Minimalismo, onde estás tu?
(Imagem retirada daqui)
As mudanças já começaram, não só em mim, na nossa nova casa, mas também na quantidade de coisas que possuo. Comecei o processo de destralhar há quase um ano e tem-me sido de uma utilidade extrema neste momento da minha vida. A leveza de nos vermos livres de coisas que realmente não precisamos tem-me feito sentir bem, tem-me sido prático e adoro ver o espaço vazio que se cria nas prateleiras, nas estantes e nas gavetas. Não é um espaço vazio que precisa de ser preenchido, não é um espaço que me faz sentir incomodada, muito pelo contrário, é um espaço que permite maior arrumação do que realmente é essencial e não mais que isso. Depois de ter preenchido o quarto novo com a minha roupa, este fim-de-semana arrumamos as minhas coisas pessoais num dos armários da sala e apercebi-me do quanto deixei de parte as coisas materiais. No fim de arrumar um armário inteiro compreendi, pela primeira vez, que a maioria das coisas que decidi que eram 'obrigatórias' estarem de fácil acesso tinham principalmente a haver com o trabalho, com documentações e pouco mais que isso.
Enquanto Ele me passava duas caixas de coisas apercebi-me que sei realmente onde tenho tudo, que isto de ser organizada tornou-se bastante vantajoso em mudanças, mas também para a arrumação correcta das coisas. Apercebi-me que aquele armário não ficou com nada pessoal, apenas documentação do terreno, garantias dos electrodomésticos, carregadores, câmaras fotográficas, o meu currículo e respectivos certificados e todos os materiais que são necessários para fazer jogos para a terapia (lápis de cor, cartolinas, colas e afins), tudo eram coisas práticas que nos viriam a ser úteis no dia-a-dia e que facilmente seriam encontradas porque estavam devidamente arrumadas (caixa das garantias, caixa dos recibos de 2018 para IRS, caixa dos materiais de escritório, caixa dos carregadores e por aí adiante). Pessoal, ficou noutro armário, mas vi-me resumida a caixas de fotografias e a uma caixa de memórias que faço questão de continuar a fazer parte da minha vida. Não são coisas grandes, não são coisas que ocupam muito espaço, mas que gosto de ter por perto. Sei que uma das sugestões do minimalismo é deixar todas as fotografias em formato digital para não ocuparem espaço, mas ainda sou uma pessoa que adora ver as fotografias em modo físico e que as revejo mais vezes se assim o for, e se isso me faz feliz porque haveria de me separar delas? Assim como a minha pequena caixa de memórias que contém a minha história, continuará a ser uma pequena parte de mim que acabe num cantinho e que me chega para deixar feliz. E foi durante este processo de mudanças e arrumações que compreendi que o minimalismo estava a ficar interiorizado dentro de mim.
Ao longo do último ano comecei a separar-me de coisas que não me serviam para nada, de coisas que me traziam recordações menos boas e até coisas que nem sabia que existiam. Deixei envolver-me pelo minimalismo e comecei a deixar ir aquelas coisas que pareciam apenas ocupar espaço, fosse o físico como o mental. Deixei-me levar por esta sensação de leveza que surgiu no fim da fase de 'destralhamento', e depois veio o passo seguinte, limpar a agenda, tentar sempre encontrar um espacinho nas 24 horas que o dia tem apenas para mim. Esta tem sido uma tarefa inconstante, nem sempre consigo o meu momento ao longo do dia, mas tenho trabalhado mais por isso. E por fim, veio a fase de destralhar a mente, envolvê-la com pensamentos mais positivos, simplificar as coisas e a minha vida. Mais do que as coisas, o minimalismo tem-me ensinado imenso sobre mim mesma, sobre o que quero para mim e para a minha vida e ajudou-me não só a arrumar a casa como a arrumar-me interiormente. Este fim-de-semana, durante as arrumações e as mudanças compreendi isso mesmo, o minimalismo não só me ajudou a uma mudança rápida e prática, como me ajudou a compreender que estou a chegar a onde desejava. É claro que ainda há muito para mudar, há coisas que quero continuar a cimentar, ensinamentos sobre a vida que ainda preciso de colocar em prática, mas sinto que até aqui a caminhada tem valido a pena e que tive muito a aprender.
O conceito de minimalismo mudou-me, mudou a minha vida, e talvez sempre tenha estado comigo sem me aperceber.