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justsmile

19
Jan16

Não falta trabalho, falta emprego!

(Imagem retirada da Internet)

 

A rotina de uma desempregada é simples: 

Passo 1: Ligar o computador.

Passo 2: Ir ao email verificar respostas de currículos enviados (99,9% das vezes não há respostas).

Passo 3: Verificar em 5 sites diferentes se há novas ofertas na área.

Passo 4: Responder a anúncios que nos parecem 'normais'.

Passo 5: Ir ao Facebook verificar novas ofertas não encontras nos sites acima referidos.

 

Por isso, os passos de uma rotina de desempregada até são simples e a verdade é que há imensas ofertas de trabalho para todo o país, o problema é que não são ofertas de emprego. A diferença? Trabalho também o faço em casa e não sou remunerada por tal coisa. Emprego, é um trabalho em que se é remunerado justamente pelas funções praticadas. Hoje em dia as ofertas de emprego são escassas e as de trabalho são demasiado abundantes. O problema? É que quando respondemos a um anúncio não sabemos se será trabalho ou emprego e só nos apercebemos de tal situação numa entrevista. Basta abrir um site de empregos, ou até mesmo no Facebook, para vermos que há centenas de ofertas, mas nunca nos dizem se é emprego ou trabalho (por vezes quase escravizado). Isto já para não falar das mil e quinhentas ofertas para trabalhar com comissões e call-centers, ofertas que ainda tenho fugido ao máximo, mas com a qual já me deparei numa entrevista (e volto a dizer, neste momento só não sou rica porque não quero, segundo o senhor que me fez a entrevista).

A última entrevista que tive, na minha área, demonstrou-me exactamente isso. Hoje em dia há trabalho, não há emprego. A entrevista foi fantástica, até ao momento que questiono pela terceira vez pelas condições.

 

- Aqui está, tem de compreender que a empresa está ainda a crescer. - disse uma das senhoras apresentado-me um papel com os diferentes valores, conforme o número de casos que tivesse.

- Posso pegar numa calculadora? - assustei-me ao ver os valores e pedi apenas para me certificar que realmente a situação era ridícula. Fiz as contas e elas ficaram as duas a olhar para mim, enquanto usava o telemóvel e passa o dedo na folha.

- E então? Que me diz? - pergunta uma delas, eu ainda me encontrava em estado de choque e estava a preparar-me para a resposta.

- Posso ser muito sincera?

- Mas é claro, nós gostamos de transparência!

- Pois bem, os valores são ridiculamente baixos para o trabalho que é. - Não sei como, as palavras saíram-me da boca e nem nervosa fiquei, pelo contrário, só me apetecia rir da situação.

- Pois, tem de compreender que estamos a crescer, e que não é para ficar sempre a recibos verdes, queremos passar para contrato.

- E quanto tempo levará isso?

- Pois, não sabemos. Depende do trabalho, das horas que tiver, depende de muita coisa.

- Eu compreendo, mas também tem de compreender que ganhar mais 50€ que o ordenado mínimo para andar no meu próprio carro em dois concelhos diferentes e fazer os descontos dos recibos verdes no final do mês teria de pedir dinheiro emprestado a alguém para me sustentar. - As senhoras mais nada disseram e pediram-me para que pensasse bem na oferta. Oferta à qual nunca dei uma resposta.

 

Por isso boa gente, trabalho não falta, falta é emprego para nos conseguirmos sustentar dignamente! Se alguém souber um de um emprego estou aberta a todas as possibilidades, trabalho não. Esse faço-o cá em casa que traz mais vantagens!

 

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