Pensamentos
(Imagem retirada daqui)
Em tempos, fui uma pessoa demasiado ansiosa. Pensava demasiado nas coisas, era capaz de as ficar a remoer dias e dias, procurando soluções para problemas que pareciam não as ter. Aprendi que pensar demasiado se tornava num problema, maior que o próprio problema, e que só me causava sensações negativas. Consegui com o tempo e com o autocontrolo melhorar essa minha capacidade e desligar facilmente os pensamentos menos positivos, aqueles que não dependem inteiramente de mim e aqueles que apenas precisam que o tempo passe para surgir a solução. Aprendi a controlar melhor os meus pensamentos, não de maneira perfeita (também não o sou), mas consigo ter um maior domínio sobre os meus pensamentos e tenho autocontrolo ao ponto de verbalizar para mim mesma "já chega".
É claro que noutros dias não o consigo fazer ou os problemas persistem e parecem não se resolverem ou o cansaço toma o controlo da situação e a minha positividade vai-se a baixo. Noutros dias, simplesmente sou assoladas por 'ses' ou pensamentos que me fazem questionar o rumo da vida. Provavelmente isso fará apenas parte de ser-se humana, mas nesses dias acabo por me perder nos pensamentos. Nos últimos tempos tenho-me deparado com algumas notícias de partidas repentinas para outro mundo, a morte tem surgido em conversa mais que o desejado, levando a que os pensamentos me escapem. Questiono-me várias vezes se estou a aproveitar a vida da melhor forma possível, se é ao poupar para a casa e colocar alguns desejos de lado que estou a viver o mais possível. Se é ao ter algum controlo financeiro que aproveito o meu bem estar ou se até, esta necessidade de estar no conforto da minha casa é a minha forma de usufruir o melhor possível da vida. Ultimamente, deparo-me com estas questões e confronto-as com os meus ideais e objectivos e fico sempre na dúvida. Sinto que de alguma forma não estou a viver a vida como a quis, como sempre a desejei e planeei. As obrigações que a vida nos traz acaba por impedir de vivermos a vida tal como a desejamos um dia, mas a verdade é que as nossas opções também o fazem e apesar de sentir que tenho conforto ao ser controlada economicamente, às vezes sinto que me proíbo de viver a vida como gostaria e é quando me deparo com notícias mais triste que me questiono se estarei a fazer a opção certa (e logo eu, que nada sou dada a 'ses'). Sei que a longo prazo é a medida acertada, mais ponderada é certamente, mas e se não existir um longo prazo? E se amanhã tudo for dado por terminado sem me aperceber? Tenho a certeza que direi, num outro além, que não aproveitei a vida ao meu máximo.
Acredito que estes dilemas nunca terão uma resposta ideal, afinal nunca saberemos de forma certa o dia da nossa partida, mas é quando nos deparamos com a partida de algumas pessoas que estas questões surgem no pensamento. Sei que tudo o que faço é o que considero e sei melhor neste momento e terei de me conformar com esta resposta por tempo indeterminado.