Do novo emprego, nova profissão
(Imagem retirada daqui)
De novo já tem pouco este emprego, no qual já estou há mais de três meses, mas mais que um novo emprego é uma nova profissão. Em 25 anos de vida já é a quarta profissão pela qual passo, já trabalhei na área de produção de uma fábrica, já trabalhei num armazém de expedição de material e já fui terapeuta da fala (e sinto que nunca o deixarei de ser), agora sou secretária/administrativa ou o que lhe quiserem chamar. Estou nesta nova profissão há mais de três meses e todos os dias tenho vindo a aprender coisas novas, novas competências, novos desafios e novas funções. Acabo por ser um bocadinho ‘uma faz tudo’, desde contabilidade (nossa, nem acredito que começo a perceber de contabilidade!), a marcação de viagens e reuniões, a manutenção de stocks e na preparação de ordenados de uma enorme empresa. As responsabilidades têm vindo a aumentar e apesar de já ter metido a ‘pata na poça’ uma ou duas vezes, sinto que estou a evoluir a olhos vistos. Sinto-me à vontade, peço ajuda quando sinto que é necessário e se erro, volto a fazer e refaço outra vez até acertar.
Quando me apercebi que me estava a ser proposto um emprego estável, um emprego com boa remuneração, um emprego e não só um trabalho, tive de fazer o luto daquilo que achava que ia ser a minha vida, Terapia da Fala. Pensei que fosse doer horrores aprender uma nova profissão tão exigente. Pensei mesmo que não me ia adaptar a estar praticamente sentada o dia todo a atender telefones, a receber ordens e a trabalhar num computador. O pior cenário passou-me pela cabeça, apesar de sempre ter tido a certeza de que iria conseguir. A vontade de trabalhar já era mais que muita e o que queria era um emprego, fosse no que fosse. Sabia que ia aguentar, o que nunca me tinha passado pela cabeça é que viria a gostar. Eu estou a gostar desta nova profissão, em nada tem a haver com aquilo para que tanto batalhei, mas é ao olhar para trás, ao ver as propostas que recebi para a minha área, ao aperceber-me dos pagamentos ridículos e das situações absurdas que me propunham, e em que tenho colegas de curso que penso: tenho muita sorte. É óbvio que não me saiu o euromilhões, e nem gosto que o digam, o euromilhões seria arranjar um emprego com estas condições na minha área, o que nunca me aconteceu. Mas sinto-me bem. Trabalho nove a dez horas por dia, tenho um bom ambiente no trabalho e sei que no final do mês sou recompensada. Trabalho muito. É extenuante estar tantas horas em frente a um computador. Há dias em que chego a casa com a cabeça em água de tantos pequenos problemas que surgiram ao longo do dia. É um trabalho exigente e com mil e uma responsabilidades. Mas tenho gostado.
Interiormente ainda sinto um piquinho de pena por não estar na minha área, por saber que era boa no que fazia, mas este novo emprego deu-me a conhecer ainda mais sobre mim própria. Aprendi que sou realmente capaz de fazer tudo. Aprendi que sou mais forte do que aquilo que pensava. Aprendi que afinal o caminho nem sempre está naquilo que sempre imaginamos. E que nunca deixará de haver a possibilidade de traçar um novo caminho.