Portugal, o país dos críticos
(Imagem retirada daqui)
Todo o português tem um gene que partilha. Penso que deveria ser caso de estudo a partilha deste gene. Um gene que nasce connosco e que é impossível de eliminar na idade adulta. Um gene que faz abrirmos a boca sem pensarmos e sem olharmos ao espelho. É sem dúvida algo impossível de controlar, afinal está-nos no sangue. É sem dúvida alguma o gene da Critica. Nasce connosco, cresce connosco e desenvolve-se de tal forma que tem criado ondas e ondas de críticas e indignação. Há pessoas que o tentam camuflar com boas argumentações, com a sua utilização uma vez por outra. Outras pessoas simplesmente não têm filtro e deixam que esse gene se apodere deles a toda a força e a toda a hora. Criticam o arroz que está demasiado cozido, criticam o arroz que está mal cozido. Criticam o condutor que usa os piscas e que vai na velocidade limite e até o condutor que vai a 200 km/h. Criticam este e aquele, porque tem cabelo amarelo, porque tem uma tatuagem roxa ou simplesmente porque anda demasiadas vezes de fato. A verdade é esta, está no sangue dos portugueses este gene que não os larga, a crítica.
Nos últimos dias, quando dou por mim a tomar mais um bocadinho de atenção ao que vai no telejornal (coisa que prefiro não tomar muita atenção) só ouço criticas a este e àquele. Até a Maria Vieira está uma crítica fenomenal, já nem o Marcelo se salva dos seus alvos a abater. É porque a ministra chorou. É porque o ministro é insensível. É porque o Costa foi de férias. É porque o Marcelo não fala. É porque o Marcelo fala. É porque o Salvador disse peido. É porque Portugal ficou em terceiro lugar na Taça das Confederações (onde nunca tinha sequer chegado). É porque ganhamos o Festival da Canção. É porque ganhamos o Festival da Canção e afinal não temos dinheiro para o preparar no próximo ano. Tudo, desde do pormenor mais banal, até ao de maior dimensão é alvo de críticos. Dos 8 aos 80, todos são críticos, então quem tem redes sociais é pró-crítico, um nível superior do criticismo que só se atinge com comentários e publicações fenomenais e cheias de sabedoria.
E há criticas positivas, há pois claro, mas essas estão a entrar em vias de extinção. Como uma espécie de aves raras que encontramos no meio de um milhão de pombas. No fundo, os que têm poder neste mundo são os críticos arrogantes que acham que têm o poder da palavras. Argumentação? Para quê? Basta dizer-se que X e Y são parvos. Soluções? Não servem para nada, mais vale despedir ou demitir-se Z ou W para tudo ficar resolvido no dia seguinte. No fundo, são estas criticas arrogantes, cheias de ódio nas palavras que fazem o mundo avançar. No fundo é esta critica constante, negativa e pessimista que faz com que as pessoas se tornem melhores, que se valorizem e até que dêem o exemplo. Afinal, estes críticos são o apogeu da humanidade. São a perfeição em si próprias.
Mas sinceramente? Estou cansada de tanto criticismo.Estou cansada de tanta arrogância. Estou cansada que ataquem aqueles que demonstram ser mais humanos. Estou cansada de estar rodeada por tanta perfeição.
Portugal, o país dos críticos profissionais.