O último segredo (8/20)
(Imagem retirada daqui)
Este ano tinha definido que iria ler um livro de José Rodrigues dos Santos, um autor português bastante comentado que apenas conhecia pelo seu trabalho no jornalismo. O alvoroço em volta dos seus livros sempre foi grande e talvez por isso me tenha mantido distante da sua escrita durante tanto tempo, até que descobri que Ele tinha este livro perdido no meio das trabalhas do escritório. Já na falta de livros para ler (só tenho mais um na estante) agarrei-me a este. Demorei imenso tempo a ler, não porque o livro fosse aborrecido, não porque não gostasse de o ler, mas porque a vida assim mo impediu e porque é um livro que para perceber o seu conteúdo é necessário estar-se extremamente atento. Lá fui lendo e fui-me apaixonando, não pela história em si, que apesar de ser boa me parece demasiado banal, apaixonei-me pela veracidade que lia nas suas páginas.
'O último segredo' é um livro sobre Jesus, nem sei se tanto se prende à religião, mas prende-se muito com o que a Bíblia ou a religião nos transmite sobre a vida de Jesus. Sou católica, se a alguns lhes pode fazer confusão as informações que refutam tudo aquilo que o catolicismo nos ensina, a mim fez-me ver o humano que Jesus foi e que sempre gostei de imaginar na minha cabeça (eu sempre disse que sou uma católica diferente e com um conceito próprio de religião). São tantas as revelações aos meus olhos que pareceu-me cada vez mais aproximar do conceito que tinha na minha mente de Jesus, de fé. Sei que pode parecer estranho, descobrir momentos que são tão nomeados pela igreja que podem não ter acontecido, foi para mim mais um processo de humanização daquele que tratamos como uma divindade. Eu, católica estranha, mas assumida, adorei o livro, mas é preciso lê-lo de mente aberta e ler com racionalidade, sem ser o 'cordeiro' que a igreja quer que sejamos. Para mim, este foi um livro revelação, que me fez pensar, ponderar e ter uma nova perspectiva sobre aquilo que acredito e que deixo de acreditar, mas também me confortou por todas as dúvidas que tive durante anos quanto a Jesus me terem sido tiradas durante a leitura deste livro. Afinal, toda a fantasia da religião que tanto me atormentava e me fazia duvidar, foi aqui totalmente esclarecida.
Quanto ao livro em si, fez-me lembrar bastante a escrita de Dan Brown, aliás, facilmente confundiria os dois. A história tem um excelente suporte cientifico e histórico, penso que foi o que mais me encantou em todo o livro, por saber que o que lia era verdadeiro, apesar de desconhecido para mim. A história, não achei muito inovadora, principalmente o final que me pareceu um bocadinho forçado. Sei que o livro precisava ali de uma reviravolta, de algo que aumentasse a adrenalina do momento, mas o autor deixou esse momento quase todo para o final. E no final? Pareceu-me ser um pouco forçado e demasiado repentino. Apesar de tudo gostei da ligação que foi criada entre as personagens da história, havendo uma excelente relação entre os factos e a ficção, que facilmente eram distinguidos.
Foi um bom livro, adorei e fez-me crescer espiritualmente, em que continuo a acreditar na necessidade que o ser humano tem de acreditar em algo superior. Deste livro levo a minha lição, talvez outros levem outra, mas eu gostei. Os livros que nos fazem crescer são os meus preferidos.
"Se era assim nas relações entre as pessoas, porque não o poderia ser também na relação com o divino e o sagrado? Tomás tinha perfeita consciência da necessidade dos homens de acreditarem em algo de transcendente. Jesus podia não passar de um ser humano, mas aos olhos de quem nele acreditava, como a mãe, tornara-se num Deus. O que havia de mal nisso, se essa crença a ajudava a enfrentar os seus problemas e a ser uma pessoa melhor? Não precisamos nós de fé para fazer as coisas? Não seria cruel despir Jesus da divindade que lhe fora atribuída? A vida é feita de incertezas e de uma relação permanente com o desconhecido. Quantas vezes tomamos uma decisão sem ter toda a informação?"