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justsmile

03
Fev17

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela

(Imagem retirada daqui)

 

Nem sempre aquilo que sonhamos para nós é o melhor para atingirmos os nossos objectivos. 

Quando terminei a faculdade não me imaginava a fazer outra coisa que não Terapia da Fala. Trabalhar sozinha foi uma das maiores realizações que senti, sem ter de dar contas a fosse quem fosse, a não ser aos meus pacientes, e de uma autonomia que toda a vida tinha ambicionado. Terapia da Fala tinha sido aquilo que desejava para mim, saúde, misturado com o contacto com as pessoas, com a minha necessidade de fazer o 'bem' e de interagir, mas sempre de uma forma autónoma sem ninguém me dizer como o deveria fazer. Durante dois anos trabalhei como terapeuta, apesar do trabalho precário, das horas mal pagas, do trabalho de casa que tinha e da carga de pacientes, achava que tudo isso compensava para fazer o que gostava. E bastou-me, até voltar ao desemprego. Durante o desemprego a escravidão na minha área profissional não era uma opção e procurei trabalho em fosse o que fosse. Mas não procurei simplesmente por procurar, eu desejava era mesmo um emprego, um trabalho em que me pagassem por aquilo que fazia. Procurei, aceitei um emprego temporário e foi quando aceitei um emprego a tempo inteiro fora da área que me apercebi: Nem sempre aquilo que sonhamos para nós é o melhor para atingirmos os nossos objectivos. Sempre sonhei com um emprego na área, mas também sonhei com a construção de uma casa, viagens e a progressão na minha carreira. No entanto, com as oportunidades que tinha tido em Terapia da Fala nunca na vida iria conseguir ter a estabilidade que queria para cumprir esses objectivos de forma independente. Foi quando deixei a minha área, totalmente de lado, há oito meses atrás que ponderei tudo isto e desde então que já neguei oportunidades de trabalho em Terapia da Fala simplesmente porque ia ganhar muito menos do que ganho agora e não ia ter segurança nenhuma (malditos recibos verdes). Nesse dia fiz o luto de um sonho, que ainda se pode vir a realizar, mas que parece cada vez mais distante. 

Desse lado, e pessoas que me conhecem, questionam-me se continuo a procurar na área. E digo que sim, mas apenas boas oportunidades, e essas parecem não surgir. Na altura em que aceitei ser administrativa/assistente e semi-contabilista, vi-a as coisas negras para o meu futuro, o receio de não gostar, o receio de me conformar com o que tinha e deixar de investir em mim e outros tantos medos que surgem quando rumamos em direcção ao desconhecido. No entanto, ao fim de oito meses apercebo-me de uma coisa, fiz a opção acertada. É verdade que se fechou uma porta, uma porta que me parecia ser dada como garantida e o mais certo para mim, mas por outro lado abriu-se uma nova janela. Trabalhar noutra área tem-me ensinado muito, sobre adaptação, resiliência e aceitação do meu lugar, pois pela primeira vez desde que trabalho que tenho um chefe. É estranho, pensar que nunca quis nada disto para mim, mas agora que aqui estou gosto. Longe estou de odiar o que faço, mesmo que não seja Terapia da Fala. Longe estou de dizer que aceito ficar com recibos verdes para perder o que tenho neste momento. A verdade é que abertura desta janela na minha vida me está a dar oportunidade de pensar numa casa, num casamento e em viagens. Se por um lado me dói deixar de fazer aquilo que achava que me encaixava que nem uma luva, por outro lado penso que só assim estou a conseguir crescer em todos os outros aspectos da minha vida.

Se fico triste? Não, mas acho que por agora mantenho uma pequena mágoa por não fazer aquilo que realmente gostava, mas é uma mágoa que não é constante. Apenas surge quando estou com amigas da faculdade, quando falo ainda com antigos doentes, ou quando olho para trás e vejo que as minhas qualidades enquanto profissional de saúde foram reconhecidas, mas não aproveitadas. Contudo, do pior tive uma sorte enorme. Mas também lutei por ela, procurei, batalhei e trabalhei em coisas que nada tinham a haver comigo, mas finalmente sinto-me (quase) no sítio certo.

Fechou-se uma porta na minha vida, mas abriu-se uma janela para um novo mundo que nem sabia ser para mim, mas do qual gosto de fazer parte.

 

P.S.: A quem tem medo de procurar trabalho fora das áreas profissionais, arrisquem. Há sempre forma de voltar atrás e quem sabe essa janela não venha cheia de oportunidades num novo mundo.

13
Jun16

Novo emprego, nova profissão

(Imagem retirada daqui)

 

Há uma semana atrás comecei um novo emprego numa nova profissão e, apesar de ter sentido a necessidade de fazer o luto da minha área de formação, até estou a gostar. Após quatro anos para tirar uma licenciatura em saúde, após dois empregos na área e muiiiitos meses de desemprego, senti que a minha área não me retribuía. Todo o esforço que era feito num trabalho dava-me condições precárias e ordenados terríveis, já para não falar das ofertas mirabolantes que recebi. Contrato era um mito para trabalhar como Terapeuta da Fala e os famosos recibos verdes uma constante. Na elaboração do meu plano B estava planeado voltar a estudar numa área completamente diferente da minha. Sentia-me triste com a minha área ser subestimada, sentia-me tremendamente desiludida e que todo o mundo cor-de-rosa que me tinham transmitido na universidade, não passava afinal de uma nuvem negra. Planeava uma área que me desse mais segurança, mesmo que menos satisfação pessoal, e em que pelo menos houvesse emprego, então passou-me pela cabeça 'Administração e Contabilidade'. Vejam a ironia do destino, após 8 meses sem um emprego a tempo inteiro estou a trabalhar como assistente e administrativa, numa empresa que me tem dado imenso trabalho de contabilidade, facturação e gestão de recursos humanos. Posso não perceber nada da coisa, aliás, não percebo e o patrão sabia-o melhor que ninguém, ainda assim aceitou dar-me uma oportunidade e propôs-me um contrato, com probabilidade de entrar no quadro da empresa, com um bom ordenado e ainda à portinha de casa. A única coisa que precisava de ter: vontade de aprender e humildade para aceitar que me ensinassem. Aceitei, na hora! No fundo estava cansada de ser posta de lado na minha área, cansada de rejeições e até cansada de rejeitar aquilo que achavam ser um trabalho perfeito (que no fundo era uma espécie de escravidão!). Chorei, chorei por sentir que com uma estabilidade não iria querer voltar a colocar-me na posição de desempregada. Chorei porque sei que agora não me posso dedicar tanto tempo a procurar trabalho da área. Mas também sorri e sorri muito. Consegui um emprego. Consegui um trabalho digno que valoriza o trabalhador, que lhe paga todos os direitos (isto de receber aos feriados ainda me faz confusão) e que lhe dá oportunidades. Consegui um trabalho perto de casa. Consegui e só por isso já me senti mais viva, mais concretizada, mais relaxada e mais feliz.

É fora da área, parece que estudei anos a fio para agora não lhes dar valor. Mas é tudo mentira, muito do que aprendi no curso deu-me capacidades para agora trabalhar onde estou. Tudo o que aprendi na faculdade serve agora de base para o que estou a aprender a fazer como assistente, pode não ter termos técnicos de saúde, mas as competências que preciso estão cá e nunca penso que o que estudei, ou o curso que tirei será tempo perdido. Disso não me arrependo. Não fiquei agarrada a uma licenciatura, e penso que para quem não quer emigrar isso é essencial. Dói, dói um bocadinho claro, não digo que não, mas tudo o resto tem compensado. O bom ambiente no trabalho, o pessoal disponível para ajudar a qualquer momento e um patrão que se preocupa com os empregados. Quando me perguntam se estou a gostar, digo que ainda é muito cedo para o dizer, passou pouco mais de uma semana, o que não sabem é que não ter elevado as expectativas quanto às minhas funções naquele local tem-me feito sentir feliz a cada momento que aprendo algo novo em que sei que irei ser útil.

É um novo emprego, uma nova profissão, mas também um novo recomeço que só peço para que corra bem!

 

03
Jun16

'Depois da menina casada não faltam pretendentes'

(Imagem retirada daqui)

 

A minha mãe sempre me disse, que quando surgisse uma oportunidade viriam logo duas ou três atrás. Depois de ter estado 8 meses desempregada consegui finalmente um part-time. Nada de muito especial, mas que melhorou imediatamente o meu estado psicológico, assim como iria ajudar-me a pagar as contas. No dia em que assinei contrato respondi a um anúncio para assistente numa empresa aqui da minha terrinha. Respondi na perspectiva de 'descargo de consciência', mas também porque continuava à procura de um emprego a tempo inteiro (como é óbvio um ordenado de part-time não serve para muito). Surpresa a minha quando fui chamada para uma primeira entrevista. Sem dúvida uma das melhores entrevistas que tive nos últimos tempos, apesar de não estar preparada psicologicamente para falar e escrever em inglês. Contudo, saí de lá com poucas expectativas, diga-se de passagem que nunca fui assistente nem secretária, apesar de ter muitas dessas competências por outras experiências da vida. Para minha grande surpresa contactaram-me para ter a entrevista com o patrão um dia depois, foi aí que o meu cérebro começou a trabalhar em excesso: 'Qual será o ordenado', 'É fora da área...', 'E agora? Não posso deixar onde estou dos pés para a mão', 'Será definitivo?', 'Oh vou á entrevista e não devo ficar e não!', 'Será que vou gostar?', tentei lutar contra esta tendência de analisar tudo antes de saber fosse o que fosse. Fui para a entrevista, a três minutos da minha casa, e depois de ter ouvido um pequeno resumo sobre a vida do patrão, depois de ter feito um pequeno resumo sobre a minha vida, ouço da parte do patrão que a decisão já estava tomada e que só dependia de mim se queria ou não ficar. Ora, com as condições maravilhosas que o patrão me tinha anunciado anteriormente, um trabalho mesmo à porta de casa como nunca tinha imaginado, era impossível dizer que não. Melhor: quem, no seu perfeito juízo iria deitar a perder um trabalho a três minutos de casa, com um ordenado muito bom e com perspectiva de ficar efectivo? Eu não iria ser! Saí de lá com a confirmação que na próxima semana começo um novo trabalho, num horário normal e que me irá trazer alguma estabilidade na vida.

Ainda não fui capaz de deitar foguetes, pensar que irei ter de aguentar os dois trabalhos durante algum tempo não vai ser fácil, entrar às 9h e sair às 19h num e entrar às 20h e sair às 24h noutro. Além de que sinto que tenho de fazer um bocadinho o 'luto' da minha área de formação. Sei que toda a gente me diz que tenho de continuar a procurar, que tenho de continuar a lutar, mas a verdade é que vai ser difícil deixar um trabalho que me dá umas condições fantásticas, estabilidade e um bom ordenado, para continuar a procurar por propostas ridículas, recibos verdes e instabilidade financeira. Sei que me pode surgir o 'euromilhões' da área, mas sinceramente não acredito muito nisso, até porque o cargo que assumi é de elevada responsabilidade e não posso estar a deixar alguém na mão apenas para ir a entrevistas, ou seja o que for. Mas vou desligar o complicómetro (que até não costuma estar tão activo quanto isso), acreditar que vou gostar do que vou fazer, acreditar que as próximas semanas a trabalhar em dois locais vão passar rápido e que vou aguentar e principalmente, felicitar-me por esta oportunidade que surgiu e por finalmente conseguir pensar em organizar a minha vida. 

E hoje, nunca a frase da minha mãe fez tanto sentido, 'depois da menina casada não faltam pretendentes', só espero que não surjam mais nos próximos tempos para conseguir respirar um bocadinho.

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