Anna Karénina (3/15)
(Imagem retirada da Internet)
Já há anos que desejava ler este livro, mas sempre lhe tive um certo receio. Sem conhecer o tipo de escrita de Lev Tolstoi, imaginava a sua escrita particularmente complexa devido a criticas da sociedade Rússa, mas também dos aspectos filosóficos que tão são falados do autor. Mas numa promoção da Wook, lá mandei vir o livro como prenda de Natal. Após (quase) dois meses a ler este enorme livro, há muito que a minha opinião sobre ele estava formada, apesar de apenas o ter acabado hoje.
'Fantástico' é a melhor palavra para descrever este livro. Não só fiquei apaixonada pelo enredo, pelo tipo de escrita, como também as questões filosóficas levantadas ao longo mesmo e das suas críticas que têm tanto de actuais na sociedade de hoje (afinal não mudamos assim tanto como em 1877). É uma leitura pesada, não digo o contrário, que exige muita concentração para acompanhar os vários momentos e personagens, mas é absolutamente saborosa pois obriga-nos a pensar em tanta coisa que nunca nos tinha atravessado o pensamento.
Não se trata apenas de uma história de amor, trata-se de um enorme enredo de personagens em que todas são fundamentais para os acontecimentos. Mas sim, Anna Karénina e Vronski são os amantes da história em que se envolvem num amor idealista, que apesar de todo o mundo cor-de-rosa que conseguem atingir em determinado momento, se transforma num mundo de ciúme e loucura. Amei a personagem principal no início, a sua simpatia e romantismo eram tudo aquilo que se procura num amor impossível que acaba por atingir o seu propósito, mas que as personagens pensam que a partir dessa conquista tudo será cor-de-rosa, o que não se verifica. Há uma transformação enorme nas personagens, há uma transformação enorme de ideias e ideais e isso cativou-me imenso ao longo da leitura. Até as personagens menos simpáticas, como o marido de Anna, conseguiram criar em mim empatia.
Há questões filosóficas que ainda hoje devem ser consideradas, há idealismos sobre a agricultura e o trabalho laboral que ainda hoje deveriam ser repensadas. Há um comportamento em sociedade para as mulheres casadas que se apaixonam por outra pessoa que ainda hoje deveriam ser ponderadas. Mas acima de tudo há um amor vivido que hoje deveria ser vivido e que, apesar do final, deveria ser lutado e conquistado.
É difícil falar de um livro que tanto me conquistou e que tanto me fez apaixonar por ele, mas apenas o consigo traduzir na mesma palavra que proferi no início, Fantástico.
'Havia ali um pedido de perdão, e confiança nele, e uma carícia, uma carícia terna e tímida, uma promessa, uma esperança, e amor por ele, em que ele não podia deixar de acreditar e que o sufocava de felicidade.'