Desafio de Escrita dos Pássaros #9
Acordaste nu, sem te recordar de nada, numa ilha deserta
Alguma coisa tinha corrido mal. Muito mal. Disso não tinha dúvida alguma, algo tinha corrido muito mal. Mas o quê?
Quando deu por si, Mariana acordou com uma brutal dor de cabeça e um calor intenso no corpo. Passou a mão no rosto e apercebeu-se de que as suas mãos estavam ásperas, quase como areia.
- Mas que raio? – olhou à sua volta e apenas viu areia, mar e vegetação, daquela verdejante, linda, se fosse apreciada numa situação mais ‘normal’. Olhou para o corpo e verificou que o calor que sentia era o início de um potencial escaldão, afinal estava com a roupa que Deus lhe havia dado.
Mariana deu um salto, entrou em pânico, gritou, saltou, mas ninguém a ouvia. O raio da dor de cabeça teimava em martelar-lhe os pensamentos e sinceramente não conseguia pensar. Olhava, olhava e só via a densa florestação, o mar e a areia.
- Raios! Mas como é que vim aqui parar, o que é que foi que eu fiz ontem à noite? – Lembrava-se bem de ter um vestido branco no corpo e de calçar as sandálias, lembrava-se também de pelo menos ter a lingerie no corpo que nem agora sabia onde tinha ido parar. – Ok, eu saí de casa vestida, disso tenho a certeza. – Pensou tentando-se tapar de uma forma ridícula como se alguém a estivesse a observar. - Pronto, mas para onde ia eu? – batia com a mão na cabeça para tentar avivar as recordações da noite passada. – Hummm… já sei! Ia para a despedida de solteira da Filipa. E onde raio era isso?
Voltou a pensar, a gesticular. Sabia que tinha saído de casa, que a despedida de solteira da Filipa era… era num barco! É isso! Mas e depois? Depois… Depois bebeu um bocado, e havia algures por lá o jeitoso de um empregado que servia um champanhe delicioso, daqueles que nunca mais iria beber na vida. Ora, lembrava-se bem de beber uns quantos copos, mas quantos? Não fazia a menor ideia… Andava de um lado para o outro, sobre a areia quente e a única resposta que encontrava é que o barco se tinha afundado e que ela era a única sobrevivente, só podia! Mas de repente, lembrou-se! Ela não ouvia rigorosamente nada, NADA! Colocou a mão sobre a orelha, pegou no aparelho auditivo, abriu-o e voltou a pô-lo a funcionar. Foi então que ouviu. Ao longe, mas não tão longe assim, ouvia zumba. Zumba numa ilha deserta? Impossível! Seguiu um bocadinho por entre o arvoredo a música até que um guarda a encontra:
- Menina, não pode estar nesta praia. Esta praia é a do Resort e não de nudistas, a que quer é mais lá para o fundo. – disse ele apontando para a esquerda, enquanto a Mariana ficava vermelha que nem um pimento.