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justsmile

19
Out18

Envolve-te

(Imagem retirada daqui)

 

      É fácil falarmos que na nossa terra nunca acontece nada. É fácil dizer que os jovens nunca querem fazer nada e que já não se fazem convívios como antigamente. É ainda mais fácil criticar o estado de que as pessoas são pobres e que passam fome. É tudo muito fácil de se dizer quando falamos, mas fazer? Fazer é outra coisa. Quantos de vocês não criticam ou criticaram o facto de "não se fazer nada", fosse a sociedade, fosse o município ou até o vizinho? Quantas vezes já não ouvi que "na terrinha nunca há festas, nunca há nada para as crianças, nem uma equipa de futebol!". Quantas não foram as vezes que ouvi dizer, da boca de quem nunca o fez, que se deveria fazer voluntariado para ajudar os outros. Já ouvi tudo isso e muito mais de pessoas que nunca deram nada à sua comunidade. Pessoas que encontram o mal e os erros em tudo o que é feito, mas que nunca deram um único passo para fazer melhor ou simplesmente fazer.

      Desde pequena que me lembro de estar envolvida na minha comunidade próxima, desde o tempo do ciclo. Talvez não muito pelos meus pais, porque a verdade é que nunca foram muito pro-activos. Talvez nem tenha sido muito pelos meus irmãos, apesar de a minha irmã ter estado um bocadinho mais ligada à comunidade que o meu irmão. Talvez até tenha sido pelos meus primos e padrinhos que sempre os vi mais dinâmicos na terrinha. Mas a verdade é que desde os tempos da escola que me lembro de estar em todos os clubes e mais alguns, torneios, festas e organizações de fosse o que fosse. Lembro-me de o meu maior sonho ser fazer voluntariado internacional e ainda hoje tenho orgulho de desde cedo ter começado a ajudar tudo e todos no que fosse necessário (talvez por isso também esteja na profissão que estou). O que não me lembro, tirando a época da faculdade, é de não ter estado envolvida em rigorosamente nada. A vida nem sempre o permitiu e não fui mais longe no voluntariado, mas nunca deixei de ser voluntária em causas da minha terra. Ajudar numa organização aqui, ajudar numa festa ali e até numa recolha acolá. Ao contrário de muitos, eu não só falei, como agi.

     Hoje em dia todos criticam, mas poucos agem. Cada vez mais me consigo ver longe dos valores que esta nova sociedade defende. A crítica está de acesso fácil e fazemo-nos ouvir das formas mais absurdas e menos credíveis, mas a verdade é que as palavras negativas se propagam de uma forma muito mais rápida do que as palavras positivas. A crítica tem afectado a nossa sociedade como se de uma verdade absoluta se tratasse, o que cada vez menos se vê são os actos. Cada vez menos as pessoas se querem envolver em associações, em causas humanitárias, cada vez menos nos preocupamos com os outros e cada vez mais nos vemos como o centro da terra. E o problema? É que cada vez menos vejo as pessoas a fazerem pela mudança e cada vez mais a queixarem-se do que está por fazer. E hoje chamo a atenção para isso, porque para vermos mudança é necessário fazermos parte dela. É necessário envolvermo-nos na sociedade. É necessário realmente virar a cara e observar o próximo, não apenas olhar, observar. É preciso deixar as palavras de ficarem pairadas no ar e agarra-las e torná-las em acções. É preciso mexermo-nos. Chega de sofá, chega de lamentar, chega de dizer que falta fazer isto e aquilo. Levanta-te, mexe-te e envolve-te, só assim a mudança no mundo começará.

10
Mai18

Alguém me explica? #4

 

        Como é que subitamente somos todos tão puros e tão críticos? Depois da primeira semi-final da Eurovisão as críticas tornam-se fortes relativamente a coisas que me parecem absurdas, nomeadamente o sketch do Herman José que apenas me parece uma crítica aos portugueses e não ao Sr. Britânico (aqui), mas ainda assim todos ficaram extremamente ofendidos. Isso e ainda críticamos o inglês da Catarina Furtado (aqui)? A sério? Alguém me explica como todos temos cursos de criticismo e como de repente todos nos tornamos tão púdicos que não sabemos encontrar a piada em lado nenhum? É que eu não consigo perceber...

 

18
Out17

O país dos bons juízes

(Imagem retirada daqui)

 

"Galicia faz manifestações por causa de quatro mortos provocados pelos incêndios.

Portugal perde dezenas de vidas por causa dos incêndios e chora-se."

 

    Esta foi uma das frases que li pelo Facebook nos últimos dias. Apesar de concordar, de quem veio impressionou-me. É de alguém que nunca participou numa manifestação, que nunca fez nada pelo país e que apenas sabe falar mal de Portugal. Veio de alguém que fazia parte dos que choram, dos que vêem as coisas passar, que se queixam e que nada fizeram para melhorar o país. E como esta frase vi tantas outras que acompanham este exemplo. E vindas de tantas outras pessoas que sempre se sentaram no sofá, assistiram às notícias e nada fizeram. De pessoas que nunca souberam o que é participar numa manifestação, de pessoas que nunca levantaram a voz para defenderem os seus ideais na escola, quanto mais agora em adultos. São pessoas que apenas se revoltam e se revolucionam nas redes sociais, pois quando chega a hora de se levantarem no sofá dói-lhes as pernas. Já diziam os Deolinda:

"Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer..."

      Pessoas sempre demasiadas ocupadas para fazerem parte da acção, mas que arranjam sempre dois minutos para deixarem as palavras cheias de ira e de revolta pelas redes sociais. Pessoas que têm sempre uma resposta na ponta da língua, uma solução para qualquer problema e uma sugestão pronta a dar. Por incrível que pareça nunca participaram em actividades voluntárias, nunca fizeram nenhum tipo de cartaz e nem sequer fizeram por melhorar o local onde vivem, quanto mais o país. Mas são pessoas sempre cheias de ideias, de argumentação e de soluções! Hoje, são bons juízes das redes sociais. Hoje sabem dar as sentenças a quem surge, sabem dizer qual o problema e sabem como o resolver, mas meter as mãos na massa? Isso que sejam os outros, pois a parte deles, que era apontar, já foi feita.

      Hoje é esta a minha visão do povo português. Sempre prontos para a palavra, que cada vez mais perde o seu 'dom'. Sempre prontos para chorar as desgraçadas e criar a confusão nas redes sociais. Mas e a acção? Já participei em manifestações. Já fiz cartazes. Já levantei a voz sozinha quando achei necessário. Já fiz voluntariado. Já fiz parte de muita coisa na minha terra. E vocês? O que fizeram para melhorar o nosso país? É que falar, de pouco serve. Criticar não muda, senão mudarmos.

 

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