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justsmile

15
Dez15

Guerra e Paz I (23/15)

(Imagem retirada da Internet)

 

Depois de desmitificar a escrita de Lev Tolstoi ao ler Anna Karénina, decidi ler a sua obra prima Guerra e Paz, contudo ainda me falta o volume II. Demorei mais de um mês a ler este livro, não só porque é uma leitura intensa para a qual é necessário prestar a máxima atenção, mas também porque ao início não consegui ficar tão agarrada ao enredo como tinha ficado com Anna Karénina. Apesar disso, mais para meio do livro agarrei-me a ele com unhas e dentes e aí sim, relembrei-me porque gostava tanto de Tolstoi.

Guerra e Paz retrata a época de Guerra entre a Rússia e Napoleão no início do século XIX e as suas maiores criticas andam em volta de uma guerra absolutamente caprichosa e burguesa em que nada quer saber do verdadeiro povo. Tolstoi passa a vida a criticar os grandes senhores que preparam a guerra, que preparam os seus avanços, mas como ele próprio diz 'é muito fácil mandar, quando não se está à frente do batalhão.' Inúmeras são as personagens que glorificam os seus comportamentos durante batalhas, mas que na verdade se esconderam a traz de uma árvore ou se fingiram de mortos quando a coisa apertou, mas para a sociedade de Moscovo eles são os verdadeiros heróis. E é esta hipocrisia, este exagero dos acontecimentos durante uma guerra com base no orgulho, que Tolstoi tanto critica e tão bem representa a sociedade. Não só existe um jogo de palavras que admiro imenso em Tolstoi, como também ele próprio ridiculariza as suas personagens e os seus comportamentos fazendo-os heróis no início e anti-heróis ao longo da história. Mas sendo este um romance, teria de haver histórias de amor, mais que uma aliás. É este enredo de personagens, sem no fundo existir uma principal, que tanto me agrada na escrita deste grande senhor. Os amores fazem parte da história de forma completa, amores por dinheiro, por nome, por título e até amores apaixonantes, mas também os ridículos e os infantilizados que evoluem de uma forma dramática, em que as damas em mais nada pensam que não o 'amor poético'.

É engraçado, como um livro tão complexo e tão denso, se torna não leve e tão actual passados 150 anos. E só por isso digo, vale a pena ler, vale a pena conhecer este grande escritor que mudou o percurso da literatura.

 

"Que parvoíces são todas as coisas que conto, como se isso tivesse algum interesse. - pensava um velho diplomata, olhando para o rosto feliz dos apaixonado. - Aqui sim, é felicidade."

 

P.S.: Momento giro, aquando a minha viagem a Paris fiquei perto da Gare de Austerlitz, batalha que li no livro entre a Rússia e Napoleão no aeroporto no caminho de regresso a Portugal. Este livro de certeza que ficará marcado com a ligação a esta viagem. 

14
Mar15

Anna Karénina (3/15)

(Imagem retirada da Internet)

 

Já há anos que desejava ler este livro, mas sempre lhe tive um certo receio. Sem conhecer o tipo de escrita de Lev Tolstoi, imaginava a sua escrita particularmente complexa devido a criticas da sociedade Rússa, mas também dos aspectos filosóficos que tão são falados do autor. Mas numa promoção da Wook, lá mandei vir o livro como prenda de Natal. Após (quase) dois meses a ler este enorme livro, há muito que a minha opinião sobre ele estava formada, apesar de apenas o ter acabado hoje. 

'Fantástico' é a melhor palavra para descrever este livro. Não só fiquei apaixonada pelo enredo, pelo tipo de escrita, como também as questões filosóficas levantadas ao longo mesmo e das suas críticas que têm tanto de actuais na sociedade de hoje (afinal não mudamos assim tanto como em 1877). É uma leitura pesada, não digo o contrário, que exige muita concentração para acompanhar os vários momentos e personagens, mas é absolutamente saborosa pois obriga-nos a pensar em tanta coisa que nunca nos tinha atravessado o pensamento.

Não se trata apenas de uma história de amor, trata-se de um enorme enredo de personagens em que todas são fundamentais para os acontecimentos. Mas sim, Anna Karénina e Vronski são os amantes da história em que se envolvem num amor idealista, que apesar de todo o mundo cor-de-rosa que conseguem atingir em determinado momento, se transforma num mundo de ciúme e loucura. Amei a personagem principal no início, a sua simpatia e romantismo eram tudo aquilo que se procura num amor impossível que acaba por atingir o seu propósito, mas que as personagens pensam que a partir dessa conquista tudo será cor-de-rosa, o que não se verifica. Há uma transformação enorme nas personagens, há uma transformação enorme de ideias e ideais e isso cativou-me imenso ao longo da leitura. Até as personagens menos simpáticas, como o marido de Anna, conseguiram criar em mim empatia.

Há questões filosóficas que ainda hoje devem ser consideradas, há idealismos sobre a agricultura e o trabalho laboral que ainda hoje deveriam ser repensadas. Há um comportamento em sociedade para as mulheres casadas que se apaixonam por outra pessoa que ainda hoje deveriam ser ponderadas. Mas acima de tudo há um amor vivido que hoje deveria ser vivido e que, apesar do final, deveria ser lutado e conquistado.

É difícil falar de um livro que tanto me conquistou e que tanto me fez apaixonar por ele, mas apenas o consigo traduzir na mesma palavra que proferi no início, Fantástico.

 

'Havia ali um pedido de perdão, e confiança nele, e uma carícia, uma carícia terna e tímida, uma promessa, uma esperança, e amor por ele, em que ele não podia deixar de acreditar e que o sufocava de felicidade.'

 

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