(Imagem retirada daqui)
"- Vais casar?
- Sim vou, no próximo ano.
- Ah que bom! Pena depois tantos casamentos darem em divórcio."
Não foi a primeira. Não foi a segunda e nem a terceira vez que me fizeram um comentário destes. Aposto com vocês que até ao casamento ainda ouvirei mais vezes este tipo de comentário. Ultimamente têm-me perguntado se realmente vou casar, não percebo muito bem a admiração com que olham para mim quando respondo que sim, que me vou casar. Definitivamente não é uma coisa rara, até porque tenho visto centenas e centenas de casais a casarem-se (até pela dificuldade em que tivemos em procurar quinta), mas pelos vistos pouca gente acha que tenho cara de noiva. A admiração é a primeira fase com que me deparo quando respondo a tal pergunta, a segunda fase é aquele 'parabéns' acompanhado de um sorriso, meio surpreendido e meio sincero, e depois vem a terceira fase, a palavra divórcio. Sim, divórcio é uma palavra muito associada à palavra casamento e nem na costureira do vestido me livrei de ouvir tamanho discurso sobre o casamento e o divórcio.
" - É uma pena haverem tantos divórcios hoje em dia, mas ainda bem que há ainda quem se case. Mas nunca se sabe o futuro! Oh e hoje a juventude não aguenta aquilo que nós e os nossos pais aguentaram, têm menos paciência e depois vem logo o divórcio."
São frases como estas que tenho ouvido, como se o 'aguentar' fosse uma vitória e algo extremamente positivo para se manter um casamento. Respondo imediatamente um "Ainda bem que não se aguenta" e reforço ainda a ideia de que quero realmente casar, não pela festa, não pelo papel, mas pela necessidade de bênção. Normalmente olham-me com uma espécie de olhos piedosos, outros de puro orgulho, como se ainda fosse das poucas pessoas à face da terra que percebe o conceito de casamento. Depois vêm os outros, aqueles mais negativos, aqueles mais pessimistas e que gostam de partilhar a tua teoria sobre o casamento que vai dar em divórcio. Entro numa espécie de debate e sem saber bem porquê sinto a necessidade de defender os meus ideais e os meus valores. De uma forma, talvez, um tanto ou quanto ridícula defendo-me dizendo que para mim o casamento não é a festa, não é o vestido e muito menos o bolo, que eu até queria uma festa mais pequena, pois o que quero mesmo é casar-me com Ele e sentir aquela força superior proteger-nos. Prometer-me a Ele. E depois vem o comentário:
"É tudo muito bonito até vir o divórcio."
E lá vou eu em minha defesa. Sou uma mulher bastante racional, tenho os pés bem assentes na terra e por isso sei no que me vou meter, aliás, sei no que me quero meter. Sei que nada é perfeito, sei que eu e Ele vamos discutir, vou queixar-me da sua desarrumação e Ele comigo pela minha mania da arrumação. Sei até que vamos ser preguiçosos para fazer o jantar. Sei que vou ter de aprender a lidar com o atraso matinal d'Ele (admito que é o que mais receio) e até que Ele vai queixar-se por ser tão controladora com as horas. Mas também sei que vamos aprender um com o outro, que apesar de nos conhecermos um ao outro e de nos completarmos, sei que vamos ter de aprender a ceder. Eu sei tudo isso, não acredito sequer em mares de rosas. Eu e Ele até falamos e rimo-nos com as discussões que teremos num futuro próximo. Isto porque estamos cientes da personalidade de cada um, sabemos os defeitos e as virtudes, mas acima de tudo sabemos que queremos viver o resto dos nossos dias juntos. Se penso em divórcio? É óbvio que não, senão nem daria o passo de me querer casar, mas sei que nunca sabemos o nosso futuro. Não conheço o dia de amanhã e não posso usar a expressão 'nunca' juntamente com a palavra divórcio, mas posso simplesmente deixa-la de fora do meu vocabulário e só deixa-la entrar SE um dia for necessário. Nem eu nem Ele somos perfeitos, sabemos o que um casamento implica, afinal já não temos 18 anos, mas também sabemos que queremos ficar juntos para um sempre. Se haverá ou não? Nem eu nem Ele sabemos, nem os outros saberão, mas sabemos que vamos fazer para que isso aconteça.
Por isso apenas peço, quando souberem que alguém vai casar não falem logo em divórcio, é horrível a conotação atribuída a uma situação tão boa. É uma descredibilização de quem se vai casar e apenas faz com que as pessoas se sintam, não inseguras, mas tristes por quem fala não acreditar no amor.
O casamento é uma coisa boa, para quem nele acredita, vamos deixar o futuro dizer o resto.