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justsmile

22
Nov18

A Presidente do Conselho Nacional de Educação

(Notícia lida aqui)

      Não sei se estão a par do ensino em Portugal, eu vou estando, principalmente nesta fase da vida em que trabalho em contexto escolar com alunos que tenham dificuldades ao nível da Leitura e Escrita, assim como de Fonologia. A realidade que vejo no 1º ciclo é que muitos são os miúdos que passam para o 2º ano sem saberem ainda associar o som à letra. A realidade que vejo no terreno é que os alunos chegam ao 4º ano sem saberem escrever um texto com sentido. A realidade é que no 1º ciclo a dificuldade em reprovar um aluno é enorme, aliás, é impossível pois alunos do 1º ano não podem reprovar e os restantes evita-se ao máximo por causa da idade, por causa de estatísticas ou até do conselho directivo. Reprovar é cada vez mais uma ilusão, por muito que um aluno não adquira conhecimentos não reprova e temos miúdos que transitam para o 5º ano sem saber ler e escrever minimamente em condições. Com jeitinho, chegarão ao 12º ano sem saberem conjugar verbos, sem saberem escrever palavras que não fazem parte do seu quotidiano ou até sem saberem interpretar um texto. Esta é a minha realidade, o meu dia-a-dia e a culpa não é sempre (só mesmo às vezes) dos professores. Nota-se o desespero deles quando os miúdos não conseguem aprender, nota-se as dificuldades que têm ao tentar proporcionar-lhes os devidos apoios, ao tentarem fazer-lhes chegar a aprendizagem. E as reprovações? Como podemos passar os alunos senão sabem ler nem escrever? Como se pode validar a passagem de um aluno que não adquire conhecimentos? Muitas vezes nada tem a haver com problemas de saúde ou psicológicos, mas sim com a falta de trabalho, de maturidade, de regras e de motivação. A escola é cada vez mais desvalorizada em alguns meios e com todo o facilitismo que tem existido cada vez menos as crianças vão compreender que os seus actos têm consequências, cada vez menos vão ter de lidar com a frustração e de compreender que a vida não é sempre como querem.

         Não estou a falar só da minha opinião, estou a argumentar com a minha experiência no campo, com aquilo que vejo todos os dias nos locais por onde trabalho. Assusta-me a forma como o ensino está a ser desvalorizado, assusta-me a forma como estamos a ensinar uma sociedade que não se precisa de esforçar para alcançar qualquer tipo de objectivos realistas (lamento, mas todos os meus miúdos do sexo masculino não poderão ser futebolistas). Esta é a realidade que vejo lá fora. Se o ensino fosse diferente? Talvez realmente as reprovações não fossem a melhor opção, talvez cada aluno deveria ter um currículo diferente, de acordo com as suas capacidades depois de ter aprendido o Ensino Básico, talvez o ideal era conseguirmos ter um ensino autónomo e com base na experiência. No entanto, o ensino nacional, não sendo o melhor e estando longe disso, é como é e deteorá-lo, facilitá-lo só irá impedir de formarmos uma sociedade com responsabilidade, com bom senso e com o mínimo de Educação. Se queremos mudar o ensino, algo que estou a favor, temos de começar pela base e não saltar degraus em busca dos números e do famoso "sucesso escolar" que não passa de estatísticas ilusórias. 

10
Mai18

Alguém me explica? #4

 

        Como é que subitamente somos todos tão puros e tão críticos? Depois da primeira semi-final da Eurovisão as críticas tornam-se fortes relativamente a coisas que me parecem absurdas, nomeadamente o sketch do Herman José que apenas me parece uma crítica aos portugueses e não ao Sr. Britânico (aqui), mas ainda assim todos ficaram extremamente ofendidos. Isso e ainda críticamos o inglês da Catarina Furtado (aqui)? A sério? Alguém me explica como todos temos cursos de criticismo e como de repente todos nos tornamos tão púdicos que não sabemos encontrar a piada em lado nenhum? É que eu não consigo perceber...

 

18
Out17

O país dos bons juízes

(Imagem retirada daqui)

 

"Galicia faz manifestações por causa de quatro mortos provocados pelos incêndios.

Portugal perde dezenas de vidas por causa dos incêndios e chora-se."

 

    Esta foi uma das frases que li pelo Facebook nos últimos dias. Apesar de concordar, de quem veio impressionou-me. É de alguém que nunca participou numa manifestação, que nunca fez nada pelo país e que apenas sabe falar mal de Portugal. Veio de alguém que fazia parte dos que choram, dos que vêem as coisas passar, que se queixam e que nada fizeram para melhorar o país. E como esta frase vi tantas outras que acompanham este exemplo. E vindas de tantas outras pessoas que sempre se sentaram no sofá, assistiram às notícias e nada fizeram. De pessoas que nunca souberam o que é participar numa manifestação, de pessoas que nunca levantaram a voz para defenderem os seus ideais na escola, quanto mais agora em adultos. São pessoas que apenas se revoltam e se revolucionam nas redes sociais, pois quando chega a hora de se levantarem no sofá dói-lhes as pernas. Já diziam os Deolinda:

"Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer..."

      Pessoas sempre demasiadas ocupadas para fazerem parte da acção, mas que arranjam sempre dois minutos para deixarem as palavras cheias de ira e de revolta pelas redes sociais. Pessoas que têm sempre uma resposta na ponta da língua, uma solução para qualquer problema e uma sugestão pronta a dar. Por incrível que pareça nunca participaram em actividades voluntárias, nunca fizeram nenhum tipo de cartaz e nem sequer fizeram por melhorar o local onde vivem, quanto mais o país. Mas são pessoas sempre cheias de ideias, de argumentação e de soluções! Hoje, são bons juízes das redes sociais. Hoje sabem dar as sentenças a quem surge, sabem dizer qual o problema e sabem como o resolver, mas meter as mãos na massa? Isso que sejam os outros, pois a parte deles, que era apontar, já foi feita.

      Hoje é esta a minha visão do povo português. Sempre prontos para a palavra, que cada vez mais perde o seu 'dom'. Sempre prontos para chorar as desgraçadas e criar a confusão nas redes sociais. Mas e a acção? Já participei em manifestações. Já fiz cartazes. Já levantei a voz sozinha quando achei necessário. Já fiz voluntariado. Já fiz parte de muita coisa na minha terra. E vocês? O que fizeram para melhorar o nosso país? É que falar, de pouco serve. Criticar não muda, senão mudarmos.

 

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