A Zona de Conforto
(Imagem retirada daqui)
Gosto de rotinas. Gosto de sair das rotinas, mas gosto também de sentir o conforto de saber o que vai acontecer a seguir. Gosto de ter horários, mas também gosto de ao fim-de-semana me desligar deles. Gosto de ter a vida mais ou menos planeada, mas também não me importo de que o imprevisto melhore a minha vida. Gosto até de olhar para a minha agenda organizada com tudo planeado, mas também sinto prazer ao ver uma semana em branco em que não tenho realmente nada importante para fazer (isso é que é mais raro). Gosto até de me sentir bem na minha zona de conforto. Gosto de me sentir bem onde estou, a fazer o que faço e com quem o faço, mas um dos meus maiores receios sempre foi deixar-me entregar de tal forma ao conforto que deixe de lutar pelos meus sonhos. Sei que quero mais, mas e se o conforto financeiro, o conforto de conhecer a rotina se sobrepuserem e me fizerem perder outras oportunidades? Sempre vivi contra esse receio e desde de cedo que decidi arriscar, fosse no que fosse. Arrisquei a minha vida emocional, arrisquei a minha vida profissional e até a minha vida pessoal, mas apesar de gostar da minha zona de conforto, apesar de ter nela um aconchego e de encontrar inúmeras vantagens, nunca deixei de arriscar fosse no que fosse.
Adoro sentir-me bem onde estou, confortável. Conhecer as pessoas, o ambiente, sentir-me de tal modo confortável que posso ser eu mesma. Conhecer a rotina e as funções de seja o que for. Adoro chegar a casa e sentir-me protegida. Adoro até chegar a um sábado à noite e não sair do conforto do lar, ficar um serão inteiro a ver televisão com as calças do pijama ou a comer o doce de fim-de-semana. Mas muitas das vezes luto contra essa minha tendência de sair da minha zona de conforto, principalmente ao fim-de-semana. Para quem trabalha seis dias por semana o sábado à noite é a ilusão do descanso merecido, mas a verdade é que também é o único dia em que posso ficar acordada até mais tarde, é o único dia em que os amigos estão todos disponíveis para um café e até é o único dia em que a partir de determinada hora as preocupações do trabalho se desligam. Quase todos os sábados que saio com os amigos luto contra essa minha tendência de ficar no sofá. Arrumo o cansaço para lado e decido que é altura de sair da zona de conforto e ir sair, afinal a rotina também tem de ter as suas excepções.
Com isto tudo apercebo-me que sou uma pessoa que adora a sua zona de conforto, mas que nunca deixou de sair dela por mais receios que tivesse. Sempre arrisquei. Cheia de medos, cheia de dúvidas, cheia de 'ses', mas nunca deixei de arriscar fosse pelo que fosse. É claro que quando arrisco é tudo ponderado, mas a minha zona delas não é uma das coisas que tenho em conta. Sei que irei sair da minha rotina, sei que irei desconhecer o que me irá surgir, mas não é por isso que não arrisco. Os receios são muitos quando saio da minha zona de conforto, o desconforto é enorme e a sensação de que falta algo, como por exemplo a rotina e o conhecimento de circunstância, é realmente estranha, mas isso nunca me fez deixar de avançar, de mudar, de arriscar. E isso é uma das coisas de que mais me orgulho, sou uma pessoa cheia de receios, que adora o conforto e que não gosta de viver na incerteza da vida, mas a verdade? A verdade é que nunca deixei de lutar por melhor, por arriscar, por ir, fosse pelo que fosse. Se me parece bem, se acho que me irá fazer melhor e crescer, simplesmente arrisco.