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justsmile

06
Ago12

Pequenina outra vez

(Imagem retirada da Internet)

 

O meu pai nasceu numa terra diferente da que actualmente vivemos, mas manteve uma loja durante muitos anos na sua terra natal. Os meus avós paternos já são idosos, um senhor e uma senhora com mais de 80 anos, então há uns meses para cá os seus sete filhos decidiram ir a casa dos pais (um por cada dia da semana) levar o almoço e o jantar que a minha avó já não tinha condições de preparar. Hoje foi o dia do meu pai e decidimos ir almoçar por casa dos meus avós, com as panelas na cesta de vime lá chegamos para um almoço de família, que nada de sossegado tem. No fim do almoço, enquanto o meu pai se voluntariava para lavar a louça, fui com o meu avô tomar café. Uma daquelas típicas tascas de Portugal que se vêem na televisão, cheio de pessoas conhecidas do meu avô, o dono do café viu logo que o meu avô trazia companhia. Por aquelas terras só os vizinhos dos meus avós e os amigos mais próximos da família é que me conhecem, não frequento muito aqueles lados e até não convivo muito com aquele lado da família, então sou uma mera 'estrangeira' para todas aquelas caras conhecidas do meu avô. Entrei no café e o meu avô apresentou-me logo como sua neta, parecia que trazia o orgulho estampado no rosto, 'Está quase a formar-se!'. Dei um largo sorriso, mas a verdade é que nunca gostei de ser o centro das atenções. Sentamo-nos numa mesinha junto à porta e já esperávamos pelos dois cafés pedidos pelo meu avô, então ouço duas vozes, quase sincronizadas, perguntado de quem eu era. Ora bolas, ia dizer do Portugal, mas o Portugal é também o meu avô, então lá veio à boca o nome do meu pai que é mais conhecido por Portugal que pelo nome próprio.

De trás de um balcão todo desorganizado e com pouco espaço vazio, veio um senhor corpolento e com barbas brancas trazer-nos os ditos cafés, o homem apróxima-se demasiado de mim, verga-se todo para ficar à minha altura (estando eu sentada) e questiona-me em que curso estou apertando me a rótula do joelho três ou quatro vezes, dando eu a minha resposta aperta-me uma bochecha da cara! Aquele apertão na bochecha foi uma viagem no tempo, voltei mais de 15 anos atrás época em que tudo que era adulto, cliente ou amigo do meu pai me apertavam a bochecha dizendo 'Que linda menina!'. O comportamento do senhor deixou-me tão estática, com uma cara de tão parva que nem ouvi a nova questão que ele tinha colocado, tendo sido o meu avô a responder todo orgulhoso da neta que trazia consigo. Mas a minha cara! Ai a minha cara de parva, a minha cara de criancinha com os olhos arregalados olhando para aquele senhor que me tinha acabado de apertar a bochecha. Senti-me mesmo pequenina naquele momento, uma criancinha pequenina que está à espera que lhe dêem um rebuçado. E depois daquele apertão na bochecha olha que bem merecia um rebuçado!

Ainda agora estou a pensar no abuso do senhor, que se calhar realmente me olhou como uma criança, ou que só me tentou ver o decote, mas a minha cara de parva certamente que ganha toda esta situação.

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