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justsmile

23
Abr22

A saga da casa... #9

          Há mais de uma semana que estava para escrever este post e quando vim aos rascunhos apercebi-me do quão desactualizadas estão estas primeiras fotografias.  A casa tem andado a bom ritmo e ver este sonho começar a ganhar forma tem sido de uma sensação de concretização enorme, ver os nossos projectos passarem do papel para a realidade é realmente algo que nos tem feito sorrir. 

       As casas-de-banho começam a estar prontas (até as fotografias que tenho no telemóvel estão desactualizadas...), já temos tectos em todas as divisões e já temos lugar para pôr os projectores de luz. As escadas já começam a ter aspectos de escadas de uma casa e nas paredes começam a desaparecer os tijolos. É realmente óptimo ver que o fim desta caminhada já traz alguma luz ao fundo do túnel, mas... Mas este mas tem-nos trazido imensas preocupações.

      As notícias têm partilhado os preços inflacionados das casas, mas raramente se ouve falar do aumento absurdo dos materiais de construção e para quem começou a construção da casa em pré-pandemia, com um crédito habitação feito pré-pandemia, as coisas tornaram-se um bocado insustentáveis. Temos esticado a corda ao máximo que pudemos, temos feito uma ginástica que nem nos imaginávamos capazes, e as coisas têm mudado de dia para dia. As coisas chegam ao ponto de pedirmos orçamento numa segunda-feira e na sexta-feira da mesma semana o preço ter aumentado 25% de algum material! As questões financeiras têm dificultado a gestão de todo este processo e os bancos não são (de longe!) os nossos melhores amigos. Muitas vezes, em conversa com Ele, confidenciamos que (apesar do azar) a nossa sorte é estarmos a terminar a casa, porque nesta altura do campeonato nunca na vida iniciaríamos a construção de uma casa. 

       Apesar das dificuldades, do facto de não poder fazer esforços físicos por causa de guardar a nossa Ervilhinha na barriga (e isso me chatear quando quero ajudar e não posso...) tenho tentado sempre ver o lado positivo das coisas. A casa está a crescer de semana para semana, tem até andado mais rápido do que aquilo que prevíamos inicialmente e isso é muito bom. Se continuo a achar que somos dois loucos? Sem dúvida alguma, mas pelo menos sinto-me feliz por andarmos a construir a casa para a nossa nova família!

31
Mar22

Ambiguidade de mãe vs trabalho

       

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(Imagem de Just Smile)

        Desde o dia em que descobri que estava grávida que me começaram a chamar de mãe. Demorei imenso tempo a processar a informação, 'mãe' é uma palavra tão séria e não me sentia como tal. Foram as enfermeiras, os médicos e até a família, a verdade é que ainda estava num processo de negação quanto ao que ainda estava por vir. Sempre quis ser mãe, não com a veemência de algumas amigas, mas era algo que tinha em mim. Este bebézinho foi planeado e sei, por observação de familiares próximos e dos meus sobrinhos, o que implica ser mãe, mas no momento da verdade parece que tudo desaparece do nosso cérebro e chamarem-te de 'mãe' é algo completamente surreal. Foi só neste segundo trimestre de gravidez, depois de alguns meses de negação e sem sentir um entusiasmo gigante, que compreendi o que é ser mãe, ou pelo menos uma pequenina amostra disso. No dia em que fui às urgências do hospital por causa de ser uma grávida com covid-19 vi o meu bebé mexer-se pela primeira vez numa ecografia, foi quando percebi que o que tenho dentro de mim é real, foi quando o meu cérebro se começou a moldar à possibilidade de ser mãe. Foi quando compreendi que agora tenho uma prioridade maior na minha vida, proteger este meu bebé, esta minha Ervilhinha que cresce de dia para dia à velocidade de um raio.

        No entanto, apesar de ser mãe, nunca deixei ou se quer pensei em parar de ser terapeuta da fala. A possibilidade nunca me tinha passado pela cabeça, por isso continuei a minha vida normal, a trabalhar as 50h por semana, mais o mestrado, mais a casa e mais a rotina do dia-a-dia. Ele de vez em quando dizia que se calhar era melhor diminuir o ritmo, se calhar precisava de mais descanso, mas passei o primeiro trimestre a sentir-me bem e iniciei o segundo a achar que ia ser a mesma coisa. "O segundo trimestre de gravidez é caracterizado por um 'boom' de energia" li algures, ora, se me sentia bem ainda me iria sentir melhor. Errado. Esqueci-me que neste processo de ser mãe somos todas diferentes e eu sou diferente de todas as pessoas com quem tenho falado, o segundo trimestre atingiu-me de forma arrebatadora com uma redução de horas de sono gigante que me faz chegar ao final do dia sem querer fazer rigorosamente nada (nem comer, nem tomar banho, nem nada que se lhe pareça). Se já diminui o meu ritmo de trabalho? Não... E ainda sem a criança ter nascido já começo a sentir a ambiguidade de ser mãe e de ser profissional. "Mas o bebé é a tua prioridade", "Tens de cuidar de ti", "Tens de reduzir o trabalho", "Se calhar é melhor vires para casa", "Como te consegues levantar do chão com essa barriga?", "Trabalhas demasiado, isso não é bom", são estas as palavras que ouço há três meses e eu sei tudo isso, no meu consciente sei que todas as pessoas que o referem têm razão e se o dizem é para meu bem, mas... Mas sinto-me falhar, algo que nunca me tinha passado pela cabeça. Sinto-me falhar enquanto profissional, enquanto terapeuta e para com as minhas crianças e famílias. Sinto-me falhar, sinto que o meu corpo não está a conseguir acompanhar o meu desejo de trabalhar sempre até ao fim desta gravidez. E surgem as lágrimas, o aperto na garganta, porque sei que preciso de diminuir este ritmo louco da minha vida para o bem da minha Ervilha, mas não consigo calar este meu inconsciente. Nunca me tinha sentido assim, a falhar, a sentir-me pouco profissional e ainda tento calar esta voz que teima em fazer-se ouvir na minha cabeça, mas torna-se complicado.

        É então que tenho compreendido que não existem Super-mulheres. As imagens que vejo no Instagram de mulheres que fazem tudo bem a serem mães e profissionais, que conseguem ser óptimas em tudo e ainda em conseguir dar resposta a todas as outras milhentas coisas que surgem, são só imagens. Se calhar até são assim, mas não somos todas assim. Eu não me sinto uma Super-mulher, muito pelo contrário, sinto-me ridiculamente cansada, frustrada por ter de deixar as minhas crianças, mas sabendo dentro de mim que é necessário e que tenho de dar prioridade a esta vida que quero trazer ao mundo. O que não sabia? Que esta batalha interior entre ser mãe e ser profissional iria iniciar tão cedo, que somos obrigadas a tomar decisões que nunca pensamos ter de tomar e que dar prioridade a nós mesmos é tão difícil. Se calhar é a sociedade que nos incute este desejo de sermos Super-mulheres, se calhar são os "falsos testemunhos cor-de-rosa" que por aí andam que nos tentam eludir, se calhar não sou a única a viver esta batalha interior, se calhar ser mãe não é aquele mundo perfeito que vem naturalmente por instinto. Muita gente lerá isto e dirá "que rículo", outros dirão que sou maluca e que o meu bebé é a pioridade e que nem sequer devia pensar no resto, outros que mulheres e profissionais não combinam na mesma frase. A verdade é que esta batalha tem sido muito real para mim e mais do que alguma vez poderia imaginar.

16
Fev22

#somosdoisloucos mas cheios de amor!

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(Imagem de Just Smile)

       Há muito que sabíamos que queríamos fazer a família crescer. Há muito que Ele dizia que queria ser pai antes dos 40 anos. Desde que estamos juntos que sabíamos que queríamos ter filhos. Na minha cabeça sempre me pareceu cedo, tendo colocado uma altura ideal na minha cabeça para começar a pensar em ter filhos, mas a verdade é que ao longo dos últimos anos aprendi que não existe altura certa para os grandes passos da vida. Aprendi que não vale a pena estar eternamente à espera do momento ideal, do momento em que me vou sentir totalmente capaz ou totalmente preparada, até porque esse momento poderá nunca chegar, seja em que situação for. Como em todas as outras grandes decisões da nossa vida decidimos, mais uma vez, atirar-nos de cabeça. Isto provavelmente dará resposta à questão que mais nos colocam "Foi 'surpresa' ou planeado?".

        A verdade é que apesar de este bebé ter sido planeado nunca pensamos que acontecesse de forma tão rápida. Cumprimos os critérios necessários, consultas e exames pré-natais, vitaminas pré-natais e entramos na aventura da nossa vida de uma forma bastante tranquila, com o pensamento de "Acontece quando tiver de acontecer, temos tempo.". Sem pressões, sem ansiedades e com a perspectiva de tantos outros casais de que pode demorar até meio ano a acontecer, o que pelas nossas contas era o ideal. Assim teria o primeiro ano do mestrado terminado, a casa estaria pronta e até a minha perspectiva profissional estaria mais definida. Ups, a Ervilhinha chegou bem mais rápido do que imaginávamos e isso só nos conseguiu trazer uma felicidade imensa e uma série de preocupações. E é quando nos surge na cabeça a frase "somos dois loucos". Uma casa em andamento que não estará terminada quando a Ervilha decidir vir ao mundo e o local onde vivemos é extremamente pequeno, um mestrado que irá sofrer alterações cronológicas por causa da licença de maternidade e com um emprego que ainda não sei bem o que vai acontecer. Mas apesar de todos estes 'ses', a verdade é que a felicidade que sentimos é imensa e desde que sei que estou grávida que sinto em mim uma tranquilidade que não imaginava. Aprendi de uma forma repentina a relativizar todo o tipo de problemas que me envolve, e isso é quase mágico.

       Tenho na minha cabeça bem presente de que somos "somos dois loucos" e andei ainda bastante tempo, quase o primeiro trimestre inteiro da gravidez, em negação. Não por não querer este bebé, não por não achar que não serei capaz, mas pelo simples facto de que não me parecia real poder sentir-me tão feliz, de merecer tamanha felicidade. Ele ficou um misto de assustado, mas tão entusiasmado que me acalentou o coração e eu, eu demorei um trimestre e duas ecografias até encaixar na minha cabeça de que irei ser mãe, é mesmo verdade. Ainda dou por mim a questionar, mas o tamanho da barriga já começa a interferir e começa a ser difícil não lidar com uma realidade que está sempre presente. Começo a sentir em mim uma felicidade enorme, sem o receio do primeiro trimestre, e com uma sensação gigante de gratidão.

         É verdade que somos dois loucos e percebemos quando nos questionam se este bebé era planeado, afinal temos tanto a acontecer na nossa vida neste momento, mas a verdade é que somos dois loucos felizes e ansiosos para que este bebé nasça saudável!

 

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