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justsmile

22
Nov12

1/3 do caminho já está

(Imagem de Just Smile)

1/3 do meu percurso de estagiária de Terapia da Fala terminou hoje. Um estágio que se demonstrou muito importante para o meu desenvolvimento enquanto pessoa e enquanto futura profissional da área da saúde. Compreendi que tenho de dar um bocadinho de mim, a quem todos os dias me dá grande parte de si. Aprendi que tenho de me colocar no lugar do outro para saber como devo tratar a pessoa. Aprendi que a morte é uma inevitabilidade, que a vida é fugaz e que temos de a aproveitar enquanto podemos.

Este estágio fez-me perceber que tenho de lutar mais todos os dias para ser feliz, que tenho de cuidar de quem me cuida e que não posso deixar coisas por dizer. Compreendi que tenho uma sorte enorme com a vida que tenho e com a saúde que tenho. Desenvolvi em mim uma nova fé que me foi transmitida por todas as pessoas com quem contactei, aprendi que é preciso aproveitar a vida, que é preciso vivê-la, mas sempre proclamando o bem e seguindo os nossos valores. Aprendi tanto que é impossível expô-lo em palavras, é inimaginável os sentimentos que senti, as emoções que passaram por mim. Ninguém consegue compreender, nem sei se as pessoas que por lá passaram viveram esta experiência como eu vivi. Entreguei-me de corpo e alma, dei parte de mim àquelas pessoas e àquele sítio, mas a verdade é que eles nem imaginam o que deram de si a mim. Deram uma parte que me fez crescer, que me fez reestabelecer a minha humanidade, mas principalmente o porquê de lutar todos os dias por uma humanidade melhor.

Apesar de não lerem, agradeços a todos os que contribuiram para o meu percurso humano neste estágio :)

25
Out12

Death and Life

(Death and Life, Gustav Klimt, 1910)

 

O antónimo de vida será morte. Um nome comum que impõe respeito e com o qual poucas pessoas se sentem à vontade para brincar. É um assunto tabu e nunca compreendi muito bem o porquê de o ser, o porquê do ser humano ter um medo constante da morte ou até de ouvir o seu nome. Se esse medo constante está presente nas nossas vidas, porque não está a felicidade constante de estarmos vivos? O ser humano sempre teve medo do desconhecido, sempre teve receio do futuro e ainda tem mais medo de não conseguir controlar o próprio destino, por isso procuramos videntes, lemos signos e até o taroo para conseguirmos ter um vislumbre do futuro, mas sempre tivemos como certa a morte. Apesar dessa ser uma certeza mundial, todos temos medo da morte, simplesmente por não sabermos o que nos acontece depois de fecharmos os olhos eternamente. Tenho visto esse medo, esse receio nos olhos de alguns doentes e é verdadeiramente assustador. É um olhar inconfundível, e quando nos tocam sentimos esse medo percorrer o corpo e a respiração torna-se pesada, parece que no ar paira um cheiro negro e espesso. É a condição humana, viver e morrer, mas o medo do que nos espera após a morte supera toda a nossa felicidade em ver a vida, ou os últimos dias de vida, como acontece com alguns. Lidar com a morte nunca foi fácil, trás dor, trás saudade, e só pensamos no porquê para tal acontecer com alguém próximo. Nunca encontramos uma explicação da vida, nunca obtemos uma resposta que nos dê a certeza de que essa pessoa agora está melhor. Quem fica acaba sempre por se questionar do porquê de não ter sido ela a partir, mas sim a outra pessoa, uma questão inevitável que até mim mesma já coloquei. Mas cada vez mais acredito (isto mais que um estágio de Terapia da Fala é um estágio sobre a Vida) que todos temos uma razão para cá estar ou cá continuar, começo a acreditar que tudo acontece por uma razão, mesmo que nos seja difícil de aceitar, acredito que todos temos um propósito, nem que seja cruzar-nos com a vida de alguém. Por isso começo a acreditar que não temos de ter medo da morte, que não temos de viver a preocupação constante de que a vida tem um fim, mas sim ter a preocupação constante de viver um dia de cada vez e dar graças por estarmos cá para ver o mundo continuar a girar.

 

Um assunto mórbido eu sei, mas desde que faleceu uma jovem no hospital que o tema da morte não me tem saído da cabeça.

 

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19
Out12

O outro é uma pessoa

(Imagem retirada da Internet)

Neste estágio tenho aprendido muitas coisas que não se aprendem nos livros nem em aulas teórias que tanto nos são impostas pelos professores. Tenho aprendido a conhecer a vida e os sentimentos das pessoas que estão à minha frente, mais do que me preocupar com os problemas que as levaram a recorrer à Terapia da Fala, preocupo-me com elas. Com as pessoas. Pessoas que estão à minha frente, pessoas como eu que adoecem e que ficam boas, pessoas que comem, que dormem e que respiram como eu. Tenho aprendido a vê-las como pessoas e não como doentes, como  muitas vezes nos ensinam nas aulas. Dizem para não nos ligarmos demasiado àqueles que nos procuram a nível profissional, para manter uma postura ética e cheia de uma frieza que nunca consegui compreender. Neste estágio vejo tudo o inverso, uma preocupação constante com o outro, uma humanidade enorme da minha orientadora e um carinho e tranquilidade que ela tenta transmitir a todos os que passam no seu caminho. Tenho crescido tanto com esta vivência que até é díficil de o explicar. Tenho aprendido a colocar-me no lugar do outro, no lugar daquele que me olha e que está cheio de receios, assim como eu os tenho. Tenho aprendido que tenho de tratar a pessoa como eu gostaria de ser tratada se estivesse naquela situação. Tenho aprendido que por mais riquezas que tenhamos, por mais doutoramentos e graus académicos que possamos ter, somos todos iguais. O nosso corpo vai-se abaixo como o corpo de um milionário, as dores que um rico pode ser sentir podem ser diferentes das dores de um pobre, mas sou dores. E os medos? São todos iguais, o medo da morte é igual em todos os olhos que possuem esse medo, o medo da solidão é transmitido por uma festinha na mão. Apesar de nos acharmos diferentes somos todos iguais, e é isso que tenho aprendido. Tenho aprendido a igualdade, a humanidade, a lidar com emoções controversas, com a realidade da morte e a compreender que somos todos meros mortais, que todos temos problemas, que todos sentimos a dor de forma diferente.

Este estágio mostra-me a humanidade que até agora tinha perdido ao longo do curso, mostra-me que quem não sente não é humano e que sentir preocupação, carinho e alegria por uma pessoa são sinais de que estamos vivos e de que somos boas pessoas. Porque nós somos pessoas, humanos, e o que está à nossa frente pessoas são.

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