Coisas da Aldeia: As vindimas
Nasci e cresci na aldeia, local ainda hoje vivo e no qual gostaria de permanecer o resto da minha vida. Gosto das tradições que a preenchem e das pequenas tarefas da vida do campo. A chegada do Outono é uma das alturas preferidas para cá viver, é o início da queda das folhas, das transformações das cores das folhas, mas também a época das vindimas. Esta altura traz-me sempre memórias de uma infância feliz.
Este ano, tal como em tantos outros as vindimas foram feitas em casa, em família e em convívio. As cestas vieram para o campo, a roupinha mais velha foi trajada e as luvas foram calçadas. O trator preencheu o som que nos envolvia, mas também o riso e as vozes dos pequenos que não deixavam as nossas pernas e que tentavam apanhar os bagos que caiam ao chão. Este sim, foi um óptimo ano de vindimas, quase como os tempos antigos. Todos conversávamos, todos nos riamos, todos tentávamos envolver as crianças, mas sempre com um olho a ver qual a próxima partida que pregavam. Foi o primeiro ano em que tivemos tantos pequeninos no campo, foi o primeiro ano em que se usou uma prensa com motor e o primeiro ano em que nos voltamos a reunir todos. Há anos que não o fazíamos nesta altura. Este foi um ano de vindimas, de cheiro a vinho doce e de mãos pegajosas, de pequenos bagos à boca enquanto se apanham outros, mas principalmente de reunião.
Este ano as vindimas na terrinha souberam-me tão bem como as da infância, e nem o facto de ter crescido tanto me fez sentir pior. Foi bom estar envolvida pelo campo, pela família e amigos, mas principalmente por aquele ambiente tão familiar que tão boas recordações me dá da minha infância.
Sou orgulhosamente da aldeia e acho que são estes pequenos momentos, em que apenas um aldeia o permite, em que me sinto a pessoa mais feliz do mundo.
P.S.: Fotografias de Just Smile.