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justsmile

16
Out17

Procurar uma razão? Talvez não.

(Imagem retirada daqui)

 

      Em tempos fui uma pessoa de procurar os 'porquês'. Porque não tinha sorte? Porque não consegui aquele emprego? Porque deixou de ser meu amigo? Porque estou triste? Porque não consigo concretizar aquele sonho? Sempre procurei as respostas nos momentos mais difíceis da vida. Sempre procurei respostas para o comportamento das pessoas. Simplesmente, queria encontrar uma razão para todas as situações e mais algumas. Porque trata aquela pessoa mal o cão? Porquê tanta irracionalidade nas redes sociais? Porquê tanta tristeza e frustração? Esta minha procura constante em respostas só me cansava, só me deixava mais frustrada por não lhes encontrar o fundamento. Ao fim de 26 anos comecei a compreender que há coisas que simplesmente não têm resposta. Aprendi que o "porquê" que surge tantas vezes no nosso caminho não tem um objectivo óbvio, não tem uma resposta com palavras profundas cheias de sabedoria e nem sequer há uma explicação complexa em que Y é igual a qualquer coisa que nos soe bem aos ouvidos. Aprendi simplesmente que há coisas sem resposta.

      Apercebi-me, ao olhar para a minha vida até hoje que muitas vezes fiz essa pergunta. Maioritariamente em momentos de má sorte, a última vez até terá sido em 2015, naquele terrível ano. Mas cada vez mais acredito que não há uma resposta para tudo. A vida simplesmente acontece de uma forma aleatória que por vezes dá resposta às nossas necessidades e que outras nos faz cair. Acredito que se calhar até temos um propósito neste mundo, uma função, algo que necessita da nossa existência, mas que no fundo nunca o saberemos de uma forma explicita. No fundo acredito que nós criamos essa razão e a atribuímos às coisas boas que nos surgem no caminho. Acredito que eu e Ele nos cruzámos no momento certo da vida, já crescidos, com objectivos definidos e com uma maturidade adquirida, mas porque o amo assim tanto? Não o consigo explicar, apenas sinto que o amo. Acredito que tudo o que tudo o que vivi no meu passado definiu a minha personalidade no presente, definiu as minhas prioridades, porque foi assim? Não faço a menor ideia, gostava de ter tido uma vida mais facilitada, mas no fundo foi isto que me calhou e hoje estou orgulhosa de quem sou. Poderia ter nascido a querer sair da aldeia, querer viver na cidade e decidida a ser modelo, mas não, porquê? Não sei. Não sei tanta coisa sobre a essência da vida e muito menos sobre os seus porquês, penso que há Alguém que nos guia, que vê o nosso caminho e que acha uma certa graça atirar-nos com algumas coisas, boas ou más, mas que nunca nos dá mais do que aquilo que podemos aguentar. Isso acredito, acredito porque já pensei muitas vezes que ia ao fundo e tal coisa nunca aconteceu. Quando achava que estava no meu limite, lá me safava. Porquê? Não sei. Há tanta coisa que não sei!

      Hoje não me importo de não saber todos esses porquês. Um dia quis saber tudo, quis encontrar um motivo para todo este mundo. Para tanta parvoíce. Para tanta violência. Para tanto cansaço. Mas percebi que esta luta constante em saber o "porquê" das coisas era uma luta extenuante, uma luta sem fim, que apenas me gastava as energias e me impedia de viver. Por isso, aos poucos compreendi que não precisamos de encontrar uma razão para tudo, uma justificação, o ideal é deixar-nos levar. Aprender a aceitar o que nos surge e lidar com isso da melhor maneira possível. Talvez seja um tanto ao quanto poético, mas cada vez mais me tenho deixado de questionar os "porquês" da vida. Sei quem sou, sei porque quero o que quero, sei mil justificações para muitas coisas, mas na verdade não sei para tantas outras e cada vez mais me conformo com isso. Sei que a nossa essência enquanto seres humanos é encontrar uma resposta para tudo, no entanto, acredito cada vez mais nesta sensação de "não sei e não quero saber". Hoje já não sinto a necessidade de ter uma explicação para tudo. Gosto de usar argumentos, não gosto de respostas "porque sim" quando têm de haver justificações, mas para o sentido da vida? Para o "porquê" de tudo o que me acontece? Cada vez mais prefiro deixar de procurar tais respostas que só me levam ao cansaço, à comparação com os outros e, inevitavelmente, à frustração.

      Não me importo de não encontrar um porquê para a minha vida, o que quero é viver.

 

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