Perdida por terras Parisienses
Este foi o ano de uma (única) maravilhosa conquista, a minha viagem a Paris. Já há anos que andava a sonhar com ela, desde que perdi a oportunidade de a conhecer, com a minha madrinha de baptismo. Desde então, Paris esteve sempre nos meus sonhos e objectivos dos últimos anos. Finalmente, este ano, com o objectivo da poupança de dinheiro consegui juntar para realizar este meu sonho sem ter de mexer na minha conta de desempregada (apesar de devido aos últimos acontecimentos em Paris ainda ter ficado na dúvida se devia ou não viajar).
Apesar de tudo, lá fui eu e Ele para Paris que se mostrou ser muito melhor do que as minhas expectativas. É impossível não ficar com ar de parva a olhar-se para a Torre Eiffel, é impossível ser-se insensível aos encantos do Sena ou à magnificência dos edifícios que ficam nas suas margens. De mapa na mão e mochila às costas lá fomos nós percorrer pelos caminhos de uma das cidades mais românticas do mundo, a Cidade Luz.
Assim que chegamos a Paris, depois de apanhar uma manifestação no metro por causa da Cimeira do Ambiente e de estar numa fila para comprar bilhetes onde não eram vendidos, dedicamo-nos a visitar a emblemática Torre Eiffel. E assim que chegamos, apercebemo-nos, é melhor do que poderia alguma vez imaginar. Ficamos tanto tempo a olhar para ela que nem nos apercebemos do tempo, é que nem o frio se fazia sentir do tamanho que era o encanto. Nessa mesma noite ainda visitamos a Feira de Natal nos Campos Elísios, cheia de cheiros de Natal, onde acabamos por jantar nada tipicamente Francês (eu comi salsicha alemã e Ele Kebab). As horas passaram e nem demos por isso, quando reparamos já estávamos dentro da torre Eiffel depois de nos termos deliciado com um crepe de chocolate (local onde paguei o café expresso mais caro da minha vida (3,50€)).
O dia seguinte foi dedicado a museus, porquê? Porque durante as minhas pesquisas e preparações da viagem descobrimos que o primeiro domingo de cada mês tem entrada livre para todos os museus em Paris. Todos nos diziam que não valia a pena, que as filas seriam intermináveis, mas a verdade é que a entrada no Louvre não demorou 20 minutos e a do Muséu de Orsay a mesma coisa. Não sabemos se devido aos últimos acontecimentos em Paris, mas a verdade é que se andava perfeitamente nos museus e as filas desapareceram muito rápido. Nestes gigantes museus (só o Louvre tem 14 km) vimos algumas das mais emblemáticas obras de arte, a Mona Lisa (que é ridiculamente pequena comparado com aquilo que tinha em mente) e o auto-retrato de Van Gogh (mas que bela obra!), mas admito que o que mais me encantou foram os próprios edifícios.
Depois de um dia a andar de um lado para o outro, de museu para museu, de ala Egípcia para ala Napolitana, ainda tivemos a coragem de ir ver o pôr-do-sol a Montmartre, onde se localiza a Basílica de Sacrê Coeur. A paisagem sobre Paris é simplesmente encantadora e tivemos a sorte de apanhar um pôr-do-sol maravilhoso. Daí partimos para o Moulin Rouge que foi uma desilusão, um edifício pequeno que só sobressai pelas suas inúmeras iluminações numa rua muito movimentada. O dia terminou por aí, mas depois de tantos quilómetros a cama foi o melhor destino para o final da noite. (Neste dia, com os museus de entrada gratuita conseguimos poupar cerca de 60€).
No dia seguinte decidimos ir visitar a Notre Dame, a manhã serviu um bocadinho para pôr o sono em dia (até porque Ele amanhã já regressa ao trabalho) e para descansar as pernas de dois dias intensivos a subir e descer escadas do metro e a caminhar de um lado para o outro da cidade. A imagem de Notre Dame fala por si só, um ar misterioso, gótico com uns vitrais magníficos. Durante o resto do dia decidimos passear por Paris, calma e descontraidamente e aproveitamos para visitar os Jardins de Luxemburgo, revisitar a Torre Eiffel e ainda fazer um cruzeiro no Sena, que apesar de frio nos deu uma perspectiva diferente sobre esta cidade encantadora.
Mas como se pode falar de Paris e não se falar de doces? Claro que provei alguns, sempre com cuidado e muita contenção devido à minha intolerância à lactose, mas tinha de provar. Os marrons são deliciosos, ainda trouxe alguns, mas fiquei a babar-me na mesma (até porque desapareceram tão rápido como chegaram). Ele não gostou nada da tarte de framboesa, mas eu deliciei-me e só não comi mais porque não podia. O éclair e o crepe foram de chorar por mais, cheios de chocolate e com um sabor tão intenso que durou imenso tempo na minha boca. O croissant? Não vi nada que me deixasse a babar, por isso acabei por não comer nem um, mas compensei com as outras coisas. Outra coisa que vimos muito foram chocolates e mais chocolates, mas fiquei chocada com o preço! Caríssimos! Ao ver tamanhos preços achamos que seriam de comer e chorar por mais, compramos alguns, pouquinhos e quando comemos apercebemo-nos que eram mais olhos que barriga. Eram bons, sim, mas nada de outro mundo. Contudo, fomos muito gulosos e comemos tudo.
A viagem a Paris terminou esta manhã, mas cheguei a casa com um coração tão cheio que só penso em um dia lá voltar. Os últimos atentados em Paris não deixaram nenhuma sensação de insegurança, as ruas estão cheias de gente e a única coisa que nos faz lembrar tamanha desgraça é a segurança apertada e os militares na esquina de cada edifício. De resto, Paris está cheia de amor, de cheiro a arte, de sabores deliciosos e de um encanto difícil de explicar. Paris será sempre Paris, aconteça o que acontecer e só nestes últimos dias percebi os seus encantos e a sua fama. Paris é simplesmente Paris, mais nenhuma palavra a consegue descrever.
"And we always have Paris." Casablanca, 1942.
P.S.: Todas as fotografias são da autoria da Just Smile e Ele.