No dia da Liberdade de Portugal
(Imagem retirada da Internet)
A liberdade, tema sempre muito falado nesta casa no 25 de Abril, no dia da liberdade de Portugal. Época mais que vivida pelo pai que presenciou o dia da liberdade como militar, época em que as cartas eram trocadas entre o pai e a mãe, um em Coimbra na tropa e o outro em terrinhas pequeninas do norte. Uma vitória, dizem eles, uma diferença enorme, em que a liberdade nos trouxe a vida e melhores condições de trabalho. Ainda hoje é o dia que os dois defendem a liberdade, mas hoje é o dia em que a vêem um bocadinho mais escura, mais condicionada com as limitações que o nosso país nos dá, não de expressão (apesar de haver em outros contextos que não o meu), mas de opções de qualidade de vida. Pertenço a uma casa em que a liberdade é defendida com unhas e dentes, até ao momento em que essa condicione a liberdade de opção de alguém (mas isso já tem a haver com o próprio conceito de liberdade).
Sou uma defensora da liberdade, mas também das oportunidades. Não me imagino a conseguir viver na época de Salazar, não me imagino de todo a tentar manter a minha boca calada quando vejo tanta parvoíce à minha frente e só por isso admiro quem a conquistou. Admiro e felicito quem nos deu esta liberdade de falarmos, de fazer greve, de discordarmos de opiniões e de nos dar a opção de dizer sim ou não, e ainda mais a liberdade de fazermos escolhas.
O que me impressiona? Muitos dos meus doentes terem-me ontem referido que pouco mudou, que nada se transformou e que tudo piorou. Falaram na corrupção, em todas as coisas más que temos no nosso país, mas esqueceram-se das boas. Esqueceram-se das pessoas que não são presas por falarem, que não são repreendidas por pertencerem a outro partido político (apesar das represálias). Esqueceram-se que hoje muitos jovens conseguem estudar, que temos acesso à saúde e que a escravidão obtida pelos patrões está mais que diminuída. Esqueceram-se que há mais televisões e que as opiniões divergentes não implicam a violência.
Hoje no dia da liberdade vamos lembrar aquilo que conquistamos, aquilo que conseguimos de bom e pensar que a mudança é feita por nós como foi em 1974.
E viva a liberdade!