O tempo entre costuras (9/15)
(Imagem retirada da Internet)
Os livros adquiridos gratuitamente através de questionários (como explicado aqui), têm sido escolhas absolutamente fantásticas. Primeiro 'Travessuras da Menina Má' e agora este magnifico livro 'O Tempo Entre Costuras'. Deste último pouco tinha ouvido falar, sabia que tinham dado uns episódios na Sic Mulher de uma série baseada no livro, mas nunca sequer lhe tinha tocado na capa. Comecei-o a ler e difícil foi parar de ler para cumprir com as minhas obrigações do quotidiano. Este está ser sem dúvida um ano de excelentes leituras!
'O Tempo Entre Costuras' tem como época a Guerra Civil de Espanha e o pré II Guerra Mundial, demonstrando o envolvimento de Espanha na última e as dificuldades vividas da primeira. Admito, sou um zero à esquerda no que toca à temática história (excepto II Guerra Mundial), mas com este livro aprendi imensa coisa. Para além da importância histórica que é desenvolvida ao longo do livro a personagem principal, Sira, prendeu-me de uma forma como nenhuma personagem o tinha feito antes. A sua evolução ao longo do enredo é tanta que até me chego a surpreender. Levou-me a compreender que mais do que desejarmos sermos alguém por nós próprios, é a vida que se encarrega de nos levar por esse caminho. Tornar-nos alguém. Por vezes de forma inconsciente, mas que nos guia sem conseguirmos parar a carruagem. Sira, uma modista que nos leva a apaixonar pela costura, mesmo que mal eu saiba coser um botão, mas fiquei com o desejo de saber mais. Uma modista que se vê envolvida numa trama por quem se julgava apaixonada e que vê o seu mundo revirado em minutos, mas que nunca se deixa abater e luta por continuar a se erguer todos os dias.
Um livro cheio de amor, desilusões, muitos momentos de suspense e de expiação. Mas um livro cheio de amizades, cheio de momentos ternurentos em que nos faz acreditar na bondade das pessoas e que apesar de todo o mal que nos rodeia, haverá sempre alguém disposto a esticar-nos a mão.
Para além de todas as características fantásticas da história, a escrita de María Dueñas, que por sinal não conhecia, é fantástica. Uma escrita cuidada, sem muitos diálogos, mas de uma forma tão própria que não torna o livro maçudo. As descrições necessárias para nos inteirarmos no cenário sem ser em demasia e sem momentos parados e caprichosos com reflexões intelectuais que não lembram a ninguém. Uma escrita com valores, sobre a história de Espanha verdadeiramente fundamentada, mas com a ficção a dar magia à veracidade já vivida em tempos.
Um excelente livro que só não o devorei mais rápido porque não tive oportunidade.
"Pela primeira vez em muito tempo, talvez pela primeira vez em toda a minha vida, sentia-me orgulhosa de mim própria. Orgulhosa das minhas capacidades e da minha existência, de ter superado airosamente as expectativas que sobre mim existiam. Orgulhosa de me saber capaz de contribuir com um grão de areia para fazer daquele mundo de loucos um sítio melhor. Orgulhosa da mulher em que me tinha tornado."