A uma semana de fazer os 30...
(Imagem retirada daqui)
Estou a apenas uma semana de entrar na casa dos intas e sair dos intes, um passo sem qualquer tipo de retorno. E a verdade é que tenho a sensação que os 29 ficaram por viver, sim, muita coisa aconteceu nesse tempo, boas e más, mas a verdade é que sinto que não tive oportunidade de criar memórias no meu último ano da casa dos vintes. Apercebi-me disso quando uma colega de trabalho mostrou um bolo de aniversário a dizer '27 anos', por momentos caiu-me a ficha e compreendi que já lá não volto.
Mas não tenho receio de entrar na casa dos 30, muito pelo contrário, pois chego aos 30 com tanto com que nunca tinha imaginado! Em pequena tinha o hábito de olhar para algumas mulheres adultas, lembro-me mesmo de ser bastante pequena, talvez menos de 5 anos, e de desejar um dia ser como elas. Hoje apercebo-me que o meu maior orgulho não é ser como essas mulheres que algum dia ambicionei, mas ser eu própria. Consegui ao longo destes 30 anos moldar-me na pessoa que sempre desejei ser ou que pelo menos ambicionei. Desejei conseguir encontrar um equilíbrio com o mundo, comigo mesma e aceitar-me como sou e esse caminho foi sem dúvida feito ao longo destes 30 anos. Hoje, mais do que nunca, sei quem sou, o que quero, o que não gosto e para onde desejo ir. Hoje tenho uma confiança em mim que nunca pensei alcançar, uma tranquilidade em mim que jamais pensei sentir e isso deixa-me totalmente orgulhosa enquanto pessoa, enquanto Just. É claro que sei que não sou a filha perfeita, a irmã perfeita, a tia perfeita, a esposa perfeita, a amiga perfeita e nem a profissional perfeita, mas sei que tento sempre dar o melhor de mim, encontrar os meus erros, as minhas falhas e tentar mudá-las, tentar trabalhá-las. Hoje sei que sou um ser humano melhor, independentemente daquilo que digam, que comentem de mim, pois em mim tenho a certeza de que tento ser a melhor versão de mim mesma.
Chego aos 30 com muito mais do que alguma vez sonhei conquistar, com alguns carimbos no passaporte, com um marido, com um curso superior feito e com uma casa a começar a sair do esboço. Chego aos 30 rodeada de amor, de pessoas maravilhosas que fui conhecendo ao longo do caminho e que me enchem de gratidão. Chego aos 30 reconhecendo a necessidade de parar, respirar, reflectir e de melhorar, seja no que for. Termino esta década dos 20 com a sensação de que fui uma lutadora, de que nunca cruzei os braços, afinal na última década tanta coisa se passou! Terminei a minha licenciatura, encontrei o meu primeiro emprego, encontrei o amor da minha vida, casei, trabalhei dentro e fora da minha área de formação e consegui alcançar o tão desejado lugar num estabelecimento público (mesmo que temporário). Fiz tanto nesta última década, criei tão boas memórias que é impossível não terminar de coração cheio, mesmo que esta pandemia me tenha vindo tirar o prazer de festejar os 30 com os meus.
É verdade que não consegui terminar a minha lista dos pré-30, nem de longe nem de perto, que a Pandemia surgiu do nada e nos estragou todos os projectos do último ano, mas também aprendi a relativizar e sinto-me tranquila com isso. A verdade é que estes 30 não são o terminar de um capítulo, nem o virar de uma página, não os vejo dessa forma, vejo-os como mais umas linhas que irão acrescentar à minha história. Ainda falta uma semana, é verdade, contudo tenho vindo a reflectir sobre isto tudo e termino sempre com um sorriso. Não é isso que poderia desejar?