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justsmile

23
Set20

Sonhos de criança podem concretizar-se

(Imagem retirada daqui)

           Quando era pequena sonhava em construir a minha própria casa. Os meus pais tinham-no feito, os meus padrinhos, tios, avós e por aí adiante. Construir, um dia, a minha própria casa parecia fazer parte do percurso natural da vida. Na terrinha quase todos os pais dos meus amigos também tinham construido as suas casas, o que me fazia parecer ainda mais natural ter esse objectivo na vida. Sonhava em construir uma casa tradicional, com o seu telhado vermelho e uma vedação branca em volta, com um bocadinho de jardim e até um bocadinho de horta para ter sempre tomates e alfaces no verão. Crescer na aldeia dava-me esses sonhos de criança, tão naturais como respirar.  

          Lembro-me de ter cerca de 12 anos e desenhar plantas de como gostaria de um dia ter uma casa, de a planear na minha cabeça e de como um dia teria a minha casa bem pertinho de toda a família. No entanto a vida levou-me a crescer, inevitabilidades, e esse sonho começou a parecer-me algo impossível de concretizar. Comecei a deixá-lo para trás, para o fundo da caixa, o meio financeiro em que crescia não me proporcionava a sonhos financeiramente elevados e os apartamentos começaram a parecer a solução mais natural. O tempo passava e parecia-me ser o novo normal, sair da terrinha e ir crescer para uma cidade. A verdade é que a cidade nunca me atraiu, apenas de uma forma temporária e sabia que o meu maior desejo era ficar pela terrinha, no entanto a falta de construção para venda na terrinha me fez acreditar que nunca seria um local para criar a minha família. Até que o conhecia a Ele.

         Ele que não queria sair da terrinha por todas as razões e mais algumas e eu no fundo sabia que era ali que queria estar, mas nunca achei que isso fosse possível. Contudo, até a cigana me tinha dito que um dia ia realizar o meu maior sonho e construir a minha própria casa (claro que na altura ri-me feita perdida e não acreditei em nada até ela ter dito o nome d'Ele). Na altura que começamos a procurar casa, perdemos imediatamente a expectativa de construir, os terrenos na nossa aldeia estavam absurdamente caros, casas nem vê-las e até chegamos a encontrar um apartamento pelo qual me apaixonei e a um preço bastante amigável. Mas, quis o destino, que na véspera de dizermos que sim ao apartamento nos aparecesse a proposta de um terreno a um preço também ele amigável e na terrinha. Eu queria o apartamento, Ele o terreno e ficamos ali horas a matutar sobre a decisão ideal a tomar, até que seguimos o coração e lá compramos o terreno.

          Admito, que até hoje não achava possível, parecia demasiado longínquo, um empreendimento inalcançável, mas a verdade é que começou a acontecer. Na semana passada começamos a ver as coisas acontecerem, mesmo com toda a minha incredulidade, receios e medos (a coisa é tão definitiva) parece que o sonho se começou a concretizar. Se calhar, a cigana sempre tinha razão, afinal acertou que Ele era o amor da minha vida, só falta ver se casa se concretiza a 100%.

 

06
Jan17

Já vos contei a história da cigana?

(Imagem retirada daqui)

 

Quem me conhece sabe que sou um quanto ou tanto séptica, acredito quando vejo com os meus próprios olhos, daí não acreditar em astrologia, nem em videntes e nem em outras coisas místicas. No entanto, há uma história em que se não se tivesse passado comigo não teria acreditado. Uma história um tanto ou quanto improvável, uma história tipo cena de cinema com um presságio bom.

Estávamos na altura em que Ele se tinha declarado à pouco tempo, em que aqui a Just usou a famosa frase de 'Estás-te a fazer ao piso?'. Altura em que à relativamente pouco tempo eu tinha terminado a relação com o meu Antigo, altura de confusão no cérebro, de uma mistura enorme de sentimentos e uma incógnita do que deveria fazer à minha vida amorosa. Num passeio de amigas a Lisboa, em que apenas uma das melhores amigas da universidade sabia a história, decidimos parar em Belém para comprar os famosos pastéis e para almoçar. Depois de uma demorada espera pelas sandes que se viriam a tornar no nosso almoço, sentamo-nos em pleno jardim para devorar o pequeno-almoço/almoço. Enquanto devorávamos o almoço, uma cigana meia-desdentada, já com um ar muito envelhecido e cansado aproximou-se de nós.

- Vou dizer o nome do teu verdadeiro amor. -Disse ela dirigindo-se a mim e agarrando-me na mão sem pedir sequer autorização.

- És uma rapariga muito forte - continuou ela ao passar os dedos pela minha mão livre, que a outra ainda estava agarrada à sandes. - Já passaste muito, mas és revolucionária, não gostas de injustiças e não gostas de ser mandada. Mas és muito boa e só queres praticar o bem. Gostas de ajudar os outros e já passaste o teu mau bocado, mas isso tornou-te mais forte. És muito independente. - E lá continuou a senhora e eu a sorrir, pois tudo o que vinha da boca dela eram palavras que poderiam ser dirigidas a qualquer pessoa. Enquanto ela falava da pessoa que eu sou, que fui e que continuo a ser as minhas colegas olhavam embasbacadas para a cena toda sem compreenderem nada e eu apenas sorria. - Vais ter muito sucesso na tua vida profissional, vais brilhar imenso. - Naquele momento lembrei-me de uma conversa que tinha tido recentemente com a minha mãe sobre como ela dizia que eu ia brilhar na vida e comecei a dar mais atenção àquela mulher. - Vais subir muito na vida, vais ter os teus problemas, mas nunca vais desistir e vais ter muito sucesso. Vais ter dois filhos, um menino e uma menina e vais concretizar o teu maior sonho que é construir a tua casa. - Ok, até aqui nada de anormal. Parecia ser uma cigana perfeitamente banal que tem a mesma ladainha para toda a gente. Disse um ou outro pormenor sobre a minha vida, mas a sorte poderia estar do lado dela.

- Mas o teu problema neste momento está no teu coração, acabaste agora uma relação (que só uma amiga ali presente sabia) e estás sem saber o que fazer. O homem de olhos verdes, alto e cabelo loiro fez-te bem durante muito tempo, mas agora não, ele agora não está ao teu nível e tens de deixar partir, não é com ele que vais ficar. Ele não te vai procurar mais, por muito que queira o orgulho é maior. Ele vai ter muitos ciúmes quando tomares a decisão, mas tu tens de seguir o teu coração e o que o teu coração diz é o mais acertado. Esquece os problemas e segue o teu coração porque é com um rapaz alto, moreno e que usa óculos que vais ficar e o seu nome é... - Bem, depois dela ter descrito completamente o meu Antigo (com mais alguns pormenores da sua personalidade que não são agora para aqui chamados) e de ter dado os pormenores d'Ele fiquei estagnada a olhar para a mulher. - O nome é ELE.

E caiu-me tudo, todo o meu cepticismo caiu em terra naquele momento. Juro que a cigana disse o nome d'Ele com todas as letras. As minhas colegas ficaram a olhar para mim com ar de parvas e eu completamente sem reacção que até comecei a tremer. Parecia que não, mas na altura andava numa revolução de sentimentos e não sabia bem como reagir a toda aquela conversa. A minha mãe já tinha dito para eu não me afastar d'Ele, uma vez em conversa quando já tinha terminado com o Antigo, e depois ainda tinha vindo a cigana aumentar a insistência para não me afastar d'Ee. Enquanto estava eu envolvida nos meus pensamentos, a cigana leu a sina às minhas colegas e eu fiquei apenas absorvida no meu mundo que nem ouvi o que ela lhes disse. No fim, quando se voltou a aproximar de mim agarrou-me outra vez a mau e disse que tinha vindo ter comigo por uma razão, porque eu brilhava.

- Tens uma aura tão bonita, brilhas tanto. Há tanta gente a tentar-te fazer mal por inveja e tu nunca recebes esse mal porque não ligas e esse mal reflecte-se neles. Tens uma luz pura e por isso achei que devia vir ter contigo. Nunca deixes esse brilho e olha que a vida vai ter os seus baixos, mas tu vais ficar ao lado d'Ele e vocês vão morrer de velhinhos juntos.

De longe a longe ainda me lembro das palavras da cigana, que já não estão tão fieis na minha memória como já chegaram a estar, mas a verdade é que seguir o meu coração foi o melhor conselho que alguma vez me deram. E hoje, passado três anos eu e Ele estamos mais 'juntos' que nunca.

E depois de tudo isto, em que eu e Ele estamos juntos, em que começamos a sentir próximo de nós o facto de construir a nossa casa de sonho, como é que seria possível não ficar na dúvida sobre estas artes místicas? 

 

P.S.: Às vezes gostava de ir outra vez àquele lugar e encontrar a cigana, mostrar-lhe que tinha razão (talvez tirando a parte profissional, mas isso ainda pode mudar).

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