A influência dos irmãos na vida
(Imagem retirada daqui)
Depois de ter lido este artigo da P3 fiquei a pensar na influência que os meus irmãos tiveram em mim ao longo da vida. A verdade é que não há ninguém em que confie mais do que eles. A verdade é que não há ninguém que me conforte, que me faça ver a realidade, que resmungue comigo, que me acarinhe como eles. Partilhei a minha vida toda com eles, cresci com dois adolescentes que no fundo deram muito de si à pessoa que sou hoje. Com uma diferença de dez e treze anos vejo em mim traços de cada um dos meus irmãos. Vejo a ambição, a persistência e os receios da minha irmã em mim. Venho a tranquilidade, a sensibilidade para a arte e o gosto pelo dolce far niente do meu irmão em mim. Olho-me ao espelho e consigo ver os seus traços em mim mesma, apesar dos nossos caminhos terem sido tão diferentes, por no fundo termos tido tratamentos diferentes por parte dos nossos pais e por termos optado por profissões diferentes, no entanto sinto-me um bocadinho deles. As minhas conquistas são as suas conquistas, os seus filhos são o brilho dos meus olhos, os meus sonhos são também um bocadinho deles e as suas visões da vida a minha ambição pessoal. Apesar de todos estes traços de si em mim, não poderíamos ser mais diferentes, nem no cabelo somos semelhantes. Contudo há algo que nos une, apesar da distância, apesar da diferença de vidas, apesar de não termos as mesmas opiniões, há o sangue que nos une, há o amor entre irmãos que nos faz aproximar. Reconhecemos os defeitos uns dos outros, sabemos dizer quando um erra e sabemos resmungar quando necessário, mas há em nós um carinho especial que não conseguimos partilhar com mais ninguém, está-nos no sangue.
Cada vez mais vejo que a família é a minha prioridade. Quero passar tempo com os meus sobrinhos, quero enchê-los de mimo e de beijos. Quero ver na minha mãe e na minha irmã os meus melhores amigos. Quero continuar a ter aquele porto seguro no meu irmão. E é isso que os meus irmãos me trazem, segurança, um porto de abrigo que aconteça o que acontecer, que por muito que falhe, que erre, que estarão lá para apanhar os meus pedaços e voltar a reerguer-me. Não só me deram de si ao longo do meu crescimento, como se tornaram na minha segurança. Lembro-me de quanto me custou cada um deles sair de casa para estudarem, lembro do quanto custou quando essa saída de casa se tornou definitiva, pois no fundo senti uma pequena quebra daquilo que tinha com eles, mas nunca, por momento algum deixei de ver neles os meus exemplos. Exemplos do que queria ser, do que não queria ser, mas mesmo assim os meus exemplos. Vi naquelas duas pessoas desde pequena os meus heróis, hoje podem até não ser nenhum tipo de heróis, podem até ser pessoas bastante comuns, mas continuo a olhá-los com admiração e como exemplos. Somos três filhos, dos mesmos pais, educados na mesma casa e com personalidades tão diferentes, no entanto, há algo que nos é comum, não é palpável, não é visível a olho nu, mas no fundo somos os três um bocadinho a mesma pessoa.
Os meus irmãos foram sem dúvida alguma uma das maiores influências na minha vida e é a eles que devo muito daquilo que sou. É a eles que agradeço esta minha forma de ser, esta minha vontade de lutar, esta minha forma de ver a vida.
Haverá melhores heróis que os nossos irmãos?