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justsmile

10
Jul18

Coisas de Patrões

(Imagem retirada daqui)

 

      Estou no mercado do trabalho vai já para cinco anos. Já tinha trabalhado antes, mas em trabalhos de verão e nunca tinha compreendido bem a dinâmica entre patrão e empregados. Nos últimos anos aprendi umas quantas coisas sobre a realidade do mercado do trabalho e sobre a mentalidade antiga dos nossos patrões, mesmo eles não sendo as pessoas com mais idade que conhecemos. Os patrões, não digo todos, mas a maioria com que me cruzei, sofrem todos dos mesmos problemas com os empregados, seja em que área for. Pelo menos existiram frases que se tornaram recorrentes, frases, comportamentos e até mesmo não tendo sido explicitas, houve momentos em que foi bastante fácil de as identificar, nomeadamente:

 

      - Tirar férias? Isso é só para os preguiçosos! - Não compreendo o problema dos patrões com as férias. Um trabalhador descansado é um trabalhador mais atento, mais motivado e com mais energia, mas o conceito que os patrões têm é que quem tira férias é porque não quer trabalhar. 

 

      - Um minuto de atraso é um escândalo, sair dois minutos depois da hora de sair é o cúmulo da preguiça! - Esta nem é necessário comentar, acreditem que já vi das coisas mais ridículas e um minuto não é exagero, é realidade.

 

       - Ficar doente? És uma fraquinha, passas a vida doente! - Um bom trabalhador não pode ficar doente, e meter baixa? Um escândalo! A doença é só para os fracos.

 

      - São todos uns preguiçosos! - Esta é a mais recorrente, por onde passei ouvi sempre este género de comentários, nunca dirigidos a mim, mas a pessoas que não o mereciam. Os patrões acham sempre que o trabalhador não dá o seu melhor, mas a verdade? A verdade é que 90% das vezes nunca passaram pelo lugar de trabalhador.

 

       - São todos uma cambada de burros! Eu sou o único que percebe alguma coisa de jeito! - É necessário comentar esta? Por muitas barbaridades que um patrão diga, tem sempre razão, nós somos simplesmente os incompetentes a quem ele faz o favor de pagar um salário.

 

        - Bem que me devias agradecer o emprego que tens, mesmo ganhando o salário mínimo! - Porque se não fosses tu era qualquer outro e olha que tens muita sorte de te dar emprego!

 

       - Elogios? Reforço positivo? Isso é coisa de mariquinhas! - As únicas pessoas que alguma vez disseram bem do meu trabalho foram as que trabalharam comigo, os pacientes, os colegas, nada mais.

 

       - Tens assuntos pessoais a tratar? Impossível, não podes ter uma vida para além da tua função aqui! - Isso e temos de estar sempre de pernas abertas para as alterações de horários, de posições e afins... Porque no fundo, não tens uma vida para além do trabalho.

 

     Terei sido só eu a ter o azar de neste últimos cinco anos me ter cruzado com tais patrões? Eu sei que algures por aí existem patrões fantásticos, patrões que compreendem o que é ser trabalhador, simplesmente porque algum dia terão passado por esse lugar, mas não os tenho conseguido encontrar. Tenho tido o azar de ter más experiências, tenho tido o azar de me cruzar com pessoas com má índole e que pensam que os trabalhadores são apenas coisas. Estes foram comentários que ouvi ao longo dos últimos cinco anos, alguns continuo a ouvir, outros nem tanto, mas a verdade é que sonho com o dia em que me cruze com um patrão que é simplesmente humano e não uma espécie de Deus todo poderoso.

21
Mai18

E se não quiser ser Empreendedora?

(Imagem retirada daqui)

 

       Empreendedorismo é uma palavra cada vez mais utilizada no mundo profissional moderno. Com os incentivos do estado e dos bancos ouvimos que é necessário criarmos o nosso emprego, que é necessário arriscar para um futuro profissional brilhante. Hoje, se não tens uma mente empreendedora é porque vives no século passado, se não queres ser o teu próprio patrão é porque não percebes as maravilhas das coisas e se não queres arriscar é porque simplesmente és um medricas, ou afinal, não queres tanto assim trabalhar. Quando me deparei com o primeiro desemprego fiz notá-lo aos meus antigos professores, a pessoas da minha área de trabalho, de forma a espalhar a palavra de que procurava trabalho como terapeuta da fala, o que não esperava é que todas as respostas viessem aliadas às palavras inovador, empreendedorismo, negócio. Sem conhecerem o histórico profissional da minha família todos me diziam para arriscar a abrir um gabinete meu, um negócio próprio e que isso seria o meu futuro. Sem excepção, todos os que me ensinaram a profissão, e até quem não me ensinou, proclamavam a alta voz que a minha geração precisa é de ser inovadora, de empreendedores para criarmos o nosso próprio emprego neste mundo profissional tão instável. De forma a não me tornar num ser desagradável dizia sempre que iria pensar, mas no fundo toda aquela conversa irritava-me profundamente, como ainda hoje o faz.

      Adoro a capacidade da minha geração de criar pequenas empresas, adoro as ideias inovadoras que surgem em restaurantes e lojas e até fico pasmada como está de uma forma emergente o aparecimento de produtos completamente inovadores e que são realmente boas ideias. Admiro imenso todos esses empreendedores, essas pessoas que tiveram ideias brilhantes e que decidiram arriscar, fosse com incentivos do estado, com o próprio dinheiro ou até com o que não lhes pertencia. A sério que admiro imenso todo este dinamismo, admiro quem tem a coragem de abrir um restaurante ao lado de outros dez ou até uma nova pastelaria ao lado de outras vinte. Acho que a minha geração é a que mais teve de arriscar, dinamizar e até criar, mas a verdade é que não somos todos iguais e eu não quero ser empreendedora (ui que cai o Carmo e a Trindade, como não queres ser empreendedora? Que ridículo!).

        Como já referi anteriormente, os meus pais durante muitos anos tiveram um negócio próprio que, devido à situação económica do país fechou. Toda a minha infância e adolescência, lembro-me do negócio dos meus pais, da preocupação, do constante contar de dinheiro, dos telefonemas infinitos dos clientes a qualquer hora do dia (inclusive 7h00 da manhã e 23h00 da noite). Durante anos vi o stress de manter um negócio para manter uma família, um negócio em que os clientes não cumpriam com a sua parte, um negócio que não dava descanso e apenas preocupações. Esta foi a minha infância, é verdade que a sorte pode não ter estado do lado dos meus pais, mas esta foi a realidade que tive durante toda a minha vida sobre o que era ter um negócio próprio, o ser-se empreendedor. E nem sempre precisamos de aprender com os nossos erros, por vezes aprendemos com os dos outros. Nem sempre precisamos de experimentar para compreender que não é aquela a vida que queremos e é por isso que não quero ser uma empreendedora. Não só não quero, como tenho medo, receio o que não traria vantagem nenhuma para qualquer tipo de ideia que eu tivesse para um negócio próprio, nem para criar um gabinete privado de terapia da fala. Eu sinto que não nasci para ser empreendedora e isso nos dias de hoje é (quase) visto como um factor de falta de inteligência, afinal quem não quer ser o seu próprio patrão? Afinal quem não quer criar os próprios horários? Afinal quem não quer definir o próprio ordenado e ficar com os lucros? Eu. Eu não quero nada disso.

       Trabalhar a recibos verdes, a inconstância de trabalho dos mesmos, fez com que lhes ganhasse pavor e o mesmo acontece com um negócio próprio. Não consigo ser feliz, descansada, eu própria ao viver na inconstância de um salário, não consigo viver sabendo que no próximo mês posso ter uma afluência menor no negócio e não consigo viver com as contas da vida pessoal e da vida profissional. Eu não consigo viver nessa inconstância. Esse tipo de vida deixaria-me em sobressalto diariamente, não conseguiria lidar com esse tipo de stress e por isso admiro imenso quem o faz. Congratulo quem tem a coragem para o fazer, congratulo essas mentes geniais que andam por aí, apenas peço que não me digam para ser uma delas. O medo de reviver o passado no presente é demasiado grande e sei que não seria feliz com isso. Não digam que todos temos de ser empreendedores, não o devemos e nem podemos, eu prefiro ser a funcionária de alguém assim e enquanto isso não acontece continuo a enviar currículos, continuo a lutar por um bom emprego, mas não me peçam para ser empreendedora.

 

22
Mai17

Porque sou feliz!

(Imagem retirada daqui)

 

A vida não é fácil, basta olhar para a minha última semana. Está cheia de contrariedades, desilusões e momentos de sonhos perdidos no tempo. No entanto, por tantas contrariedades que a vida tem muitas vezes esquecemo-nos de ver que temos tudo (normalmente, quase tudo) para sermos felizes. Esquecemo-nos que apesar de não termos o emprego de sonho, que apesar de não conseguirmos aquela casa que tanto queríamos ou que afinal as férias vão ser por casa, que podemos ser felizes. Ontem, um domingo de puro relaxamento em que consegui usar tão bem o botão 'off' dos problemas, é que me apercebi disso. A semana foi pesada, carregada de notícias menos boas e de problemas atrás de problemas, mas ontem, em frente ao mar, com os pés assentes na areia, o livro na mão e Ele deitado a meu lado apercebi-me, como uma epifania, sou feliz. Sou extremamente feliz. Tenho quase tudo para ser feliz e luto para ter tudo para ser ainda mais feliz. Os momentos de tristeza e de desilusão tornam-nos tão sombrios que nos esquecemos de olhar em redor e ver o que nos deixa realmente feliz. Tudo tem os seus 'ses', até algumas das coisas que me dão felicidade, mas não é por isso que não deixam de me fazer feliz. Tenho emprego. Tenho um namorado que se envolve em tudo do casamento, da casa, da minha vida e que quer que todas as decisões da nossa vida sejam tomadas a dois. Tenho o amor pelos meus livros que me dão um refúgio quando mais preciso. Tenho uns sobrinhos maravilhosos, que apesar de não os ver todos os dias, me lembro todos os dias deles. Tenho um terreno para construir a casa dos meus sonhos. Temos local para começar a nossa vida de casados. Tenho amigos que me querem bem, que cuidam de mim e que me querem ver felizes. Tenho o sol, nestes últimos dias, que tanto alegra a minha vida. Tenho a esplanada para apanhar o sol e até o mar a três passos de casa (vá, talvez a vinte minutos de carro). Tenho a possibilidade de comer doces em casa, fresquinhos, caseirinhos que faço com tanto carinho e que devoro sem receios da lactose. Tenho os serões com Ele no sofá e uma série. Tenho tanta coisa boa na minha vida e não mo posso esquecer. Não me posso esquecer de todas aquelas coisas que me fazem feliz, mesmo que os dias sejam mais sobrios. Preciso de me lembrar que tenho tudo para ser feliz, mesmo com todos os seus 'ses' só posso agradecer o que tenho na minha vida a trazer-me a felicidade.

E vocês, são felizes?

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