Desmotivação: Presente!
(Imagem retirada daqui)
Há dois anos voltei a trabalhar como terapeuta da fala a tempo inteiro.
Há pouco mais de dois anos deixei um trabalho de administrativa numa empresa, onde ia efectivar, para arriscar em trabalhar naquilo que gostava mesmo, ser terapeuta da fala em escolas.
Há dois anos sei que tomei a decisão certa em deixar o certo pelo incerto. O perto pelo longe. E o lucro pelo sonho.
Ao fim desses dois anos começo a ver o fim da linha deste projecto e começam os receios, os medos.
Este foi um projecto do qual nunca pensei fazer parte, principalmente por ter estado longe da minha área de formação durante mais de dois anos. Achava quase impossível voltar a ser terapeuta da fala a tempo inteiro, mas a verdade é que a oportunidade surgiu e agarrei-a com unhas e dentes. E tenho-me sentido feliz com isso, com essa decisão, com aquilo que faço. Odeio as burocracias, não consigo compreender quem faz a gestão (ou não faz) deste projecto, mas gosto realmente do que faço com os miúdos das escolas. Gosto da autonomia que tenho, gosto de trabalhar no contexto dos miúdos e isso permite sermos ainda mais criativos. Tenho pena das pessoas que gerem este protejo e que não conseguem compreender o impacto positivo que tem nas escolas, nas crianças, nos professores e nas famílias. Tenho imensa pena que não reconheçam o valor do nosso trabalho, nas exigências que nos fazem e no facto de acharem que estamos sempre disponíveis para tudo, menos para o que realmente queremos fazer. Mas, em momento algum, trocaria o que estou a fazer por outra coisa qualquer.
Quando entrei neste projecto, sabia que teria um prazo de validade, no entanto, ao longo do último meio ano deram-nos expectativas de que haveria a possibilidade de continuação (e eu toda feliz com isso, mesmo com as duas horas que perco em transporte por dia!). Contudo, nos últimos meses tem sido constante a possibilidade de continuação com o facto de nos arrancarem o tapete dos pés para ficarmos realmente desempregados em breve. Um dia é, no outro já não é. De manhã é, à tarde já não. Esta insegurança, esta inconstância tem feito com que todos os meus receios do desemprego (caramba, já estive duas vezes desempregada e ODIEI!) sejam cada vez maiores. Todos os dias a história se altera e já começamos a lançarmo-nos para outros lados (a verdade é que ninguém quer o desemprego) e procurar novas oportunidades. Tudo isto torna tudo verdadeiramente penoso, antecipei o envio de currículos e mais currículos, candidaturas e mais candidaturas, apenas devido ao receio de voltar ao desemprego dentro de poucos meses. Sei que o processo deveria ser mais leve, que afinal ainda tenho trabalho e que depois virá o subsídio de desemprego (algo que nunca usufrui), mas a verdade é que não me consigo manter tão relaxada como gostaria. Receio ficar desempregada. Receio ter de voltar a trabalhar fora da minha área de formação. Receio voltar a trabalhar em clínicas. Receio em voltar a perder a minha autonomia de trabalho. Tenho uma lista tão grande de receios que não sei mesmo o que fazer com esta minha mente que anda um tanto ou quanto confusa.
Enquanto trabalho com os miúdos sou feliz, depois instala-se uma desmotivação com a qual não estou a saber lidar. Eu só queria continuar aqui. Ajuda aceita-se!