Eu admito... #3
Sou uma perfeccionista.
Arre, que coisa mais irritante que é ser-se perfeccionista. Não sou em tudo, longe disso. Sou desarrumada no meu quarto, não aguento muito tempo as gavetas organizadas e se a passar a ferro vai um vinco a mais não me importo. Mas há coisas em que sou terrivelmente perfeccionista, para além de:
1. Demorar imenso tempo a limpar o fogão porque não gosto de deixar marcas enquanto ele seca.
2. Arrumar ordenadamente os frascos de higiene depois do banho.
3. Ter de ter aquele quadro direitinho e a toalha do centro da mesa.
4. Ter de ter os meus livrinhos bem ao gosto que quero.
5. Não conseguir ver aquele objecto na mesa que está fora do seu lugar habitual.
Há uma coisa em que sou exageradamente perfeccionista e tenho perfeita noção disso, a escrever.
Com o passar do tempo fui-me tornando cada vez menos perfeccionista no que escrevo e o blog tem-me ajudado nisso, releio uma ou duas vezes o que escrevo antes de publicar, mas não dez. Tem sido cada vez mais fácil escrever o dia-a-dia, ideias e opiniões ao longo do tempo e foi ao ler este post da Magda que me lembrei de tal coisa. Mas há numa área da escrita que ainda não consigo deixar de ser perfeccionista e isso irrita-me profundamente, que é na área da ficção.
Ontem, em pesquisas por este computador dei com o ficheiro desta história, lembrei-me das saudades que tenho de escrever pelo puro prazer de escrever. Não ter de falar de mim, nem de opiniões, mas escrever sobre histórias e mundos que nem eu conheço. Comecei a reler o que havia escrito há anos atrás e imediatamente lembrei-me de porque não quero que ninguém o leia, porque ao ler encontro mil e um defeitos. Já não sei contar as vezes que alterei os pormenores da história e continuo sempre a achar que lhe falta algo. Hoje voltei a pegar no ficheiro e que fui eu fazer? Alterá-lo.
Arre para o meu perfeccionismo!