'Depois da menina casada não faltam pretendentes'
(Imagem retirada daqui)
A minha mãe sempre me disse, que quando surgisse uma oportunidade viriam logo duas ou três atrás. Depois de ter estado 8 meses desempregada consegui finalmente um part-time. Nada de muito especial, mas que melhorou imediatamente o meu estado psicológico, assim como iria ajudar-me a pagar as contas. No dia em que assinei contrato respondi a um anúncio para assistente numa empresa aqui da minha terrinha. Respondi na perspectiva de 'descargo de consciência', mas também porque continuava à procura de um emprego a tempo inteiro (como é óbvio um ordenado de part-time não serve para muito). Surpresa a minha quando fui chamada para uma primeira entrevista. Sem dúvida uma das melhores entrevistas que tive nos últimos tempos, apesar de não estar preparada psicologicamente para falar e escrever em inglês. Contudo, saí de lá com poucas expectativas, diga-se de passagem que nunca fui assistente nem secretária, apesar de ter muitas dessas competências por outras experiências da vida. Para minha grande surpresa contactaram-me para ter a entrevista com o patrão um dia depois, foi aí que o meu cérebro começou a trabalhar em excesso: 'Qual será o ordenado', 'É fora da área...', 'E agora? Não posso deixar onde estou dos pés para a mão', 'Será definitivo?', 'Oh vou á entrevista e não devo ficar e não!', 'Será que vou gostar?', tentei lutar contra esta tendência de analisar tudo antes de saber fosse o que fosse. Fui para a entrevista, a três minutos da minha casa, e depois de ter ouvido um pequeno resumo sobre a vida do patrão, depois de ter feito um pequeno resumo sobre a minha vida, ouço da parte do patrão que a decisão já estava tomada e que só dependia de mim se queria ou não ficar. Ora, com as condições maravilhosas que o patrão me tinha anunciado anteriormente, um trabalho mesmo à porta de casa como nunca tinha imaginado, era impossível dizer que não. Melhor: quem, no seu perfeito juízo iria deitar a perder um trabalho a três minutos de casa, com um ordenado muito bom e com perspectiva de ficar efectivo? Eu não iria ser! Saí de lá com a confirmação que na próxima semana começo um novo trabalho, num horário normal e que me irá trazer alguma estabilidade na vida.
Ainda não fui capaz de deitar foguetes, pensar que irei ter de aguentar os dois trabalhos durante algum tempo não vai ser fácil, entrar às 9h e sair às 19h num e entrar às 20h e sair às 24h noutro. Além de que sinto que tenho de fazer um bocadinho o 'luto' da minha área de formação. Sei que toda a gente me diz que tenho de continuar a procurar, que tenho de continuar a lutar, mas a verdade é que vai ser difícil deixar um trabalho que me dá umas condições fantásticas, estabilidade e um bom ordenado, para continuar a procurar por propostas ridículas, recibos verdes e instabilidade financeira. Sei que me pode surgir o 'euromilhões' da área, mas sinceramente não acredito muito nisso, até porque o cargo que assumi é de elevada responsabilidade e não posso estar a deixar alguém na mão apenas para ir a entrevistas, ou seja o que for. Mas vou desligar o complicómetro (que até não costuma estar tão activo quanto isso), acreditar que vou gostar do que vou fazer, acreditar que as próximas semanas a trabalhar em dois locais vão passar rápido e que vou aguentar e principalmente, felicitar-me por esta oportunidade que surgiu e por finalmente conseguir pensar em organizar a minha vida.
E hoje, nunca a frase da minha mãe fez tanto sentido, 'depois da menina casada não faltam pretendentes', só espero que não surjam mais nos próximos tempos para conseguir respirar um bocadinho.