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justsmile

31
Dez22

Um adeus ao ano das conquistas

(Imagem retirada daqui)

        2022 foi um ano cheio de desafios, mas a melhor palavra para o caracterizar é realmente "conquistas". Não consigo ver este ano de uma outra forma. Em 2021 começaram muitos projectos que se viram realizados e concretizados em 2022, daí ser um ano de muitas conquistas.

      Iniciei 2022 grávida e termino o ano com um bebé que já tem mais de quatro meses. A casa ainda estava numa fase bastante rudimentar em Janeiro e terminamos o ano com as mudanças. Assim como comecei o mestrado em 2021 e em 2022 dei por terminado o primeiro ano. Mas para que tudo isto acontecesse houve muito esforço, muito trabalho, muitas lágrimas, muitos sentimentos novos e muita resiliência.

        A gravidez não foi um processo fácil, psicologicamente, achei que o meu corpo daria mais do que realmente deu. Aos seis meses fiquei em casa por pura exaustão, até então tinha continuado a trabalhar que nem louca, com o mestrado às costas e a casa à perna. Não foi fácil, foi um processo de difícil assimilação, compreender que tinha parado para proteger a minha saúde e a da minha Ervilha, até porque, pela primeira vez na minha vida sentia-me plenamente concretizada a nível profissional. O bebé foi muito desejado, só nunca tinha pensado que o meu corpo se iria tão facilmente a baixo. Partilhei alguns desses momentos com vocês, a ambiguidade que é ser mãe e profissional, assim como compreendi que a gravidez não é nenhum estado de graça (pelo menos para mim não foi). Foi também um caminho muito solitário, muitas vezes foram as vezes que chorei silenciosamente por me sentir sozinha, por não me sentir compreendida e apreciada. E foi quando compreendi que a gravidez, e agora a maternidade, são momentos da vida cheios de ambiguidades. Se por um lado estamos imensamente felizes por trazermos uma nova vida ao mundo, por outro lado sentimo-nos tão sozinhas como nunca tínhamos estado na vida. Se por um lado não pensamos duas vezes se o voltávamos a fazer, porque a resposta será sempre sim, a verdade é que acabamos por deixar de nos conhecer. Esta caminhada começou na gravidez e continua agora na maternidade, tem sido uma caminhada longa e acredito que ainda tenha um longo caminho a percorrer, mas um dia destes acredito que vos direi "já me sinto eu, um novo eu". Apesar de tudo, de não ter gostado da gravidez, de me ter sentido mais sozinha que nunca e mesmo com todas as lágrimas que derramei, ser mãe foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. Nunca pensei gostar tanto de ser mãe, como gosto, e a verdade é que se realizou um sonho a dois e o Xavier nasceu do nosso amor. Dou todos os dias graças por este bebé que veio transformar as nossas vidas e torna-la imensamente melhor.

       A casa deu-nos muitas vezes dores de cabeça ao longo do ano, atraso atrás de atraso, algo que nenhuma grávida quer ouvir. A casa acabou por me roubar muitas vezes o marido e acabei por ficar ressentida quanto a isso, como é óbvio as hormonas de grávida não ajudaram. A verdade é que as coisas acabaram por se resolver e se não viemos para a casa nem em Junho, nem em Julho, nem em Agosto, nem em Setembro... pelo menos viemos em Dezembro. A casa foi um longo processo, com uma duração de quase dois anos, foi duro, muito duro, mas acredito que daqui a alguns meses as memórias difíceis se comecem a esbater e fiquem só as boas e a sensação de conquista. E um conselho: nunca façam mudanças de casa com um bebé!

        E o mestrado foi algo que pensei não ser capaz de fazer, quando iniciei trabalhava imensas horas e no entretanto engravidei. Fui sempre com o espírito de "vai-se fazendo", mas a verdade é que em Julho, lá estava eu sentada numa cadeira da faculdade a fazer um exame em recurso e com o Xavier quase a nascer. No dia em que soube que tinha passado no exame, depois da segunda tentativa, senti-me uma super-mulher (sentimento que não se voltou a repetir). Estava a gerar uma vida dentro de mim, a construir uma casa e tinha conseguido completar o primeiro ano do mestrado. Foi uma sensação única, de empoderamento, de conquista e de resiliência. É verdade que desde que fui mãe ainda não peguei na tese, mas será um passo a dar para breve.

         2022 foi então o ano destas conquistas. Ser mestranda, ser mãe, ser dona de uma casa e ser uma profissional que adora o que faz. Se me questionei se estava no caminho certo? Mais de mil vezes. Se me questionei se estava a ser boa profissional/mãe/esposa/filha/amiga? Outras tantas mil vezes. Mas 2022 ensinou-me que podemos ser tudo isso, e que é preciso confiar. Confiar em nós, no tempo e no destino. Caramba, 2022 foi realmente um ano em grande e só lhe consigo mostrar um enorme sorriso.

           Que venha daí 2023 com tanta coisa boa! 

 

03
Jan22

Pela primeira vez... Não tenho resoluções de ano novo

(Imagem retirada daqui)

        Pela primeira vez em muitos anos de blog, e até de mim mesma, que não consigo fazer uma lista de resolução de ano novo. Não consigo fazer uma lista que me dê o desejo de concretizar neste novo ano em que entramos e não é por me sentir desmotivada, muito longe disso, é simplesmente porque nos últimos tempos tenho deixado a vida correr. Simplesmente aprendi que quando tenho os horários mais sobrecarregados, em que a vida anda mais louca e sem tempo, o ideal é deixarmos as coisas acontecerem e irmos aos poucos fazendo aquilo com que nos sentimos bem. Sem grandes planos, sem muita antecipação, mas sempre com a mente no foco principal, o nosso bem estar e a concretização dos nossos sonhos.

         Eu, Just Smile, que sou viciada em listas e em objectivos, não os consigo definir para 2022. Antes de começar este post até peguei num post-it e numa caneta para tentar escrever o número de livros que gostava de ler, o desejo de regressar ao blog e ao exercício e até as férias que gostava de ter no verão, mas a verdade é que não consigo programar nem planear nada disso. A vida tem acontecido de uma forma tão rápida, tão fugaz que se escrever esse tipo de objectivos simplesmente sinto que fico presa a algo que neste momento não faz sentido na minha vida. Tenho uma enorme lista de desejos para este ano: terminar a nossa casa e mudarmo-nos para lá; iniciar o processo de escrever a minha tese; ficar a trabalhar na mesma escola e com os meus meninos; ter menos dores de cabeça com carros; conseguirmos terminar a casa com as contas em dia; tirar uns diazinhos para nós os dois (nem que seja um fim-de-semana); mas não passam disso, Desejos e não Objectivos. Em 2021 aprendi a deixar-me levar pela vida, com responsabilidade e ponderação, mas a deixar-me levar, sem fazer demasiadas previsões, a viver um dia de cada vez e a dar o meu melhor em cada um deles e penso que isso foi uma lição. Mais do que uma lição foi uma necessidade, quase uma questão de sobrevivência para lidar com tudo o que nos tem surgido no caminho, mas que teve o seu retorno positivo.

        Desejo muito que 2022 seja um ano com boas leituras, com boas conversas, com boas comidas e com muito amor. Que seja o ano em que festeje os meus 30+1 à séria e que profissionalmente dê mais um salto. Que seja o ano da realização de mais sonhos. Mas principalmente que seja um ano sem pressões desnecessárias, sem medo de falhar e sem sensações de auto-desilusão. Que seja um ano cheio de coisas boas, mas de mente leve. Acredito que ao entrar em 2022 com este espírito tudo será mais fácil, este será um ano que promete. E vocês, têm objectivos para 2022?

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