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justsmile

16
Abr18

Aprender: uma coisa de cada vez

 

       Sempre fui uma pessoa lutadora. Tudo o que tenho na vida foi às minhas custas e apenas adquirido com o meu esforço, nada me foi oferecido de mão beijada e se consegui alguma coisa foi porque me esforcei o máximo para o alcançar. Também não sou uma pessoa com a sorte do meu lado, mas batalho para criar a minha própria sorte e, umas vezes piores outras melhores, tenho conseguido alcançar tudo aquilo que desejo. No entanto, não sei se é da idade, se é a pressão de estar tão próxima dos 30, que sinto que quero tudo para agora, para já. Algo que até aqui não me tinha acontecido. Quero a casa, quero o casamento, quero voltar aos estudos, quero mudar de emprego. E custa-me pensar a longo prazo, custa-me pensar que depois dos 27 anos talvez ainda vá tirar uma outra licenciatura ou uma outra formação qualquer. Custa-me pensar que a casa ainda poderá demorar a ser construida. Custa-me pensar que Ele tem mais cinco anos em cima e que também preciso de compreender as suas necessidades e os seus objectivos. Mas custa-me ainda mais ter de, aos pouquinhos, adiar cada um dos objectivos e de reorganizar as minhas prioridades. Na minha cabeça sei que tenho de fazer uma coisa de cada vez, agora é o casamento e as obras para uma casa temporária, depois começar a construção da nossa casa para ainda conseguirmos um bom crédito no início e não no fim da casa dos 30, e só depois me poderei focar em estudar e em decidir o caminho profissional. Mas já não será essa a altura de pensar em filhos? Pelo menos é o que todos me tentam incutir, é o que todos me querem fazer lembrar, depois da casa são os filhos. Filhos que ainda nem sei dizer a 100% se terei coragem de os ter. Sei, conscientemente, que tem de ser uma coisa de cada vez, não porque não queira tudo ao mesmo tempo, não porque não tenha coragem de avançar com tudo e nem é por falta de força e vontade, é apenas pelo aspecto financeiro. Financeiramente sinto-me limitada em tudo e mais alguma coisa, sei que não sou a única, mas questiono-me muitas vezes como é que tanta gente consegue estudar, comprar casa e ainda preparar um casamento, tudo ao mesmo tempo. Eu sei que nas minhas posses não o consigo fazer, não tenho apoios financeiros que me auxiliem e tudo tem de ser adquirido com o meu trabalho, o meu suor e o meu esforço (e acreditem que faço muito). A minha batalha nos últimos meses foi mentalizar-me que preciso de fazer uma coisa de casa vez. Uma coisa de cada vez.

       Cada vez mais a idade é uma questão relativa e é isso que tenho tentado consciencializar-me. Para fazer um crédito habitação mais de 30 anos já é visto como uma grande desvantagem, no entanto para estudar é algo perfeitamente normal encontrar alguém, já depois dos 30, a fazer uma licenciatura ou a tirar um mestrado. E é isso que tenho tentado incutir na minha cabeça, que não preciso de ter tudo ao mesmo tempo, por muito que queira necessito de ter consciência das minhas fragilidades, dos pontos menos vantajosos de cada um dos meus objectivos e necessito de compreender que não estou a atrasar objectivos, estou a moldá-los, a adaptá-los à minha vida e aos tempos que correm. Não é fácil para quem tinha a vida, mentalmente, mais ou menos orientada ter de se adaptar a novas realidades, esta nova profissão que o diga, mas tenho-me adaptado e cada vez aceito melhor (sempre com uns dias melhores e outros piores) aquilo que a vida me tem dado. Uma coisa de cada vez. Tenho tentado manter o foco nos objectivos que são para agora, a casa e o casamento. O dinheiro que junto é para isso e para mais nada. As 50h de trabalho semanais são sempre feitas com estes objectivos na cabeça, dão-me força, dão me motivação para continuar e saber que daqui a alguns meses serão concretizados. Depois? Depois, mais tarde, sei que terei de fazer o mesmo com cada um dos objectivos que se seguem. Tudo tem apenas uma dependência, o aspecto financeiro (afinal nem eu, nem Ele recebemos qualquer tipo de fortuna, ou nada que se lhe pareça), mas é o dinheiro que faz o mundo girar e é também ele que nos irá permitir conquistar cada um desses objectivos, só precisamos de manter o foco. Ele já trabalha na área em que se formou e faz realmente o que gosta, nota-se quando fala do trabalho, mesmo que tantas vezes chegue a casa só a pensar nos problemas do trabalho. Sei que para mim isso ainda não acontece, mas antes de acontecer ainda tenho outros passos para dar na vida. E volto a pensar: Uma coisa de cada vez.

       Não é fácil, mas tenho tentado lidar com este pensamento da melhor maneira possível e a verdade é que tem sido cada vez mais fácil pensar assim. A idade faz-me questionar, mas basta-me tirar essa parte da equação que me vejo a alcançar tudo o que desejo. Afinal os novos 20 são os 30, certo? Uma coisa de cada vez. Este mantra tem-me ajudado a ultrapassar as minhas dúvidas existênciais no que diz respeito ao meu lado profissional e com isso tenho-me sentido mais leve. Uma coisa de cada vez e eu irei conquistar o meu mundo.

 

22
Fev18

Não tenho muita sorte profissional...

(Imagem retirada daqui)

 

       Dei por mim no outro dia a pensar sobre o meu percurso profissional. Terminei a minha licenciatura há quase cinco anos e apercebi-me que tenho uma vasta experiência em situações absurdas, em entrevistas ridículas e em azar profissional. Estou perita nestas três competências e com a capacidade para escrever um bom livro sobre as temáticas. Ora vejamos, no meu primeiro emprego, como terapeuta da fala fiquei extremamente iludida por ter conseguido encontrar uma vaga de trabalho ao fim de cinco currículos. Ingénua na altura, não compreendi o quão desastroso isso poderia um dia ser. Trabalhei cinco meses num gabinete que me manteve ilegal durante o tempo todo, com uma promessa impossível de estágio profissional. Trabalhava a 1h10 de casa, gastava imenso em gasóleo e por estradas bastante escuras. Choramingava pelo meu ordenado, pois o patrão adorava demorar-se a pagar-me fosse o que fosse e ainda tive direito a uma inspecção do trabalho enquanto lá trabalhava. Este foi o momento ideal para sair e acreditei que iria conseguir um emprego com tanta facilidade como tinha encontrado o primeiro. Mas nem tudo foi mau, consegui fazer amizades com quem ainda hoje mantenho o contacto e com um horário de 40h consegui ganhar imensa experiência e preparar inúmeros materiais que ainda hoje me dão imenso jeito.

       No meu segundo emprego fui fazer a substituição de uma grávida, pela primeira vez trabalhei a recibos verdes e compreendi o absurdo da situação. Perdia quase duas horas no trânsito por dia, mas admito que não me custava nadinha, ganhava misérias (se tirei algum mês mais de 700€ já foi uma fortuna rara! E nem estou a falar das despesas associadas...), perdia hora de trabalho quando algum doente decidia faltar e ainda tinha uma coordenadora fantástica (ou não). Esta coordenadora tinha a excelente competência de começar a berrar com as pessoas às 8h30 da manhã quando a sala de espera estava cheia e com os bombeiros a trazerem os respectivos doentes. No entanto, adorava realmente o que fazia, trabalhar com idosos e crianças ao mesmo tempo foi dos trabalhos mais gratificantes que tive até hoje. De resto era tudo muito estranho, durante quase um ano não aprofundei o meu conhecimento com ninguém na clínica, almoçando sozinha e tendo os meus livros como companhia. No início custou-me bastante não fazer amizades, depois compreendi que foi uma espécie de bênção. Quando vim embora, gostariam que eu ficasse a ganhar experiência sem salário o que realmente me deu uma vontade imensa de rir, como se dois anos de experiência não fossem o suficientes.

       O terceiro emprego, apesar de não ter sido como terapeuta da fala, foi o melhorzinho. Trabalhei numa famosa empresa de distribuição, em horário part-time que pouco contacto me obrigava a manter com o pessoal. Entrava a correr e saia a correr. Excessivamente cansativo fisicamente, mas libertador de certa forma. O ordenado não era uma fortuna, nem lá perto, mas ajudou-me a manter a sanidade mental após uma altura demasiado extensa de desemprego.

       O quarto emprego, e actual, desta vez como administrativa, também não tem sido o fundo do arco-irís (imagino que percebam porque não irei dar mais pormenores). Eu sei que nenhum emprego o é, tenho bem experiência disso, mas acreditem que aqui existem coisas que nunca vi na minha vida e isso deixa-me frustrada. Quem me conhece, mas pouco sabe sobre o local onde trabalho, acham que me saiu uma espécie de euromilhões. Aos olhos dos outros é uma sorte grande estar a ganhar o que ganho, não literalmente, mas quase, à porta de casa, com a possibilidade de ir almoçar todos os dias a casa e ainda com a vantagem de gastar pouco em combustível e em tempo. No entanto, ninguém percebe a minha frustração e nunca hão de entender por uma simples, não são eles que estão no meu lugar. A nossa vida aos olhos dos outros é sempre muito melhor, temos sempre mais sorte que os próprios, a questão é que não sabem os sacrifícios que fazemos (também sei que isto tem o outro lado da moeda). Eu não gosto de me queixar sobre o meu trabalho, nunca o fiz, mesmo com todos os contratempos que tive em todos os meus empregos anteriores. Sou a pessoa de dizer que 'sim, está tudo bem, tem as suas vantagens e desvantagens', mas não aprofundo para simplesmente não pensar no assunto e para não ser uma queixinhas. São poucas as pessoas que realmente sabem o que se passa na minha vida profissional, Ele e os meus pais, tirando isso mais ninguém precisa de o saber, mas irrita-me que me achem dotada de uma sorte que não existe. Por vezes penso que até hoje, a nível profissional, o erro foi sempre meu ou se sou demasiado exigente, outras penso que é simplesmente a minha 'má sorte'.

       Agradeço aos céus o facto de ter um emprego. Estou grata por ter fugido do desemprego que tanto me atormentou a alma, mas a verdade seja dita: Estou mesmo a precisar de mudar a minha sorte a nível profissional.

11
Jan18

Estagnar não é uma opção

(Imagem retirada daqui)

 

       Em tempos imaginei-me uma mulher activa, que nunca parava, que tinha sempre muita coisa para fazer e que continuava a evoluir na sua carreira. Tudo isto a nível profissional. Este era o sonho para mim mesma, para a minha concretização pessoal. Imaginava-me nesta fase da vida a viajar, a ter um apartamento pequeno mas confortável, a continuar a minha formação profissional e conseguir ter uma verdadeira carreira. Apesar de a vida me ter dados as voltas, apesar de não viajar tanto como desejava, apesar de estar na profissão que não imaginava para mim, apesar de tantas coisas, apercebo-me que o que imaginava para mim continua a estar nos meus sonhos. A vida trocou-me as prioridades, não viajei tanto no último ano quanto desejava, mas o casamento surgiu. Não tenho aceite empregos em que ganhe abaixo do meu actual ordenado porque neste momento o dinheiro faz falta. Não voltei a fazer formações porque não só preciso de poupar como trabalhar cinquenta horas por semana não me deixa muito tempo livre. Percebo que neste momento estou focada apenas em duas coisas, em pagar o nosso casamento, a nossa lua-de-mel e as nossas obras, e em conseguir ganhar dinheiro para tais coisas. Pagar tudo do nosso bolso não tem sido fácil, tem exigido muitos sacrifícios, e noto que tenho sacrificado um bocadinho de mim, dos meus sonhos, dos meus ideais ao longo do caminho. As viagens ficaram para última prioridade, a minha formação profissional também e o risco de mudar de emprego torna-se demasiado elevado para o momento que atravesso. A nível racional e algum emocional sei que é a atitude certa, coloquei em prioridade alguns sonhos em vez de outros. Uma decisão minha e de mais ninguém, eu própria decidi este caminho e não me arrependo. A única coisa que neste momento penso é no passo que quero dar depois de conseguir atingir estes grandes objectivos que estão em grande plano, porque estagnar a nível profissional não é uma opção. Para mim, estagnar não é realmente uma opção.

       Neste momento sinto-me extremamente realizada com o rumo que a minha vida pessoal está a tomar. Estamos a meio ano do casamento e sentimos algum conforto em saber que estamos preparados monetariamente para isso. Finalmente sentimos que financeiramente estamos a atingir o nosso objectivo e que sem pedir nada a ninguém conseguimos concretizar os nossos sonhos, realizar aquilo que temos vindo a planear no último ano. Sinto que vou ligar-me à outra parte de mim, à pessoa que me completa. Sinto que esta é uma das melhores decisões da minha vida e a mais acertada, não levanto qualquer tipo de dúvida e sinto-me realmente feliz com todos estes planos, com todos estes passos para a concretização de um sonho que me acompanhou ao longo da vida, casar-me com o amor da minha vida. É o lado profissional que se torna mais sombrio dentro de mim, é esta falta de concretização, de realização que sinto que se abate em mim, de longe a longe, como uma nuvem negra. É o lado profissional, associado ao meu receio de arriscar financeiramente, que me deixam imensas dúvidas, que me fazem ficar indecisa quanto ao caminho a tomar. Para 2018 decidi que queria procurar o meu lugar ao sol no mercado do trabalho, mas neste momento não sei bem que caminho tomar. Mentalmente defini que até ao casamento não tenho tempo, nem disponibilidade mental e financeira, para pensar no assunto, no entanto o vento traz de vez em quando pensamentos que me deixam a ponderar o caminho profissional que estou a tomar. Neste momento sei que não é a altura ideal para tomar decisões neste campo, preciso se calhar de estabilizar um bocadinho a minha vida, que tem andado demasiado preenchida, e. talvez, só depois consiga ver claramente aquilo que preciso de fazer com a minha vida profissional.

        Uma certeza eu tenho, estagnar não é uma opção.

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