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justsmile

13
Jun16

Novo emprego, nova profissão

(Imagem retirada daqui)

 

Há uma semana atrás comecei um novo emprego numa nova profissão e, apesar de ter sentido a necessidade de fazer o luto da minha área de formação, até estou a gostar. Após quatro anos para tirar uma licenciatura em saúde, após dois empregos na área e muiiiitos meses de desemprego, senti que a minha área não me retribuía. Todo o esforço que era feito num trabalho dava-me condições precárias e ordenados terríveis, já para não falar das ofertas mirabolantes que recebi. Contrato era um mito para trabalhar como Terapeuta da Fala e os famosos recibos verdes uma constante. Na elaboração do meu plano B estava planeado voltar a estudar numa área completamente diferente da minha. Sentia-me triste com a minha área ser subestimada, sentia-me tremendamente desiludida e que todo o mundo cor-de-rosa que me tinham transmitido na universidade, não passava afinal de uma nuvem negra. Planeava uma área que me desse mais segurança, mesmo que menos satisfação pessoal, e em que pelo menos houvesse emprego, então passou-me pela cabeça 'Administração e Contabilidade'. Vejam a ironia do destino, após 8 meses sem um emprego a tempo inteiro estou a trabalhar como assistente e administrativa, numa empresa que me tem dado imenso trabalho de contabilidade, facturação e gestão de recursos humanos. Posso não perceber nada da coisa, aliás, não percebo e o patrão sabia-o melhor que ninguém, ainda assim aceitou dar-me uma oportunidade e propôs-me um contrato, com probabilidade de entrar no quadro da empresa, com um bom ordenado e ainda à portinha de casa. A única coisa que precisava de ter: vontade de aprender e humildade para aceitar que me ensinassem. Aceitei, na hora! No fundo estava cansada de ser posta de lado na minha área, cansada de rejeições e até cansada de rejeitar aquilo que achavam ser um trabalho perfeito (que no fundo era uma espécie de escravidão!). Chorei, chorei por sentir que com uma estabilidade não iria querer voltar a colocar-me na posição de desempregada. Chorei porque sei que agora não me posso dedicar tanto tempo a procurar trabalho da área. Mas também sorri e sorri muito. Consegui um emprego. Consegui um trabalho digno que valoriza o trabalhador, que lhe paga todos os direitos (isto de receber aos feriados ainda me faz confusão) e que lhe dá oportunidades. Consegui um trabalho perto de casa. Consegui e só por isso já me senti mais viva, mais concretizada, mais relaxada e mais feliz.

É fora da área, parece que estudei anos a fio para agora não lhes dar valor. Mas é tudo mentira, muito do que aprendi no curso deu-me capacidades para agora trabalhar onde estou. Tudo o que aprendi na faculdade serve agora de base para o que estou a aprender a fazer como assistente, pode não ter termos técnicos de saúde, mas as competências que preciso estão cá e nunca penso que o que estudei, ou o curso que tirei será tempo perdido. Disso não me arrependo. Não fiquei agarrada a uma licenciatura, e penso que para quem não quer emigrar isso é essencial. Dói, dói um bocadinho claro, não digo que não, mas tudo o resto tem compensado. O bom ambiente no trabalho, o pessoal disponível para ajudar a qualquer momento e um patrão que se preocupa com os empregados. Quando me perguntam se estou a gostar, digo que ainda é muito cedo para o dizer, passou pouco mais de uma semana, o que não sabem é que não ter elevado as expectativas quanto às minhas funções naquele local tem-me feito sentir feliz a cada momento que aprendo algo novo em que sei que irei ser útil.

É um novo emprego, uma nova profissão, mas também um novo recomeço que só peço para que corra bem!

 

11
Fev16

Vida de desempregada #15

(Imagem retirada da Internet)

 

Tempo de desemprego: 153 dias.

Número de anúncios na área: 21 (talvez menos?).

Número de anúncios respondidos fora da área: perdi-lhes a conta.

Número de entrevistas: 1+2 (1 fora da área e 2 na área).

Número de currículos entregues em mão e via online: recuso-me a contar, a última vez eram 302.

Respostas: 27.

 

Faz precisamente hoje 5 meses de desemprego, talvez o primeiro e este último mês tenham sido os mais difíceis deste processo todo. Parece que a maré está a quilómetros de distância e nem remar contra ela consigo. Neste último mês muita coisa me passou pela cabeça e comecei a criar na minha cabeça um Plano B para não entrar em desespero total (que já estive bem mais longe disso). A tudo isto continua a sorte a não estar presente e pequenas coisas a complicarem-me mais a vida do que a facilitarem. O rol de propostas absurdas batem o seu recorde e as entrevistas esquisitas têm também adquirido uma nova perspectiva desta minha condição de desempregada. De momento encontro-me apática quanto à minha situação profissional e respondo a anúncios de forma tão automática que acabo por me esquecer de onde e para quê respondi. As respostas são quase nulas e a espera deixou de ser espera, mas uma vida normal em que já não se pensa num futuro. Cansei-me de ter a esperança sempre activa e deixei-a paradinha durante uns tempos, assim não sinto na pele tantos baldes de água fria. Apercebi-me que não há falta de trabalho, mas sim de emprego, pois as oportunidades para ser-se explorado existem como pragas, assim como os trabalhos à comissão e de call-centers. Compreendi ainda que se queria trabalhar na minha área a ilusão de um contrato é um mito, que ao procurar já nem penso na existência de tal condição.

O último mês foi complicado, este espero que mais tranquilo, mesmo não pensando que a minha condição de desempregada se venha a alterar brevemente.

Há que manter os pés assentes na terra.

29
Jan16

Contrato, um mito dos tempos modernos

(Imagem retirada da Internet)

 

Ontem, num acto já de desespero e de fadiga pela minha condição de desempregada, falei com Ele da possibilidade de emigrar (nem comento o que adveio daí, porque não é disso que venho falar). Durante a conversa surgiram-me alguns argumentos que até agora não tinha realmente estado consciente, um deles é que na minha área já nem acredito na existência de contratos. Quando respondo a um anúncio ou envio uma proposta de trabalho para qualquer entidade, imagino imediatamente que as condições passem pelos degradantes Recibos Verdes. É que aqui a Just já nem sequer coloca em questão que poderá existir alguma entidade na minha área a procurar trabalhadores para os colocar a contrato. Digam-me o quão deprimente é a situação.

Em três anos de que terminei a licenciatura um deles foi a recibos verdes e os restantes meses de experiência apenas tiveram contrato porque houve uma inspecção no gabinete do patrão, senão até hoje teria na Segurança Social a informação de que nunca tinha tido um contrato. Na minha área já desisti de sequer pensar que virei a encontrar um emprego a tempo inteiro e se conseguir conciliar part-times já terei muita sorte. Referência importante, estou na área da saúde, sou Terapeuta da Fala e não vejo sequer a ínfima possibilidade de brevemente (vá, prazo de 5 anos) conseguir um contrato que seja, a não ser que caia um santo do altar. Ao falar-lhe na possibilidade de emigrar fiz exactamente esta referência e Ele apenas acenou e à minha questão de 'Mesmo que consiga mais que um trabalho na área a recibos verdes, como poderemos avançar na vida com a instabilidade e inconstância de um ordenado?', nada me respondeu sabendo que tinha razão.

A área da Saúde é uma das mais importantes da sociedade, mas a mais subestimada. Não há apoios, nem aos pacientes nem aos profissionais, e somos tratados de uma forma tão descartável que somos capazes de ganhar BEM menos que uma empregada doméstica (já me propuseram ganhar, 1,98€ por sessão e 2€ à hora). Na área d'Ele, Engenharia, já não é bem assim e, além da contínua procura, não existem estas propostas absurdas como na área da Saúde. Recibos verdes não são a palavra do dia e Ele nem conhece tal situação. E agora questiono-me, porquê tal discrepância?

Para mim a palavra contrato é um paraíso num horizonte longínquo. Um mito antigo em que os meus pais possuíam contratos duradouros. Uma palavra para todas as áreas excepto a da Saúde. Contrato é uma palavra que ainda não faz parte da minha área profissional.

 

P.S.: Há excepções e tenho alguns amigos a contrato, mas são tão poucos que se contam pelos dedos de uma mão.

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