei, como agi.
Hoje em dia todos criticam, mas poucos agem. Cada vez mais me consigo ver longe dos valores que esta nova sociedade defende. A crítica está de acesso fácil e fazemo-nos ouvir das formas mais absurdas e menos credíveis, mas a verdade é que as palavras negativas se propagam de uma forma muito mais rápida do que as palavras positivas. A crítica tem afectado a nossa sociedade como se de uma verdade absoluta se tratasse, o que cada vez menos se vê são os actos. Cada vez menos as pessoas se querem envolver em associações, em causas humanitárias, cada vez menos nos preocupamos com os outros e cada vez mais nos vemos como o centro da terra. E o problema? É que cada vez menos vejo as pessoas a fazerem pela mudança e cada vez mais a queixarem-se do que está por fazer. E hoje chamo a atenção para isso, porque para vermos mudança é necessário fazermos parte dela. É necessário envolvermo-nos na sociedade. É necessário realmente virar a cara e observar o próximo, não apenas olhar, observar. É preciso deixar as palavras de ficarem pairadas no ar e agarra-las e torná-las em acções. É preciso mexermo-nos. Chega de sofá, chega de lamentar, chega de dizer que falta fazer isto e aquilo. Levanta-te, mexe-te e envolve-te, só assim a mudança no mundo começará.