Com ferro se mata, com ferro se morre
(Imagem retirada do artigo de Roberto Bessa Moreira do DN)
A minha aldeia anda num falatório que nem imaginam. Ontem faleceu a assassina aqui da terra, fala-se que a assassina foi assassinada mas a verdade é que, como boa peça que era, ninguém lamenta a sua morte. Todas as conversas das pessoas daqui rondam o mesmo, o seu pasasfo negra que por causa de um simples muro a fez, juntamente com o seu sogro, assassinar o seu vizinho há mais de 30 anos. No entanto, este não foi apenas o único problema que ela causou a uma vida, consequentemente muitas histórias foram contadas sobre ela pela boca do povo, mas como ela já tinha morto um ser humano mais nada admirava os que viviam perto dela e a conheciam. Eu, que nasci muitos anos após esta série de acontecimentos, conheço a história como sendo ela já parte da própria história da terra, conheço-a como se estivesse num guia turistico sobre as curiosidades da terra, conheço-a porque sou daqui, porque afinal as pessoas é que criam a história de uma aldeia, e na história de uma vida existem sempre as caricaturas e as personagens boas e más, e ela faz parte das más da história desta aldeia. É pena a minha terra aparecer nos jornais por estes motivos, mas que se vai fazer?
'O homem é um animal sociável que detesta os seus semelhantes.'
Eugéne Delacroix.