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justsmile

22
Fev19

Dos dias que enchem o coração

(Imagem retirada daqui)

      Ser Terapeuta da Fala, como em tantas outras profissões, nem sempre é fácil. Por vezes temos casos em que não vemos a melhor evolução, por muito que demos voltas para atingir um objectivo. Não somos propriamente uma profissão bem remunerada (longe disso, na verdade), por vezes não nos oferecem boas condições de trabalho e até se torna complicado de gerir horários e adaptar-se aos mais variados contextos. Temos trabalho que chegue para dar, vender e até arrendar, mas nem sempre somos reconhecidos, mesmo com todos os nossos esforços. Somos por vezes desvalorizados pela sociedade, pelos nossos clientes e até pelos seus familiares. É duro trabalhar-se com e para pessoas, mas raro é o dia em que não me sinto grata por este trabalho. É verdade que há dias maus, muito maus. Ainda há poucos dias senti a paciência esgotar, senti que os meus esforços não me estavam a levar a qualquer tipo de lugar, até mesmo que a situação era um perdido. Contudo, quando paro para pensar e compreender tudo o que envolve aquilo que faço diariamente, sinto apenas uma gratidão enorme no peito.

        Não são todos os dias sorridentes e cheios de raios de sol, mas pelo menos todos os dias tenho uma prova de que o sol pode realmente brilhar. Aquele miúdo que já dá menos um erro. Aquela criança que já consegue fazer uma história com pernas e cabeça. A professora que diz notar já alguma diferença e até aqueles miúdos que querem é ir para a terapia, mesmo que não seja sempre cheia de jogos. São esses pequenos pormenores, aquelas pequenas gargalhadas com erros superficiais que me fazem sorrir. Aquele miúdo que pela primeira vez diz o som /s/ em condições, aquele que ao fim de anos de Terapias diz pela primeira vez o som /l/ e até aquele que é o terrorista no intervalo e que em Terapia é uma das crianças mais motivadas. São estas pequenas vitórias que me fazem adorar a minha profissão, são estas pequeninas conquistas (que aos olhos dos outros parecem insignificantes) que dão um verdadeiro significado à minha profissão, à minha vida profissional. Foi disto que senti saudades nos dois últimos anos em que trabalhei como administrativa, foi destas pequenas conquistas, dos pequenos reconhecimentos, dos sorrisos e das pequenas vitórias. Foi desta sensação de ter o coração cheio que senti tantas vezes saudades. Nem sempre é fácil, existem dias terríveis, mas em todos eles termino o dia com um raio de sol dentro de mim. Posso garantir que em 98% dos meus dias termino-os com o coração cheio. E há dias, em que o coração fica ainda mais cheio, não pelas nossas conquistas, mas as deles e isso? Isso é ser-se Terapeuta da Fala.

23
Out17

A amizade quando crescemos

(Imagem retirada daqui)

 

      Nunca fui pessoa de ter muitos amigos. Não saio todos os fins-de-semana com os meus amigos. Não falo todos os dias com os meus amigos. Alguns nem são de tão perto quanto isso. Não temos longas conversas por telefone. Não usamos o Skype e nem nos vemos todos os meses. Aliás, somos capazes de passar meses sem nos vermos, às vezes até sem falarmos. No entanto, sei que estão lá, sei que existem. Sei que fazem parte da minha vida e se ligar a dizer que estou em apuros estão dispostos a ajudar-me. Em tempos não foi assim. Em tempos tinha amigos com quem saia todas as semanas, com quem ia a todas as festas e mais algumas, com quem combinávamos café a meio da semana e ao fim-de-semana. Eram amigos que estavam sempre presentes, eram o grupinho. Vendo bem, ao longo da vida tive sempre um 'grupinho' de amigos.

     Hoje as coisas são diferentes. Os grupos foram-se desfragmentando e ficaram apenas uma ou outra pessoa de cada um deles. A vida foi acontecendo e aos poucos, sem nos apercebermos bem como, os encontros começaram a escassear. As mensagens por telemóvel diminuíram e as conversas no messenger já são raras. A idade trouxe a falta de paciência para se ser amigo por meios virtuais. A idade trouxe a falta de vontade de estar constantemente a mandar mensagens. A idade trouxe obrigações, trouxe o cansaço de uma semana de trabalho e trouxe a reorganização de prioridades. Mas o mais giro? É como essas amizades se mantém. Apercebi-me disso quando comecei a fazer a minha lista de amigos para o casamento, os amigos de sempre, dos jantares, dos aniversários e com quem acabamos mais por sair como casal foram imediatamente incluídos. Amigos mais próximos d'Ele do que de mim, mas que sempre foram meus amigos, alguns antes d'Ele existir na minha vida. Depois comecei a pensar naqueles que são os meus amigos, com quem saio sozinha, com quem tomo café, com quem janto e apercebi-me que não são muitos os que considero a sua presença essencial no meu dia, mas porra como são bons! Aqueles que me são estritamente essenciais são amizades com mais de dez anos, amigos do secundário que me acompanharam sempre. São poucos, são. Mas sobrevivem a tudo, a esta vida de correria, às poucas mensagens e às poucas conversas. Sobreviveram ao cansaço, às mudanças de vida e às voltas de 180º. São amizades que sobreviveram à distância, ao tempo e até às diferenças. No entanto quanto estamos juntos o tempo não parece ter passado. A afinidade, a amizade estão lá, as conversas são sobre o presente e o futuro e sinto em nós um crescimento delicioso.

      Tenho poucas amizades minhas, por mais alguns dedos da mão conto aqueles com quem tento estar de tempos a tempos. São pessoas que pouco vejo, mas que a ligação nunca se quebrou. São as pessoas que me viram crescer, que me viram evoluir e fico orgulhosa por as ter na minha vida. Olho para nós e vejo como estamos crescidos, como antigamente as nossas conversas eram tão limitadas e como agora são tão filosóficas. E é tão bom ter amizades assim, daquelas que duram anos, daquelas que obrigamo-nos a estar juntos algumas vezes por ano. Daquelas que fazemos um esforço para marcar, remarcar e voltar a marcar se for necessário até encontrar a data certa para aquele café, para aquela conversa. Em tempos achei que era pouco afortunada na amizade, hoje olhando para as minhas maiores amizades com mais de 10 anos, algumas com quase 20 anos, sinto-me uma sortuda. São estas amizades que sinto que vale a pena, em que sou eu própria, em que me sinto à vontade dizendo as maiores parvoíces do mundo e que sei que estão lá para se rirem comigo. Compreendi com a idade que amigos verdadeiros são aqueles que nos acompanham durante a vida, são aqueles que com o tempo ficam, que com os problemas aparecem e que nunca deixam de serem considerados amigos.

        Hoje sinto-me uma sortuda com as pessoas que tenho na minha vida. Poucas, mas boas!

15
Mar17

E fiquei com o coração nas mãos...

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Estão a ver esse menino branquinho, debaixo dos meus óculos? Pois bem, ele na segunda-feira decidiu deixar-me na mão. Ao fim de dois anos e quatro meses decidiu que era altura de ir tirar uns dias a um hotel e abandonou-me. Para disfarçar cometeu uma espécie de suicídio apenas para sair de casa. Por isso, a sina do fim das garantias continua para estes lado. Ele já diz que tem medo que eu lide com aparelhos tecnológicos, que eles comigo pressentem o fim da garantia e decidem tirar férias. 

Este menino, que me é tão querido, que tanto me custou a pagar e pelo qual me apaixonei perdidamente, decidiu simplesmente não ligar. Num dia estava tudo normal, eu a ver cozinhas no IKEA com Ele e no dia seguinte nada. Na segunda-feira peguei nele com o intuito de rever o português do relatório d'Ele para a Ordem dos Engenheiros e nada! NADA! Fiquei imediatamente com o coração nas mãos, experimenta carregador, troca carregador, tenta ligar, tenta mexer, e NADA. Primeiro pensamento que me passou pela cabeça: F***-se! Já nem me recordava se tinha feito extensão da garantia ou não, já nem me lembrava se tinha sequer guardado a maioria das coisas no disco externo. Aliás, ainda nem verifiquei até que ponto é que tenho grande parte da minha vida no disco externo. Por milagre, lembrei-me que no momento em que comprei este menino pensei 'com a sorte que tenho é melhor fazer extensão da garantia para esta coisa tão cara!' e só tenho a dizer, ainda bem que o fiz. Ainda não sei o que se passa com ele, imagino que seja a motherboard ou a fonte de carregamento da bateria, mas a verdade é que três dias sem ele me fizeram aperceber do quão dependente estou do meu computador. Gosto do telemóvel e tal, mas o meu computador é o menino dos meus olhos.

E agora? Agora é esperar ter sinais de vida dele e esperar que me consigam preservar a memória e que o tratamento esteja dentro da garantia.

Oh sorte a minha e eu com tanta coisa para fazer!

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