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justsmile

14
Dez16

Manter segredos numa aldeia?

(Imagem retirada daqui)

 

Eu e Ele temos um segredo. Um segredo nosso que depende de outras pessoas. Um segredo que nos vai ajudar a concretizar sonhos e a avançar na vida. Eu e Ele temos um segredo que com pouca gente partilhamos. Eu e Ele temos um segredo na aldeia em que vivemos.

No entanto, sinceramente começo a achar que de segredo já tem pouco, apesar de vocês ainda não o saberem. Aliás, da nossa boca só não é segredo para os nossos pais, os meus irmãos, uma tia e um ou outro amigo que achamos melhor contar, de resto mais ninguém ouviu nada da nossa boca. No entanto, ambos somos da mesma aldeia e se há coisa que é difícil manter numa aldeia é um segredo. A pouco e pouco temos ouvido, indirectamente comentários sobre esta nossa resolução. Não, nunca me vieram perguntar directamente e muito menos a Ele, contudo têm perguntado aos nossos pais a cada possibilidade. Olha o teu filho vai fazer aquilo? Olha é a tua filha que vai mesmo avançar? O engraçado disto tudo é não perguntarem directamente na fonte, mas sim por outros meios, acho que no fundo as pessoas têm vergonha de nos perguntarem se é ou não verdade aquilo que dizem (diga-se de passagem que no ano passado corria o rumor de que em Setembro de 2016 me ia casar).

 Quando nos metemos no assunto em questão, sabíamos que mais tarde ou mais cedo o rumor andaria no ar. No entanto, decidimos que não sairia da nossa boca até ao momento da sua concretização, não queríamos e nem queremos agoirar algo que tanto desejamos. Sabíamos que a poeira iria acabar por levantar, não fazíamos era a menor ideia de que iríamos ser alvo de tanta curiosidade, talvez por realmente não termos sido nós a responder. Eu sei que para uns isto é motivos para um enorme nó na cabeça, alguns são contra estas situações e por isso acabam que viver na aldeia é um terror. Eu no fundo até acho uma tanta graça andar por aí como se nada fosse e toda a gente se questionar se será ou não verdade. Manter um segredo numa aldeia é quase impossível, se existirem mais pessoas implicadas que nós próprios. Contudo, para mim rumores é sinónimo de aldeia, nunca me deixei afectar por eles, mas no fundo sempre lhes achei certa graça.

A poeira anda por aí e nós mantemo-nos caladinhos (apesar de eu andar numa ansiedade enorme em contar-vos), pelo menos até ao momento da sua concretização.

03
Nov16

Ai o raio do galo!

(Imagem retirada daqui)

 

Há três noites seguidas que tenho um despertador às 4h00 da madrugada. E não, não é um passarinho como costuma dizer a música, é mesmo um galo. O raio da vizinha decidiu mudar o galinheiro de sítio, em vez de estar a uns quantos metros longe da minha casa, agora as galinhas e o dito galo andam à solta bem perto das janelas da minha casa. Na primeira noite ouvi um barulho estranho, mas estava tão cansada que nem me apercebi do que se passava. Na terça, na quarta e esta noite já não aconteceu a mesma coisa, identifiquei bem o barulho que me acorda às 4h00 e às 6h00 da manhã. É o raio de um galo que deve ter problemas com as cordas vocais, porque não só não aprece um galo como parece um carro velho que nunca mais pega. O raio do galo começa a madrugar quando o sol ainda nem está a nascer e depois vai de hora a hora cantando as badaladas como se eu quisesse acordar! Para melhorar ainda a situação, o galo mau cantor ainda entra ao desafio com o galo da outra vizinha, em vez de ouvir um galo já ouço dois. Um até parece mesmo galo, o seu cantar é o mais famoso, mas raios para o rouco que em vez de poupar a goela ainda aumenta a sua música (ou será mesmo ruído?).

Já sugeri à minha mãe fazer um arroz de cabidela, coisa que nem aprecio, mas em casos extremos até vai. Já pensei em pegar numa chumbeira e matar o dito cujo, mas cá em casa não há dessas coisas. Pensei ainda em atirar-lhe um balde de água fria, mas não me parece que lhe fosse acertar. Hoje, venho aqui, desesperadamente pedir-vos dicas de como calar o raio do galo. Juro que há três noites que tenho este despertador terrível e já não sei como o calar.

 

P.S.: Sim, sou mesmo menina da aldeia.

 

03
Out16

Coisas da Aldeia: As vindimas

IMG_1879.JPG

Nasci e cresci na aldeia, local ainda hoje vivo e no qual gostaria de permanecer o resto da minha vida. Gosto das tradições que a preenchem e das pequenas tarefas da vida do campo. A chegada do Outono é uma das alturas preferidas para cá viver, é o início da queda das folhas, das transformações das cores das folhas, mas também a época das vindimas. Esta altura traz-me sempre memórias de uma infância feliz.

Este ano, tal como em tantos outros as vindimas foram feitas em casa, em família e em convívio. As cestas vieram para o campo, a roupinha mais velha foi trajada e as luvas foram calçadas. O trator preencheu o som que nos envolvia, mas também o riso e as vozes dos pequenos que não deixavam as nossas pernas e que tentavam apanhar os bagos que caiam ao chão. Este sim, foi um óptimo ano de vindimas, quase como os tempos antigos. Todos conversávamos, todos nos riamos, todos tentávamos envolver as crianças, mas sempre com um olho a ver qual a próxima partida que pregavam. Foi o primeiro ano em que tivemos tantos pequeninos no campo, foi o primeiro ano em que se usou uma prensa com motor e o primeiro ano em que nos voltamos a reunir todos. Há anos que não o fazíamos nesta altura. Este foi um ano de vindimas, de cheiro a vinho doce e de mãos pegajosas, de pequenos bagos à boca enquanto se apanham outros, mas principalmente de reunião.

IMG_1881.JPG

Este ano as vindimas na terrinha souberam-me tão bem como as da infância, e nem o facto de ter crescido tanto me fez sentir pior. Foi bom estar envolvida pelo campo, pela família e amigos, mas principalmente por aquele ambiente tão familiar que tão boas recordações me dá da minha infância.

Sou orgulhosamente da aldeia e acho que são estes pequenos momentos, em que apenas um aldeia o permite, em que me sinto a pessoa mais feliz do mundo.

 

P.S.: Fotografias de Just Smile.

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