Gostava de escrever mas...
(Imagem retirada daqui)
De conseguir partilhar com vocês tudo aquilo que vai na minha cabeça, na minha vida, mas tenho estado tão assoberbada de trabalho que nem sei bem para onde me virar. A época natalícia chega sempre com a vontade de passar longos serões ao sofá agarrada à chávena de chá e ao comando, mas a verdade é que o mês de Dezembro é um dos meses que menos consigo parar (tirando quando meto realmente férias laborais). A história já se repete há alguns anos e este não será excepção. Não é o fim do primeiro período escolar que me atrapalha, nem é propriamente o meu trabalho ou a função que aqui exerço, é que nem a pós-graduação me está a atrapalhar porque já fiz todos os exames, mas sim tudo aquilo em que trabalho como voluntária. "Trabalhamos demasiado em modo voluntário", costuma Ele dizer, e apesar de ter a sua razão porque o cansaço vem adjacente a esta época, a verdade é que não deixa de ser um dos meses mais felizes do ano. Este ano ainda acrescido com mais um trabalho voluntário, para a sociedade internacional não governamental para que trabalho. É muita coisa, muito em que pensar, muito que organizar, mas admito que me sinto plena neste tipo de trabalho, posso até queixar-me que estou cansada, que tenho os meus fins-de-semana todos ocupados até ao Natal e até que o tempo tem sido escasso para completar todas as tarefas, mas sou feliz. Sou feliz ao servir no jantar de idosos, rio-me à gargalhada enquanto edito vídeos para mais um filme de Natal e até me sinto útil ao angariar fundos para o local que trabalho (que na verdade é a tarefa que menos gosto!). Adoro sentir-me parte envolvente e activa da sociedade a que pertenço e isso não tem qualquer tipo de explicação.
Todas as tarefas que o mês de Dezembro traz consigo, faz com que outras tantas coisas saborosas se vão perdendo nos dias. Os livros que continuam parados na estante e que vão sendo lidos em dias irregulares, em pequenos momentos de cafés solitários ou até entre a panela da sopa e a do arroz. A escrita que se vai motivacional e intensiva, inspiradora até, que se vai perdendo, afinal estive quase 20 minutos a olhar para a página em branco sem conseguir digitar uma única palavra. As horas de sono que ficam também perdidas por momentos de "só mais um bocadinho". Até a casa acaba por sentir as repercussões de tais actividades, que acaba por ser esquecida e em que o termo "fica para amanhã" torna-se demasiado banal. Já para nem falar do exercício que ficou lá para trás, e nem quero pensar na forma como ando a adiar a tesoura neste cabelo ou até o verniz as unhas.
Dezembro é sempre um mês intenso, mas é aquele mês do ano que me enche sempre o coração. É o espírito de entreajuda que paira no ar, são as reuniões com a família, os sorrisos dos sobrinhos e até as luzinhas de Natal que iluminam a casa. Posso até não parar, posso até ter poucos momentos 'meus', mas sem dúvida alguma que foi para isto que nasci, para viver o mês de Dezembro da forma mais intensa possível.